QUINTA-FEIRA – 2ª
SEMANA – PÁSCOA
12 ABRIL 2018
Primeira leitura: Actos 5, 27-33
Os apóstolos estavam presos às ordens do
Sumo-sacerdote, incitado pela aristocracia sacerdotal, onde se destacavam os
saduceus. Competia ao Sinédrio julgá- los.
Sumo-sacerdote acusava os apóstolos de dois crimes:
desobediência às ordens que lhes foram dadas, uma vez que continuavam a ensinar
«em nome de Jesus», e difamação, uma vez que acusavam os chefes do povo de
serem os responsáveis pela morte de Jesus.
Pedro responde com um breve discurso. Reafirma o dever
de obedecer antes a Deus que aos homens, porque só quem se submete a Deus
recebe o Espírito Santo.
Depois, centra-se no essencial do Kerygma cristão: a
morte e a ressurreição de Jesus. E fá-lo contrapondo o que fizeram os chefes
dos judeus e o que fez Deus: «vós matastes» Jesus; «Deus ressuscitou» Jesus
(cf. vv. 30-31).
É um esquema habitual no livro dos Actos. Pela
ressurreição, Deus constituiu «esse homem, Príncipe e Salvador» (v. 31). Jesus
é «Príncipe» porque é o novo Moisés, que guia o povo para a libertação e
salvação; é «Salvador» porque, pela sua morte, nos alcançou o arrependimento e
a remissão dos pecados.
A defesa de Pedro, e dos outros apóstolos, termina
apresentando-se, a si e a eles, como testemunhas oculares do Evangelho que
pregam. E o seu testemunho é garantido pelo Espírito Santo. Isto deixa
enraivecidos os judeus, que pensam matar os apóstolos, tal como tinham feito
com Jesus.
Evangelho: João 3, 31-36
Na conclusão do capítulo terceiro do seu evangelho,
João recolhe sucessivas palavras de Jesus caras à comunidade joânica.
O evangelista utiliza categorias espaciais como «do
Alto», «da terra», para nos apresentar Jesus como único revelador do Pai e a
sua importância para a vida do homem.
A insistência em descobrir a origem e a natureza do
Revelador tem uma intenção existencial clara. Nenhuma palavra que proceda «da
terra», por autorizada que seja, pode comparar- se com as palavras do
Revelador, que vem «do Alto», que está acima de todos.
Por isso, todo o discípulo é chamado a verificar a sua
relação com Jesus e o modo como escuta a sua palavra. Cristo vem «do Alto»,
pertence ao mundo divino e é superior a qualquer homem.
O homem, ainda que seja um grande profeta, como João
Baptista, «vem da terra» e permanece um ser terreno e limitado. É verdade que
alguns ainda se recusam a crer. Mas há um «resto», que vive de fé, e são os crentes
que manifestam «que Deus é verdadeiro».
A sua fé confirma que o agir de Cristo está em
comunhão com o agir do Pai.
Finalmente, Cristo não é só o Revelador da Palavra de
Deus, mas é a própria Palavra, é «espírito e vida» (Jo 6, 63). É, não só Aquele
que tudo recebe do Pai, mas também Aquele que transmite tudo quanto possui,
especialmente o seu Espírito Santo.
O texto evangélico que hoje escutamos revela-nos a
plenitude de graça que recebemos do Ressuscitado. Ele é para nós revelação do
imenso amor com que Deus nos ama.
Esse imenso
amor, com todos os dons que compreende, é derramado em nós no baptismo. A vida
cristã consiste em viver, cada vez em maior plenitude, a riqueza que recebemos
ao ser baptizados: a graça santificante e justificante, que nos torna capazes
de crer em Deus, esperar n´Ele e de O amar, pelas virtudes teologais; o poder
de vivermos e agirmos sob a moção do Espírito Santo e os seus dons; a
capacidade de crescer no bem, pelas virtudes morais.
O nosso primeiro esforço há-de ser tomar consciência
de todos esses dons do amor de Deus, e não tentar conquistá- los. São-nos
oferecidos gratuitamente no baptismo.
A nossa vida há-de ser permeada de gratidão para com
Deus, tão generoso para connosco. Ter a certeza desse amor é atitude fundamental
na vida cristã.
Se, na vida natural, quase tudo se alcança à custa de
esforço e lentamente, na vida da graça tudo nos é dado. Há apenas que acolher e
viver os dons que Deus gratuitamente nos oferece.
A primeira leitura fala-nos de um dom de que hoje se fala pouco e de que os cristãos nem sempre têm suficiente consciência: a remissão dos pecados.
A primeira leitura fala-nos de um dom de que hoje se fala pouco e de que os cristãos nem sempre têm suficiente consciência: a remissão dos pecados.
Mas, quem tem o sentido de Deus, quem adverte a
importância decisiva de estar em comunhão com Ele, quem sente por experiência
própria a tragédia de estar longe d´Ele, quem toma a sério que o
definitivamente válido é a comunhão com Deus, sabe que a remissão dos pecados é
algo decisivo na nossa vida. Todos somos pecadores.
Todos precisamos de perdão. Jesus remiu-nos do pecado,
isto é, restabeleceu a comunhão filial, amiga, pacificadora com Deus. É o
princípio de todos os bens messiânicos. Sem esse fundamento, nada se pode
construir.
Longe de Deus, sentimo-nos afastados da nossa origem e
do nosso fim. É por isso que S. Pedro anuncia o Senhor ressuscitado como Aquele
que restabelece a amizade entre o angustiado coração humano e o ardente coração
de Deus Pai.
Obrigado, Senhor, por todos os teus dons. Obrigado
pela remissão dos meus pecados. Facilmente esqueço que fui perdoado por ti, não
só uma, mas muitas vezes. Facilmente esqueço a alegria que me traz o teu
perdão, a alegria que me traz sentir- me reconciliado Contigo.
Ensina-me a falar da salvação como perdão dos pecados
e comunhão Contigo.
Que jamais esqueça o teu amor benevolente e
misericordioso quando, a tremer por causa das minhas culpas, me apresento
diante de Ti. Mostra-me, então, o teu rosto benigno de salvador e infunde em
mim o teu Espírito para remissão dos pecados.
Unido a Ti, meu divino Salvador, quero ser arauto do
teu amor diante de todos os meus irmãos e irmãs, para que também eles acolham o
dom da remissão dos pecados, que a todos ofereces.
Fonte:
Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia
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