QUARTA-FEIRA DA 1ª SEMANA DA PÁSCOA
4 ABRIL 2018
Primeira leitura: Actos 3, 1-10
Os primeiros cristãos viviam dentro do judaísmo. Ainda
não se dera a ruptura provocada pela novidade cristã. Pedro e João sobem ao
templo para participarem no sacrifício das três horas da tarde. Assim faziam
muitos judeus.
À volta do templo, havia doentes e mendigos, que
pediam esmola. Para os judeus, dar esmola era obra comparável à oração. É nesse
contexto que Pedro realiza o milagre, «em nome de Jesus Cristo Nazareno» (v.
5).
Esse milagre era um claro sinal de que os tempos novos
esperados pelos judeus tinham chegado e estavam presentes. Ao mesmo tempo,
cumpria-se a palavra de Jesus que tinha enviado os seus discípulos a curarem os
enfermos e a anunciarem o evangelho (Lc 9, 2). Os próprios milagres são anúncio
do evangelho (cf. Act 8, 6).
Foi o que acontecera na vida de Jesus. E Pedro
continua a obra libertadora de Jesus com a pregação e os milagres. Os milagres
levam a explicação de como, porquê e por quem são realizados. Os milagres
também servem para confirmar a autoridade daquele que anuncia a Boa Nova.
A narrativa está cheia de vida e movimento. A cura do
paralítico simboliza o poder vivificador de Jesus, a passagem do desespero à
vida plena. Pedro ergue o coxo «em nome de Jesus Cristo Nazareno» (v. 6). O
«nome» é sinónimo da pessoa e da sua autoridade. Os apóstolos falam e actuam
com o poder de Jesus. É também em Jesus que o doente deve confiar. Pedro
realçará a importância do «nome» de Jesus no discurso que vem a seguir.
Evangelho: Lucas 24, 13-35
O relato de Lucas, que hoje escutamos, é um dos mais
profundos testemunhos da Páscoa de Jesus, que encontramos no Novo Testamento.
Ao mesmo tempo, apresenta-nos a escuta da Palavra e a Eucaristia como
fundamentos do caminho da fé cristã.
Esta experiência dos discípulos é descrita em dois
momentos. No primeiro, vemo-los afastarem-se da comunidade de fé de Jerusalém,
para voltarem ao seu velho mundo (vv. 13-29). Vão profundamente desiludidos.
Tinham confiado em Jesus como profeta e esperavam nele como líder vitorioso,
como libertador de Israel (v.21).
A Ressurreição significava para eles o triunfo militar
do povo e uma nova ordem de justiça e liberdade sobre a terra. Mas nada disso
aconteceu.
É certo que Jesus não estava no sepulcro. Algumas
mulheres tinham verificado esse facto… Alguns homens também viram o túmulo
vazio. Mas não O viram a Ele (vv. 23-24).
No segundo momento, vemo-los voltar a Jerusalém, à
comunidade dos discípulos, alegres e com a fé renovada (vv. 30-35). No primeiro
momento, Jesus, na figura de um viandante, aproxima-se dos discípulos e,
conversando com eles, ajuda-os a ler o plano de Deus e a recuperar a esperança.
Lembra-lhes as Escrituras (v. 25). Quando já se reacende a esperança, e o
querem reter à sua mesa, enquanto Ele lhes reparte o pão, reconhecem o Senhor:
«os seus olhos abriram-se e reconheceram-no» (v. 31).
O ensinamento de Lucas é claro. Há que ultrapassar
preconceitos sobre Jesus e sobre o seu destino. Ele não é reconhecido através
de uma guerra santa e vitoriosa. O sepulcro não é o seu lugar definitivo, nem a
sua ressurreição é um regresso ao passado. O caminho para O encontrar é a escuta da
Palavra de Deus, presente nas Escrituras e a Eucaristia colocada no centro da
vida. Quem assim fizer, chegará gradualmente è fé e fará experiência do
Ressuscitado. A Igreja alimenta-se da grande mesa da Palavra e da Eucaristia. O
Senhor está onde se encontram os irmãos reunidos à volta de Simão, que viu o
Senhor e fortalece a fé dos seus irmãos, lançando os fundamentos da Igreja.
Ontem, como hoje, há fome e sede de milagres, e os
seus «fazedores» correm o risco de ser idolatrados.Também hoje há milagres. Mas
é Deus que os realiza pela oração e pela fé. Por vezes, os que se encontram em
situações de grande sofrimento, pedem a ajuda de pessoas que julgam mais
próximas de Deus. Mas também hoje, essas pessoas, muitas vezes, não têm «ouro
nem prata». Vivem na humildade e na oração.
Longe do fanatismo pelos curandeiros e pela crendice mais ou menos supersticiosa, confiamo-nos à oração e à fé para alcançar a intervenção extraordinária de Deus em casos extremos, deixando para Ele, que tudo conhece, a última decisão.
Longe do fanatismo pelos curandeiros e pela crendice mais ou menos supersticiosa, confiamo-nos à oração e à fé para alcançar a intervenção extraordinária de Deus em casos extremos, deixando para Ele, que tudo conhece, a última decisão.
E Deus não abandona o seu povo. Socorre-o com
intervenções, por vezes, extraordinárias, obtidas pela oração dos seus servos
que, confiando apenas n’ Ele, não precisam de ouro nem de prata.
Acontece-nos ir para a celebração eucarística cheios
de preocupações, carregados de dificuldades, com a alma pesada e fechada em si
mesma. Mas, como aos discípulos de Emaús, o Senhor acolhe-nos e explica-nos as
Escrituras. E, então, os nossos corações começam a arder dentro de nós,
abrem-se às surpresas de Deus, e os nossos olhos são iluminados. Passamos a ver
a vida e os acontecimentos que a preenchem a outra luz. À mesa da palavra,
segue a mesa do pão. Jesus toma o pão, abençoa-o, parte-o e distribui-o:
«Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram- no» (Lc 24, 31). E também os
nossos se abrem permitindo-nos reconhecer o Senhor onde Ele está: no caminho da
nossa vida, na comunidade reunida em seu nome, na Palavra e no Pão: «Eu estarei
sempre convosco» (Mt 28, 20). A narrativa de Lucas refere-se a um facto que
aconteceu mas, também, a um facto que acontece na vida dos cristãos. A escuta da Palavra e a partilha do Pão,
isto é, da Eucaristia, levam-nos a reconhecer a Cristo Ressuscitado, presente
no meio de nós.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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