quarta-feira, 3 de outubro de 2018

QUARTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 3 OUTUBRO 2018

QUARTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 3 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 9, 1-12.14-16 Job responde às palavras de consolação de Bildad de Chua (cf. c. 8) que, tendo apontado a desproporção entre Deus e o homem, concluíra que não era possível uma discussão entre eles. A razão está sempre do lado de Deus. Job rebate as palavras do amigo, elogiando a sabedoria e a omnipotência de Deus que se contempla na criação. Se Deus é tão grande e inacessível nas suas obras – pensa Job – mais o será na ordem sobrenatural e moral: «Na verdade, eu sei que é assim: Como poderia o homem justificar-se diante de Deus?» (vv. 1s.). Depois, Job volta a lamentar-se da maneira arbitrária e prepotente de Deus na sua relação com os homens: «Se apanha uma presa, quem lha arrebatará? Quem lhe poderá dizer: ‘Por que fazes isso? ‘» (v. 13). Para Job, é inútil discutir com Deus: «Quem sou eu para lhe replicar e rebuscar argumentos contra Ele?» (v. 14). Job fala como é próprio de um homem que sofre e protesta porque nem consegue saber o que é ou não justo. Não aceita soluções que sejam simples reduções ao passado: seria preguiça e facilitismo. Job quer ver claramente. Mas, será isso possível? A questão continua em aberto, enquanto durar a nossa peregrinação sobre a terra. Mas, temos a cruz de Cristo e o seu grito ao Pai: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?» (Mc 15, 33). Ao morrer, Jesus precipita-se no abismo da maldade humana. Jesus não suprime o sofrimento, mas projecta luz sobre o seu valor salvífico. Evangelho: Lucas 9, 57-62 Como vimos ontem, depois do ministério na Galileia, Jesus tomou a direcção de Jerusalém. Não se trata só de mudança de caminho em sentido topográfico, mas também em sentido teológico e místico. Este novo caminho culminará na morte ressurreição de Jesus. É uma perspectiva paradigmática também para os discípulos. A vida cristã passa necessariamente por um encontro com Cristo no Calvário. Não basta contemplar a glória de Cristo; é preciso fixar o nosso olhar também na cruz, onde Cristo atingiu perfeição e chegou à glória (cf. Heb 5, 8s.) Os diálogos referidos no evangelho dizem-nos que, além dos Doze, havia outros que queriam seguir Jesus, ainda que não soubessem claramente o que isso significava. As exigências do seguimento de Cristo só se tornaram claras depois da Páscoa. Lucas não nos diz quem são os três interlocutores. Mateus diz-nos que um era um escriba e outro, um discípulo (8, 19.21). Em Lucas, os três retraem-se atemorizados pela “nudez” exigida por Jesus a quem O quer seguir. O primeiro apresentou-se por sua iniciativa. Jesus mostra-lhe o esvaziamento que segui-l´O significa: «o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (v. 58). O segundo já é discípulo, como nos informa Mateus. Jesus ordena-lhe que O siga. Mas ele pede licença para ir enterrar o pai. Jesus responde-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos» (v. 60). Para o Senhor, está morto tudo o que não seja o Deus vivo (cf. Jo 14, 6). O terceiro fez um programa que apresenta a Jesus: «Eu vou seguir te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família» (v. 61). Mas Jesus diz-lhe: «Quem olha para trás, de¬pois de deitar a mão ao arado, não é apto para o Reino de Deus» (v. 62). Não sabemos como acabaram estes episódios. O evangelho apenas refere o que Jesus oferece a quem o segue, isto, o caminho da cruz. É preciso coragem! Job ensina-nos um profundo respeito por Deus. Ninguém pode tentar resistir a Deus dirigindo-Lhe palavras de crítica, ou de recusa: «Quem lhe poderá dizer: ‘Por que fazes isso? ‘ Quem sou eu para lhe replicar e rebuscar argumentos contra Ele?». Pelo contrário, temos que confiar-nos a Ele e aceitar a sua grandeza infinita. Mas o Deus forte de que nos fala o Antigo Testamento fez-se homem, assumiu a nossa condição mortal e revelou-se no rosto pequeno, frágil e vulnerável de Jesus. De facto, no evangelho de hoje, contemplamos Jesus que, agindo com toda a autoridade de Deus, o faz com uma humildade que nos impressiona. Ao mesmo tempo que diz: «Segue-me… vai… deixa…», pede-nos para escolhermos corajosamente uma vida pobre e sofredora semelhante à d´Ele: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (v. 58). Vive a sua autoridade no máximo despojamento, como quem nada possui. Quem ousaria falar de uma tal autoridade e duma tal humilhação juntas na mesma Pessoa? Atingimos o coração da fé pedida ao discípulo. Como S. Paulo, podemos dizer: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10b). Isto enche-nos de alegria. Todo o avanço no caminho do Espírito depende de uma renovada adesão à vida de Jesus. A misteriosa figura do Servo de Javé preparou-nos para o mistério de Cristo. Para Jesus, o tempo da paixão é o tempo mais puro e mais perfeito da sua oblação de amor ao Pai pelos homens. É também o tempo em que melhor se manifesta a Sua total confiança, o seu abandono, a sua disponibilidade. A oblação de amor de Cristo cresce no silêncio da paixão, até ao momento culminante do impressionante grito na Cruz: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” (Mc 15, 34; Mt 27-45), grito que manifesta a dolorosa experiência da reprovação do pecado pelo Pai, que envolve Cristo por causa da Sua solidariedade com os pecadores. A humanidade de Cristo é arrasada pela dilacerante separação de Deus, que o pecado realiza no homem. Mas S. Lucas também nos recorda o supremo grito de confiança de Jesus, na Cruz: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!” (Lc 23, 46). Esse grito manifesta a união de amor entre o Pai e o Filho, união que nunca foi quebrada, mesmo nas horas mais dramáticas, na sua “hora”. A adaptação da grandeza e do poder de Cristo à nossa fraqueza humana, pela escolha da humildade e da fraqueza, revela-se magnificamente na Eucaristia. Sob as espécies eucarísticas, Jesus consuma a Sua “Kénosis” ou aniquilamento. Este despojar-se das prerrogativas divinas, esta humilhação de Si mesmo, já Cristo a tinha realizado na Sua Incarnação, Paixão e Morte (cf. Fil 2, 6-8). Todavia esse esvaziamento não retirou à humanidade de Cristo aquele fascínio que encanta as multidões e atrai discípulos. Da Sua humanidade, desprende-se a infinita beleza da divindade, ou também a força divina dos Seus milagres, mesmo que não seja de modo extraordinário, tal como aconteceu na Transfiguração. A Sua incomensurável caridade, a delicada bondade do Seu coração, manso e humilde, aberto a todos, aos pequenos e aos grandes, aos ignorantes e aos dotados, aos pobres e aos ricos deixa entrever a grandeza do Seu Coração, que é o Coração de Deus. Fonte: F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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