sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sexta-feira – V Semana –Tempo Comum – Anos Pares 9 Fevereiro 2018

Sexta-feira – V Semana –Tempo Comum – Anos Pares
9 Fevereiro 2018
Primeira leitura: 1 Reis 11, 29-32; 12, 19
O autor sagrado apresenta a divisão do reino como um castigo pela apostasia idolátrica de Salomão. No capítulo seguinte, Jeroboão, um dos funcionários de Salomão, pede a Reboão que reduza os impostos. Reboão recusa o pedido de um modo surpreendente: «já que meu pai vos carregou com um jugo pesado, eu vou torná-lo ainda mais pesado; meu pai castigou-vos com açoites; pois eu vos castigarei com azorragues!» (1 Rs 12, 11). E assim ficou aberta a porta ao cisma político.
 O profeta Aías anuncia simbolicamente esse facto ao rasgar o manto em doze pedaços. O seu gesto profético é uma advertência e uma denúncia motivada pelas injustiças sociais que Jeroboão herdou de seu pai. O profeta, e a sua acção, são sinal da presença de Deus e anúncio da sua intervenção na história do povo. Trata-se de uma intervenção salvífica, porque Deus não se diverte a rasgar «mantos novos», mas é Aquele que faz novas todas as coisas. Este texto mantém ainda hoje a sua actualidade por causa da nostalgia ecuménica que nele percebemos. A divisão do reino davídico tem paralelismo na divisão da Igreja cristã.
Evangelho: Marcos 7, 31-37
Desta vez, Jesus cura um surdo tartamudo, cuja capacidade intelectual estava condicionada pela sua deficiência. Por isso, ao tocar-lhe os órgãos doentes com saliva, Jesus não quer fazer magia à maneira dos taumaturgos da época, mas apenas dirigir-se à consciência daquele que ia ser objecto do prodígio. Noutros casos bastavam as palavras. Aqui, tratando-se de um surdo tartamudo, são precisos gestos. E Jesus fá-los.
É o segundo milagre que Jesus faz em território pagão e este texto, exclusivo de Marcos, pretende continuar a descrição da actividade missionária da primeira comunidade cristã e assinalar a abertura dos pagãos à fé em Jesus Cristo.
O assombro dos que presenciam os milagres de Jesus lembra-nos Gn 1: «E Deus viu que tudo era bom», mas também Isaías: «O mudo gritará de alegria» (Is 35, 6). Em Jesus realizam-se as promessas de salvação. Não se trata, pois, de triunfalismo político-messiânico, mas de um reconhecimento gozoso da eficácia desalienante da presença do reino de Deus.
Onde chega Jesus, chega a salvação, que cria novas relações, finalmente libertadas, entre os homens e Deus, e entre os próprios homens. Jesus, em terra de pagãos, faz ouvir os surdos e falar os mudos. São milagres físicos que simbolizam milagres espirituais iniciados no baptismo, e que podem ser motivo de reflexão e de oração para nós. Sendo participantes da humanidade sofredora, não é difícil dar-nos conta de que as feridas mais graves das pessoas, hoje, dizem respeito sobretudo às relações. Daí o isolamento, o clima de suspeição e de medo em que tantas vivem.
Jesus toca nos sentidos do surdo-mudo para lhe tocar no coração. Abrir o coração – effathá! – é a condição para re-ligar os pontos com a Vida. O homem precisa de se abrir a Deus, à sua Palavra, ao encontro com Ele, para se poder abrir ao encontro com os outros, ao diálogo, às relações com todos.
A Igreja tem a missão de continuar, em certo sentido, este milagre de Jesus, fazendo ouvir a todos os povos que são amados por Deus e que, por isso, podem falar. Fazer «ouvir» e fazer «falar» é a missão da Igreja, para que todos os povos possam louvar a Deus. Mas também cada um de nós precisa de ouvidos abertos e língua solta para escutar o Senhor, que nos fala, e proclamar os seus louvores. Ouvir e falar são meios para viver a aliança: escutar a Deus para saber escutar os irmãos, e falar como Deus quer.


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