29º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A
A liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum convida-nos a
reflectir acerca da forma como devemos
equacionar a relação entre as realidades de Deus e as realidades do mundo.
Diz-nos que Deus é a nossa prioridade e que é a Ele que devemos subordinar toda
a nossa existência; mas avisa-nos também que Deus nos convoca a um compromisso
efectivo com a construção do mundo.
A primeira leitura (Is 45,1.4-6), sugere que
Deus é o verdadeiro Senhor da história e que é Ele quem conduz a caminhada do
seu Povo rumo à felicidade e à realização plena. Os homens que actuam e
intervêm na história são apenas os instrumentos de que Deus se serve para
concretizar os seus projectos de salvação.
Também nós – como os exilados de Judá – ficamos,
tantas vezes, perplexos
e inquietos diante dos acontecimentos do nosso tempo. Não percebemos o significado nem o alcance de certos eventos e não conseguimos saber para onde é que a história nos conduz. Sentimo-nos perdidos, assustados, à deriva, como barco sem leme… E, para além disso, Deus parece manter-se em silêncio, assistindo calmamente e sem mexer um dedo, aos dramas que marcam o ritmo da nossa caminhada. Perguntamo-nos: onde está Deus, quando a história humana parece percorrer caminhos tão ínvios? Ele preocupa-Se, realmente, com os homens? Qual o seu papel na condução dos destinos do mundo? Porque é que Ele deixa que os homens destruam o planeta, inventem esquemas sofisticados de destruição e de morte, cultivem a exploração e a injustiça, mantenham tantos homens, mulheres e crianças amarrados à miséria e à escravidão? A primeira leitura deste domingo garante-nos: Deus nunca abandona os homens. Ele encontra sempre formas de intervir na história e de concretizar os seus projectos de vida, de salvação, de libertação…. Resta-nos, mesmo quando não percebemos os seus critérios, confiarmos e entregarmo-nos nas suas mãos.
e inquietos diante dos acontecimentos do nosso tempo. Não percebemos o significado nem o alcance de certos eventos e não conseguimos saber para onde é que a história nos conduz. Sentimo-nos perdidos, assustados, à deriva, como barco sem leme… E, para além disso, Deus parece manter-se em silêncio, assistindo calmamente e sem mexer um dedo, aos dramas que marcam o ritmo da nossa caminhada. Perguntamo-nos: onde está Deus, quando a história humana parece percorrer caminhos tão ínvios? Ele preocupa-Se, realmente, com os homens? Qual o seu papel na condução dos destinos do mundo? Porque é que Ele deixa que os homens destruam o planeta, inventem esquemas sofisticados de destruição e de morte, cultivem a exploração e a injustiça, mantenham tantos homens, mulheres e crianças amarrados à miséria e à escravidão? A primeira leitura deste domingo garante-nos: Deus nunca abandona os homens. Ele encontra sempre formas de intervir na história e de concretizar os seus projectos de vida, de salvação, de libertação…. Resta-nos, mesmo quando não percebemos os seus critérios, confiarmos e entregarmo-nos nas suas mãos.
Deus actua no mundo com simplicidade e discrição,
através de pessoas – muitas vezes pessoas limitadas, pecadoras, “normais” – a
quem Ele chama e a quem Ele confia uma missão. O que é fundamental é que cada
homem ou cada mulher que Deus chama esteja disponível para acolher esse
chamamento e para aceitar ser instrumento de Deus na construção de um mundo
novo.
Aqueles que detêm responsabilidades na condução das
comunidades (civis ou religiosas) devem procurar, através de um diálogo
contínuo e próximo com Deus, perceber os seus projectos e planos para o mundo e
para os homens. Só assim poderão ser instrumento de Deus na construção de um
mundo melhor.
Ciro, frustrando todas as expectativas do Povo de
Deus, é um pagão que “não conhecia” Jahwéh… Apesar disso (de acordo com a
catequese do Deutero-Isaías), foi ele quem Deus escolheu como seu instrumento a
fim de concretizar os seus projectos em favor do seu Povo. Deus pode servir-Se
daquele que é pecador e marginal aos olhos do mundo para oferecer aos homens a
vida e a salvação. O que interessa não são as “qualidades” do intermediário, mas a força
de Deus. É necessário ter isto presente… Se conseguimos fazer algo para
tornar o mundo um pouco melhor, isso não se deve às nossas brilhantes
qualidades, mas a esse Deus que age por nosso intermédio.
A escolha de Ciro significa também a denúncia de uma
perspectiva fechada, nacionalista, racista, de Deus e dos seus projectos.
Ninguém tem o monopólio de Deus ou da missão… Deus é totalmente livre de chamar
quem quiser, quando quiser e como quiser – seja de que raça for, de que
extracto social for, ou sejam quais forem os seus antecedentes religiosos.
A segunda leitura (1 Tes 1,1-5b), apresenta-nos
o exemplo de uma comunidade cristã que colocou Deus no centro do seu caminho
e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores
e os esquemas de Deus. Eleita por Deus para ser sua testemunha no meio do
mundo, vive ancorada numa fé activa, numa caridade esforçada e numa esperança
inabalável.
O nosso texto convida-nos, antes de mais, a repararmos
nos testemunhos de fé, de amor e de esperança que encontramos à nossa volta e a
vermos aí a presença e a acção de Deus no mundo.
O nosso texto convida-nos a renovar e potenciar a
nossa capacidade de louvar e de agradecer a Deus. Ao contemplarmos tantos
gestos de bondade, de amor, de doação, de solidariedade que, em geral,
acontecem no mundo e que, em particular, enchem as vidas das nossas comunidades
cristãs, não podemos deixar de ver aí a presença amorosa de Deus… Teremos
sempre a capacidade de agradecer a Deus a sua presença e a sua acção no mundo,
na vida das nossas comunidades cristãs ou religiosas, na vida das nossas
famílias e de cada um de nós?
O exemplo da comunidade cristã de Tessalónica
interpela-nos e questiona-nos… É uma comunidade que abraçou com entusiasmo o
Evangelho e concretizou a proposta de Jesus na vida do dia a dia, através de
uma fé activa, de um amor esforçado e de uma esperança firme. Nós, seguidores
de Jesus, depois de muitos anos de catequese e de compromisso com Jesus, como
vivemos o nosso compromisso cristão: com um entusiasmo sempre renovado e sempre
coerente, ou com o desleixo e a indiferença de quem não se quer comprometer? A
nossa fé não é apenas uma questão de palavras, mas leva-nos a um efectivo
compromisso com a transformação da nossa vida, da nossa família, da nossa
comunidade ou do mundo que nos rodeia? O nosso amor traduz-se em atitudes
concretas de partilha, de doação, de solidariedade, de luta contra tudo o que
oprime os pequenos, os débeis, os marginalizados? A nossa esperança mantém-nos
serenos e confiantes, de olhos postos nesse futuro novo que Deus nos reserva,
apesar das vicissitudes, das dificuldades, das incompreensões que dia a dia
temos de enfrentar?
O Evangelho ( Mt 22,15-21), ensina que o
homem, sem deixar de cumprir as suas obrigações com a comunidade em que está
inserido, pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de
Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder
político.
A questão essencial é esta: o homem pertence a Deus e
deve considerar Deus o seu único senhor e a sua referência fundamental. No
entanto, embriagados pelo turbilhão das liberdades e das novas descobertas, os
homens do nosso tempo consideraram que eram capazes de descobrir, por si
próprios, os caminhos da vida e da felicidade e que podiam prescindir de Deus…
Instalaram-se no orgulho e na auto-suficiência e deixaram Deus de fora das suas
vidas. É preciso voltarmos a Deus e redescobrirmos a sua centralidade na nossa
existência. Deus não atenta contra a nossa identidade e a nossa liberdade.
Fomos criados para a comunhão com Deus e só nos sentiremos felizes e realizados
quando nos entregarmos confiadamente nas suas mãos e fizermos d’Ele o centro da
nossa caminhada.
Em muitos casos, Deus foi apenas substituído por
outros “deuses”: o dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão
social, tomaram o lugar de Deus e passaram a dirigir e a condicionar a vida de
tantos dos nossos contemporâneos. Quase sempre, no entanto, essa troca trouxe,
apenas, escravidão, alienação, frustração e sentimentos de solidão e de
orfandade… Como me sinto face a isto? Há outros deuses a tomarem posse da minha
vida, a condicionarem as minhas opções, a dirigirem os meus interesses, a
dominarem os meus projectos? Quais são esses deuses? Eles asseguraram-me a
felicidade e a plena realização, ou tornam-me cada vez mais escravo e
dependente?
O homem e a mulher foram criados à imagem de Deus.
Eles não são, portanto, objectos que podem ser usados, explorados e alienados,
mas seres revestidos de uma suprema dignidade, de uma dignidade divina. Apesar
da Declaração Universal dos Direitos do Homem e de uma infinidade de
organizações e de associações destinadas a proteger e a assegurar os direitos,
liberdades e garantias, há milhões de homens, mulheres e crianças que
continuam, todos os dias, a ser maltratados, humilhados, explorados,
desprezados, diminuídos na sua dignidade. Destruir a imagem de Deus que existe
em cada criança, mulher ou homem, é um grave crime contra Deus. Nós, os
cristãos, não podemos permitir que tal aconteça. Devemos sentir-nos
responsáveis sempre que algum irmão ou irmã, em qualquer canto do mundo, é
privado dos seus direitos e da sua dignidade; e temos o dever grave de lutar,
de forma objectiva, contra todos os sistemas que, na Igreja ou na sociedade,
atentem contra a vida e a dignidade de qualquer pessoa.
Para o cristão, Deus é a referência fundamental e está
sempre em primeiro lugar; mas isso não significa que o cristão viva à margem do
mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão
deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que
colabora activamente na construção da sociedade humana. Ele respeita as leis e
cumpre pontualmente as suas obrigações tributárias, com coerência e lealdade.
Não foge aos impostos, não aceita esquemas de corrupção, não infringe as regras
legalmente definidas. Vive de olhos postos em Deus; mas não se escusa a lutar
por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa e mais fraterna.
Como é que eu me situo face ao poder político e às
instituições civis: com total indiferença, com sujeição cega, ou com lealdade
crítica? Como é que eu contribuo para a construção da sociedade? À luz de que
critérios e de que valores julgo os factos, as decisões, as leis políticas e
sociais que regem a comunidade humana em que estou inserido? As minhas opções
políticas são coerentes com os critérios do Evangelho e com os valores de
Jesus?
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: "dehonianos.org/portal/liturgia"
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: "dehonianos.org/portal/liturgia"
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