sábado, 25 de março de 2017

REFLEXÃO PARA O 4º DOMINGO DA QUARESMA


4º DOMINGO DA QUARESMA ANO A

As leituras deste Domingo propõem-nos o tema da “luz”. Definem a experiência cristã como “viver na luz”.

A primeira leitura (1 Sam 16,1b.6-7.10-13ª),  não se refere directamente ao tema da “luz” (o tema central na liturgia deste domingo). No entanto, conta a escolha de David para rei de Israel e a sua unção: é um óptimo pretexto para reflectirmos sobre a unção que recebemos no dia do nosso Baptismo e que nos constituiu testemunhas da “luz” de Deus no mundo.

• A nossa leitura mostra, mais uma vez, que Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos e que a sua lógica nem sempre coincide com a nossa. “Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração” – diz o texto. É preciso entrar na lógica de Deus e aprender a ver, para além da aparência, da roupa que a pessoa veste, do “curriculum” profissional ou académico; é preciso aprender a ver com o coração e a descobrir a riqueza que se esconde por detrás daqueles que parecem insignificantes e sem pretensões… É preciso, sobretudo, aprender a respeitar a dignidade de cada homem e de cada mulher, mesmo quando não parecem pessoas importantes ou influentes. É isso que acontece nos  nossos serviços públicos? É isso que acontece nas  nossas igrejas? É isso que acontece nas nossas casas religiosas?

Na segunda leitura (Ef 5,8-14),  Paulo propõe aos cristãos de Éfeso que recusem viver à margem de Deus (“trevas”) e que escolham a “luz”. Em concreto, Paulo explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus.

• Se olharmos para o mundo com olhos de esperança, vemos muitas pessoas que realizam coisas bonitas, que lutam contra a miséria, o sofrimento, a injustiça, a doença, o analfabetismo, a violência… No entanto, nós os crentes somos convidados a olhar mais além e a ver Deus por detrás de cada gesto de amor, de bondade, de coragem, de compromisso com a construção de um mundo melhor. Deus continua a construir, dia a dia, a história da salvação; e chama homens e mulheres para colaborarem com Ele na salvação do mundo.

• “Luz” e “trevas”: O cristão é aquele que optou por “viver na luz”. Para mim, o que significa, em concreto, “viver na luz”? O que é que isso implica? Quais são  comportamentos e contra-valores que devem ser definitivamente saneados da minha vida, a fim de que eu seja um testemunho da “luz”?

 É preciso, também, denunciar   os comportamentos e atitudes que
 contribuem para apagar a “luz” de Deus e para manter este mundo nas “trevas: o que é que eu devo denunciar?

• A expressão “desperta tu que dormes”,  convida-nos à vigilância. O cristão não pode ficar de braços cruzados diante da maldade, do egoísmo, da injustiça, da exploração, dos contra-valores que oscurecem a vida dos homens e do mundo. O cristão tem de manter uma atitude de vigilância atenta. Diante dos contra-valores, qual a minha atitude: é a atitude comodista de quem deixa correr as coisas porque não está para se chatear?

No Evangelho (Jo 9,1-41), Jesus apresenta-se como “a luz do mundo”; a sua missão é libertar os homens das trevas do egoísmo, do orgulho e da auto-suficiência. Aderir à proposta de Jesus é enveredar por um caminho de liberdade e de realização que conduz à vida plena.

• Nós, os crentes, não podemos fechar-nos num pessimismo, decidir que o mundo “está perdido” e que à nossa volta só há escuridão…

Também não podemos esconder a cabeça na areia e dizer que tudo está bem. Há situações que mantêm o homem encerrado no seu egoísmo, fechado a Deus e aos outros, incapaz de se realizar plenamente.  O que é que impede o homem de ser livre e de se realizar plenamente, conforme  o projecto de Deus?

• O Evangelho deste domingo descreve várias formas de responder negativamente à “luz” libertadora que Jesus oferece. Há aqueles que se opõem decididamente à proposta de Jesus porque estão instalados na mentira e a “luz” de Jesus só os incomoda; há aqueles que têm medo de enfrentar as críticas, que se deixam manipular pela opinião dominante, e que, por medo, preferem continuar escravos do que arriscar ser livres.

• O cego que escolhe a “luz” e que adere incondicionalmente a Jesus e à sua proposta libertadora é o modelo que nos é proposto. A Palavra de Deus convida-nos, neste tempo de Quaresma, a um processo de renovação que nos leve a deixar tudo o que nos escraviza, nos aliena, nos oprime – no fundo, tudo o que impede que brilhe em nós a “luz” de Deus e que impede a nossa plena realização.

• Receber a “luz” que Cristo oferece é, também, acender a “luz” da esperança no mundo.  A “luz” de Cristo que os padrinhos me passaram no dia em que fui baptizado brilha em mim e ilumina o mundo?

 Fonte: adaptação de Postal Litúrgico:www.dehonianos.org

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