Sábado – XIII Semana –Tempo Comum – Anos Pares – 07.08.2018
Primeira leitura: Amós 9, 11-15
O Livro de Amós, depois de tantas denúncias e
acusações, depois de tão duras e amargas predições, termina com palavras de
alento e de esperança. Deus usará graça e misericórdia para com Israel, e há
preparar-lhe um futuro de harmonia e de paz. Deus voltará a erguer a esburacada
e arruinada tenda de David. A restauração de Israel assume características
claramente messiânicas, com imagens do mundo agrícola, da radicação na terra e
da permanente residência nela. Comer e beber em paz, na própria terra, é uma
imagem do futuro reconciliado de Israel.
Estamos perante um oráculo profético inspirado que
reafirma claramente a graça, a fidelidade e a misericórdia infinita de Deus
para com o seu antigo povo, mas também com o seu novo povo, e para cada um de
nós.
Evangelho: Mateus 9, 14-17
Jesus apresenta-se como o Messias esperado. Na
linguagem simbólica oriental, as bodas simbolizavam o tempo da salvação. A
imagem de Deus-Esposo, e das bodas como tempo da salvação, é recorrente no
Antigo Testamento, particularmente em Oseias e em Isaías. O que havia de
realmente novo nas palavras de Jesus era que Ele se apresentasse, realizando na
sua pessoa, o conteúdo de um símbolo utilizado por Deus para descrever a sua
relação de amor com o povo eleito (cf. Os 2, 18-20; Is 54, 5-6).
A esperança de que Deus se mostraria a Israel como
esposo fiel, como verdadeiro marido, estava realizada em Jesus. O que agora
importava era fazer parte dos amigos do noivo para se alegrarem nas suas bodas.
O acto de comer já não podia ser conotado com renúncia, sacrifício, luto.
Passara o que era velho. Chegara a plenitude dos tempos. Na presença de Jesus,
o esposo ressuscitado da Igreja, o jejum, como sinal de luto, não é atitude
conveniente. Se o cristão jejua, é para manifestar a sua espera confiante no
regresso do Senhor. Aliás, a morte do Ressuscitado é celebrada, não no jejum,
mas no comer o pão e beber o vinho, até que Ele volte!
A novidade introduzida no mundo por Jesus é ainda
significada pelas imagens do pano novo e do vinho novo. A sua mensagem só pode
ser recebida por um mundo novo, por homens novos, isentos de preconceitos, que
se deixem moldar pelo Espírito.
Passou o que era antigo. Mas isso não queria dizer que
tudo o que era antigo não tivesse valor. Por isso, Mateus acrescenta: «Desta
maneira, ambas as coisas se conservam» (v. 17).
Alegremo-nos com as esplêndidas promessas de Deus ao
seu povo. Graças à sua misericórdia e generosidade infinitas, depois do
castigo, vem a festa, vem a alegria. O último versículo do livro de Amós
promete essa festa, essa alegria definitiva: «Hei-de plantá-los na sua terra, e
nunca mais serão arrancados da terra que lhes dei!» (9, 15).
A restauração de Israel e as núpcias de Cristo com a
Igreja ligam-se intimamente com a eucaristia, como contexto em que é proclamada
a leitura. A esperança de Israel realiza-se no mistério pascal do Filho de
Deus. O jejum, como tensão para o banquete do fim dos tempos, é já totalmente
possível, já autorizado, mas apenas como memória da morte do Senhor. O
Crucificado ressuscitou, mas o Ressuscitado continua crucificado, com as suas
chagas. O espaço para o jejum cristão já não é o da esperança de um evento
absolutamente novo: este evento já está dentro da história. O jejum cristão,
pelo contrário, tem a ver com a vigilância, a paciência, a reserva histórica,
com o «ainda não» daquele «já» que, na cruz de Cristo, se afirmou de uma vez
para sempre.
Fonte: Adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”
Fonte: Adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”
Sem comentários:
Enviar um comentário