quinta-feira, 12 de julho de 2018

SEXTA-FEIRA – XIV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 13 JULHO 2018


SEXTA-FEIRA – XIV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 13 JULHO 2018 

Primeira leitura: Oseias 14, 2-10

Oseias, num arrebatamento lírico-afectivo, proclama, mais uma vez, o apaixonado amor de Deus por Israel. No primeiro versículo, que não se encontra no texto litúrgico, é descrito o fim dramático de Samaria. Um cume de horror. Mas, a esse cume, corresponde outro: o do amor de Deus.
E estrutura do capítulo 14 é o de uma celebração penitencial. Há que tomar consciência do próprio pecado (v. 2). É um convite muitas vezes repetido pelos profetas (cf. Am 5, 21-24; Is 1, 10-17; Mq 6, 6-8; Sl 50, 8-21; 51, 18s.). Diante do arrependimento do povo, já convencido da inutilidade e do prejuízo do recurso a potências estrangeiras (Assur-Assíria), e da ilusória confiança nas próprias iniciativas (v. 4), 

Deus vai garantir o futuro esperançoso do povo: «Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei de todo o coração, porque a minha cólera se afastou deles» (v. 5). A decisão de Javé provoca uma reviravolta que o profeta expressa com imagens de extraordinária beleza: «Serei para Israel como o orvalho: florescerá como um lírio e deitará raízes como um cedro do Líbano. Os seus ramos estender-se-ão ao longe, a sua opulência será como a da oliveira, o seu perfume como o odor do Líbano. Regressarão os que habitavam à sua sombra; renascerão como o trigo, darão rebentos como a videira e a sua fama será como a do vinho do Líbano» (vv. 6-8). E seguem outras imagens igualmente belas, até ao v. 10, que confia aos sábios a compreensão de todos os oráculos. Mas a verdadeira sabedoria pode resumir-se a percorrer com rectidão os caminhos do Senhor.

Evangelho: Mateus 10, 16-23

O nosso texto reflecte a profecia de Jesus sobre a sorte dos seus discípulos, mas também a experiência posterior da Igreja, que descobriu todo o sentido das palavras do seu Senhor e Mestre. 

Quando Mateus escreveu, já muitos discípulos tinham sido presos, levados aos tribunais e executados por causa do «nome» de Jesus. O judaísmo oficial, pelo ano 70, declarou excomungados da Sinagoga todos aqueles que confessassem que Jesus é o Messias. E surgiu, ou acentuou-se a divisão e o ódio nas famílias: uns a favor de Jesus e outros contra.

Os discípulos, particularmente os missionários, são comparados ao Cordeiro «que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29), Aquele que carregou sobre si os nossos pecados e os nossos sofrimentos (cf. Is 59, 11), para realizar o projecto de Deus, que quer salvar todos os homens (1 Tm 2, 4).

A mansidão e a não-violência do missionário não são fraqueza nem masoquismo, mas vivência de duas virtudes aparentemente opostas: a prudência da serpente, como exercício de inteligência vigilante, realista e crítica, que evita o engano; a simplicidade da pomba, como exercício de um procedimento límpido e confiante, próprio de quem sabe estar nas mãos de Deus-Pai, poderoso e bom. Nos tribunais, há que confiar na presença e na acção do Espírito.

O futuro do discípulo não é róseo. O mal gera o mal e abala as próprias relações familiares. Mas quem suportar ser odiado, não pelos seus crimes, mas por causa de Cristo, será salvo.

A primeira leitura ensina-nos que não há poderes humanos capazes de nos salvar: «A Assíria não nos salvará» (v. 4). Também projectos baseados na auto-suficiência, tal como uma religião imaginada e construída à nossa medida, não são fiáveis: «nunca mais chamaremos nosso Deus a uma obra das nossas mãos» (v. 5). Só Deus pode salvar: «só junto de ti o órfão encontra compaixão» (v. 5). É Deus que constrói o Reino em nós e a nossa volta.

O segredo para a vida, para a ultrapassagem das situações difíceis, é o coração habitado por Deus. Fazer memória, re-cordar permanentemente a Deus, é um modo eficaz para ser habitado por Deus, e produzir frutos, ou, melhor dizendo, deixar que o seu Espírito produza os seus frutos em nós, e por meio de nós, no apostolado.

Jesus não promete facilidades aos seus discípulos. Pelo contrário, apresenta-lhes um quadro espantoso de provações, de perseguições, de traições. O mundo resistirá à graça da mensagem evangélica, porque ela exige conversão profunda. Mas o Senhor promete estar com eles, para lhes dar coragem e inspirar as palavras adequadas: «quando vos entregarem, não vos preocupeis nem como haveis de falar nem com o que haveis de dizer; nessa altura, vos será inspirado o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai é que falará por vós» (Mt 10, 19-20).
Também nós, nas pequenas e grandes dificuldades da vida e do nosso ministério, havemos de confiar no Espírito Santo, o Espírito de Jesus, presença viva em nós, comportando-nos como instrumentos dóceis, aos quais Ele dá pensamentos, palavras e acções. A nossa vida de cristãos, e de missionários do Reino, não é fácil. Mas o Senhor é «orvalho» de Espírito Santo, sugerindo-nos o modo como enfrentar e relacionar-nos com o mundo em que vivemos. Ajudar-nos-á a ser simples na busca de Deus e de tudo o que é verdade de amor: ajudar-nos-á a ser prudentes no discernimento dos caminhos que não nos afastem dessa verdade.

Jamais compreenderemos suficientemente a maravilha que é a presença de Deus em nós, a força e a eficácia apostólica de um coração habitado por Deus, a grandeza dos dons de Cristo e do Espírito. Eles constroem-nos pessoal e comunitariamente, são uma força imparável nas dificuldades da vida e do apostolado: «Tudo posso n´Aquele que me dá força» (Fl 4, 13). São luz, são dinamismo de memória de Cristo, da sua doutrina, do que fez por nós: «O Consolador, o Espírito Santo que o Pai há-de enviar em Meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo aquilo que vos tenho dito» (Jo 14, 26). São força de vida e acção cristã: «O amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). O mundo não pode compreender estas realidades maravilhosas, porque, tendo recusado a Cristo, não pode receber o seu Espírito (cf. Jo 14, 17).

Eu Te bendigo, Senhor, que quiseste habitar em mim. Que eu Te procure a cada instante, e viva em perene intimidade Contigo. A tua maravilhosa presença permitir-me-á corresponder ao projecto de amor e salvação em que me quiseste envolver. O orvalho do teu Espírito tornar-me-á capaz de florir e produzir frutos de amor vital e esponsal para Contigo e de bem generoso e perene para com os irmãos.

Faz-me manso, na força do teu amor; faz-me capaz de perdoar, de compreender os outros, ainda que não possa ou não deva partilhar das suas ideias, do seu credo ou das suas acções.
Que eu, habitado por Ti, seja sempre, para todos, presença do teu amor que salva.
Fonte: adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”

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