sexta-feira, 5 de outubro de 2018

SEXTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 5 OUTUBRO 2018

SEXTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 5 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 38, 1.12-21; 40, 3-5 A passagem de Job pelo vale tenebroso do sofrimento baseou-se numa indestrutível esperança. Aquele que Job procura existe e ama-nos. A busca de Deus é penosa e marcada pelo sofrimento. Mas o encontro do rosto de Deus enche-nos de alegria, de paz, de entusiasmo. O livro de Job parece descrever o jogo do amor, feito de ausência e de encontro, de escondimento e de presença. A mãe esconde-se para que a criança tenha a alegria de a encontrar. Nas últimas palavras do poema, ecoa o tema do Cântico dos Cânticos: «O meu amado é para mim e eu para ele» (Ct 2, 16). Job apelou várias vezes para o juízo de Deus: «Oxalá eu tivesse quem me ouvisse!» (31, 35). Nos capítulos 38-42, Deus responde finalmente aos pedidos de Job. Mas é uma resposta que, por sua vez, é uma interrogação. Deus apresenta a Job a imensidão e a grandeza da criação. Mostra-lhe que o mundo é um imenso projecto divino que causa admiração pela sua grandeza e beleza. As perguntas de Deus a Job são também para nós. Deus criou o mundo movido apenas pela alegria de dar. Não se pode contemplar o mundo permanecendo fechados em cálculos egoístas, feitos à base de interesses pessoais. Job, que polemizou e lutou com Deus e com os amigos, fica agora silencioso e confuso. Renuncia à discussão. Reconhece ter falado demais e superficialmente. Job sempre foi sincero. Procurou seriamente, mas não encontrou. Mas pode finalmente dizer: «Agora vêem-te os meus próprios olhos»; antes, dizia: «Os meus ouvidos tinham ouvido falar de ti» ( Jb 42, 5). Tendo passado pela provação, e permanecido fiel, Job penetrou finalmente no mistério de Deus. Evangelho: Lucas 10, 13-16 O evangelho de hoje conclui a mensagem com que foram enviados os setenta e dois discípulos. Porque fala Jesus tão duramente das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaúm? Que nos quer dizer Jesus? A condenação das três cidades deve se entendida a vários níveis. Em primeiro lugar, Jesus sublinha que estas cidades não acolheram a Palavra pregada por Ele, isto é, a graça do Evangelho, o apelo à conversão. Em segundo lugar, Jesus realça o abandono dos seus. Talvez se dê conta da hostilidade do povo. As cidades pagãs de Tiro e Sídon terão um juízo menos severo que o povo de Israel. Em terceiro lugar, Jesus prevê que o Evangelho ultrapasse as fronteiras da Galileia, que chegue aos gentios, enquanto as cidades que, por primeiras, ouviram a sua pregação permaneçam fechadas num judaísmo anticristão. Este evangelho é um aviso para todos aqueles que se excluem da graça do Senhor e caem na hipocrisia e na resistência sublinhadas pelos “Ai” de Jesus. Jesus lastima o maior dos pecados, o pecado contra o Espírito Santo: fechar os olhos às manifestações da graça, à oferta de perdão. É o grande risco da missão cristã. Jesus disse claramente: «Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou» (v. 16). Diante dos males e das injustiças que nos rodeiam, facilmente somos tentados a protestar contra Deus. Foi o que fez Job, no meio do seu sofrimento: «Por que ocultas a tua face, e me consideras teu inimigo? Queres assustar uma folha levada pelo vento e perseguir uma palha ressequida? Pois escreves contra mim acusações amargas, e atribuis-me faltas da minha mocidade» (Job 13, 24-26). Mas, no fim do livro, ouvimos Deus que interpela Job: «Alguma vez na tua vida deste ordens à manhã e indicaste o seu lugar à aurora… Desceste até às fontes do mar e passeaste pelas profundidades do abismo? Abriram-se-te, porventura, as portas da morte? Viste as portas da morada tenebrosa?» (cf. 38, 12.16s.). Quantas coisas Job ignora! Quantas lhe escapam e não pode captar! Nem com a ciência mais refinada poderia conhecer muitas coisas. Job reconhece, por isso, a necessidade de permanecer pequenino e humilde diante de Deus: «Falei como uma criança; que posso responder-Te» (40, 3). Job reconhece que não sabe tudo. Só Deus possui toda a ciência. É preciso confiar n´Ele, abandonar-se a Ele. Renuncia a fazer perguntas: «Ponho a minha mão sobre a boca; falei uma vez, oxalá não tivesse falado; não vou falar duas vezes, nem acrescentarei mais nada» (Jb 40, 4s.). A humildade é o “não saber”, é estar sem pretensões diante de Deus. Só na humildade, em ponta de pés, podemos entrar no mistério de Deus. «Reflectia nestas coisas, para as entender – problema difícil para mim – até ao dia em que entrei no santuário de Deus e compreendi a sorte que os (aos ímpios) esperava… eu era um louco, sem entendimento, como um irracional diante de vós… porém, estarei sempre convosco» (cf. Sl 72, 16-23). Job ensina-nos que o mais importante é estar sempre com Deus. Precisamos de pedir ao Senhor «um espírito de sabedoria e de revelação para descobrir e conhecer verdadeiramente a Cristo Senhor Crucificado, de Lado aberto e Coração trespassado, para, no meio das provações da vida, compreendermos a esperança fomos chamados . Fonte: F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”

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