quarta-feira, 4 de abril de 2018

QUINTA-FEIRA DA PÁSCOA -5 ABRIL 2018


QUINTA-FEIRA  DA PÁSCOA -5 ABRIL 2018
Primeira leitura: Actos 3, 11-26
O discurso de Pedro revela o sentido e a justificação da cura do coxo, junto à Porta Formosa e, ao mesmo tempo, serve de apoio para a exposição do Kerygma cristão.
Os ouvintes reagem com admiração, vendo a cura como uma acção de Deus realizada graças à bondade e à santidade dos apóstolos.
Pedro reage negando tal interpretação: o que aconteceu deve-se unicamente a um poder novo, agora presente no mundo, porque se cumpriram as profecias do Antigo Testamento. Acabou o tempo da ignorância.
A Ressurreição de Jesus não deixa margem a dúvidas ou erros. Quem não O aceitar merece ser excluído do Povo de Deus. Por outro lado, o arrependimento e a aceitação de Jesus podem apressar o tempo das bênçãos messiânicas quando, no fim dos tempos, Deus enviar Jesus pela segunda vez. Então, também os seus inimigos e os incrédulos O hão-de reconhecer como Messias.

Pedro cita Moisés, que disse: «O Senhor Deus suscitar-vos-á um Profeta como eu» (v. 22). Lucas lê: «O Senhor fará ressuscitar» o profeta como Moisés, isto é, Jesus. É, pois, preciso escutá-lo. Quem não O escutar será excluído do monte santo. Lucas sublinha a continuidade do Povo de Deus, por meio dos Judeus que acreditam em Jesus. Por meio deles, todas as nações serão abençoadas na descendência de Abraão.
Evangelho: Lucas 24, 35-48
O texto, que hoje escutamos, completa a narrativa da aparição aos discípulos de Emaús, sublinhando as provas sobre a Ressurreição de Jesus. Terá sido a Ressurreição de Jesus uma fantasia (cf. v. 39), em contradição com todo o caminho religioso de Israel no Antigo Testamento?
Para responder à segunda interrogação, Lucas afirma: «Assim está escrito queo Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia». Para responder à primeira questão Lucas aponta o contacto físico dos discípulos com Jesus: «Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho» (v. 39), bem como o pedido: «Tendes aí alguma coisa que se coma?» (v. 41). Outra prova é espiritual, fundada na inteligência da Palavra nas Escrituras: «Assim está escrito…» (v. 46ss.)
A Páscoa de Jesus é o sentido da história de Israel, é o fundamento da fé da Igreja e da sua obra missionária: «em seu nome, havia de ser anunciada a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos» (v. 47).
Pedro fala da segunda vinda de Jesus como Messias. Serão tempos de conforto (v. 20), tempos da restauração de todas as coisas (v. 21). A história de Israel é um caminho para Jesus, o verdadeiro consolador de Israel, o restaurador de todas as coisas. A sua segunda vinda será o dia da bênção messiânica sobre todas as coisas, a partir de Israel até a «todas as famílias da Terra» (v. 25), a toda a criação. A Igreja, desde o seu começo, tem um horizonte universal, que abrange toda a realidade redimida pela cruz de Cristo.
Pedro olha com optimismo o futuro de Deus, porque sabe que a ressurreição de Cristo é um acontecimento decisivo. Mas também sabe que haverá um acto final em que todo o mistério salvífico da ressurreição de Cristo será plenamente revelado e alargado a todos os povos e à própria criação. As suas palavras anunciam o já e o ainda não da história cristã. Entre o já da Páscoa e o ainda não da ressurreição definitiva de todas as coisas, está o tempo oportuno para a conversão, para nos tornarmos dignos das bênçãos messiânicas.
Os Apóstolos não esperavam a aparição de Jesus «em pessoa». Por isso, pensaram tratar-se de um fantasma. Mas Jesus dá-se-lhes a conhecer com sinais bem claros: «Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo» (v. 39). Deus, em Cristo, começou uma nova criação: tomou um corpo humano e fez dele um corpo espiritual, em continuidade com o primeiro. A ressurreição de Jesus dá um sentido novo e definitivo às Escrituras: «Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras» (v. 45). Muitas coisas, que pareciam enigmáticas e obscuras, tornaram-se luminosas, ao serem lidas como profecia da paixão e da ressurreição de Cristo. Em certos casos, a paixão é representada de modo real, enquanto a ressurreição não o pode ser, porque teríamos todo o mistério. Noutros casos, é prefigurada a ressurreição, mas não a morte. Vejamos alguns exemplos.

Abel, morto pelo seu irmão, é figura de Cristo na sua paixão e morte. Consumado o crime, Deus diz a Caim: «A voz do sangue do teu irmão clama da terra até mim» Gn 4, 10). Abel, morto, continua a falar. O NT viu nestas palavras uma pálida figura da ressurreição.~
Na sacrifício de Isaac, a ressurreição é prefigurada de modo mais real. Depois do sacrifício, Isaac continua vivo, Abraão tem o seu filho vivo. Não houve verdadeira morte. Abraão levantou o braço para o matar, mas não o matou. Foi um sacrifício simbólico.

José é também figura da morte e da ressurreição de Cristo. No Egipto, acolhe vivo os irmãos que o quiserem matar, tal como Cristo acolhe os irmãos depois da Paixão que sofreu pelos pecados deles. José abriu aos irmãos as riquezas de um mundo novo, tal como Cristo Ressuscitado abre aos homens as riquezas do Reino de Deus. Também no caso de José a morte não aconteceu realmente. Mas foi simbolicamente morto, ao ser lançado ao poço.
Muitos outros símbolos representam o mistério da Páscoa, tal como o templo
destruído e reconstruído depois do exílio. A Páscoa de Cristo realiza e ilumina todas as profecias e prefigurações.

Senhor Jesus, Morto e Ressuscitado, abre a minha mente e o meu coração para que compreenda as Escrituras e admire com reconhecimento e amor o grande mistério que em Ti se realizou para a minha salvação e para a salvação de todos os povos.
Ajuda-me também a ver os meus pequenos problemas de cada dia à luz do
vasto horizonte da história da salvação, do já da tua Ressurreição e do ainda não da reconstrução final. Terão, assim, outro respiro as minhas pequenas acções e as minhas pequenas ou grandes preocupações.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”

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