quarta-feira, 11 de abril de 2018


QUINTA-FEIRA – 2ª SEMANA – PÁSCOA
12 ABRIL 2018 

Primeira leitura: Actos 5, 27-33

Os apóstolos estavam presos às ordens do Sumo-sacerdote, incitado pela aristocracia sacerdotal, onde se destacavam os saduceus. Competia ao Sinédrio julgá- los. 
Sumo-sacerdote acusava os apóstolos de dois crimes: desobediência às ordens que lhes foram dadas, uma vez que continuavam a ensinar «em nome de Jesus», e difamação, uma vez que acusavam os chefes do povo de serem os responsáveis pela morte de Jesus.
Pedro responde com um breve discurso. Reafirma o dever de obedecer antes a Deus que aos homens, porque só quem se submete a Deus recebe o Espírito Santo.
Depois, centra-se no essencial do Kerygma cristão: a morte e a ressurreição de Jesus. E fá-lo contrapondo o que fizeram os chefes dos judeus e o que fez Deus: «vós matastes» Jesus; «Deus ressuscitou» Jesus (cf. vv. 30-31).
É um esquema habitual no livro dos Actos. Pela ressurreição, Deus constituiu «esse homem, Príncipe e Salvador» (v. 31). Jesus é «Príncipe» porque é o novo Moisés, que guia o povo para a libertação e salvação; é «Salvador» porque, pela sua morte, nos alcançou o arrependimento e a remissão dos pecados.
A defesa de Pedro, e dos outros apóstolos, termina apresentando-se, a si e a eles, como testemunhas oculares do Evangelho que pregam. E o seu testemunho é garantido pelo Espírito Santo. Isto deixa enraivecidos os judeus, que pensam matar os apóstolos, tal como tinham feito com Jesus.

Evangelho: João 3, 31-36

Na conclusão do capítulo terceiro do seu evangelho, João recolhe sucessivas palavras de Jesus caras à comunidade joânica.
O evangelista utiliza categorias espaciais como «do Alto», «da terra», para nos apresentar Jesus como único revelador do Pai e a sua importância para a vida do homem.
A insistência em descobrir a origem e a natureza do Revelador tem uma intenção existencial clara. Nenhuma palavra que proceda «da terra», por autorizada que seja, pode comparar- se com as palavras do Revelador, que vem «do Alto», que está acima de todos.
Por isso, todo o discípulo é chamado a verificar a sua relação com Jesus e o modo como escuta a sua palavra. Cristo vem «do Alto», pertence ao mundo divino e é superior a qualquer homem.
O homem, ainda que seja um grande profeta, como João Baptista, «vem da terra» e permanece um ser terreno e limitado. É verdade que alguns ainda se recusam a crer. Mas há um «resto», que vive de fé, e são os crentes que manifestam «que Deus é verdadeiro».
A sua fé confirma que o agir de Cristo está em comunhão com o agir do Pai.
Finalmente, Cristo não é só o Revelador da Palavra de Deus, mas é a própria Palavra, é «espírito e vida» (Jo 6, 63). É, não só Aquele que tudo recebe do Pai, mas também Aquele que transmite tudo quanto possui, especialmente o seu Espírito Santo.
O texto evangélico que hoje escutamos revela-nos a plenitude de graça que recebemos do Ressuscitado. Ele é para nós revelação do imenso amor com que Deus nos ama.
 Esse imenso amor, com todos os dons que compreende, é derramado em nós no baptismo. A vida cristã consiste em viver, cada vez em maior plenitude, a riqueza que recebemos ao ser baptizados: a graça santificante e justificante, que nos torna capazes de crer em Deus, esperar n´Ele e de O amar, pelas virtudes teologais; o poder de vivermos e agirmos sob a moção do Espírito Santo e os seus dons; a capacidade de crescer no bem, pelas virtudes morais.
O nosso primeiro esforço há-de ser tomar consciência de todos esses dons do amor de Deus, e não tentar conquistá- los. São-nos oferecidos gratuitamente no baptismo.
A nossa vida há-de ser permeada de gratidão para com Deus, tão generoso para connosco. Ter a certeza desse amor é atitude fundamental na vida cristã.
Se, na vida natural, quase tudo se alcança à custa de esforço e lentamente, na vida da graça tudo nos é dado. Há apenas que acolher e viver os dons que Deus gratuitamente nos oferece.
A primeira leitura fala-nos de um dom de que hoje se fala pouco e de que os cristãos nem sempre têm suficiente consciência: a remissão dos pecados.
Mas, quem tem o sentido de Deus, quem adverte a importância decisiva de estar em comunhão com Ele, quem sente por experiência própria a tragédia de estar longe d´Ele, quem toma a sério que o definitivamente válido é a comunhão com Deus, sabe que a remissão dos pecados é algo decisivo na nossa vida. Todos somos pecadores.
Todos precisamos de perdão. Jesus remiu-nos do pecado, isto é, restabeleceu a comunhão filial, amiga, pacificadora com Deus. É o princípio de todos os bens messiânicos. Sem esse fundamento, nada se pode construir.
Longe de Deus, sentimo-nos afastados da nossa origem e do nosso fim. É por isso que S. Pedro anuncia o Senhor ressuscitado como Aquele que restabelece a amizade entre o angustiado coração humano e o ardente coração de Deus Pai.
Obrigado, Senhor, por todos os teus dons. Obrigado pela remissão dos meus pecados. Facilmente esqueço que fui perdoado por ti, não só uma, mas muitas vezes. Facilmente esqueço a alegria que me traz o teu perdão, a alegria que me traz sentir- me reconciliado Contigo.
Ensina-me a falar da salvação como perdão dos pecados e comunhão Contigo.
Que jamais esqueça o teu amor benevolente e misericordioso quando, a tremer por causa das minhas culpas, me apresento diante de Ti. Mostra-me, então, o teu rosto benigno de salvador e infunde em mim o teu Espírito para remissão dos pecados.
Unido a Ti, meu divino Salvador, quero ser arauto do teu amor diante de todos os meus irmãos e irmãs, para que também eles acolham o dom da remissão dos pecados, que a todos ofereces.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia

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