sábado, 14 de janeiro de 2017

PRESIDENTE NYUSI ESCREVE AO PAPA FRANCISCO A PROPÓSITO DA PAZ

A missiva ao papa, com data de quarta-feira e divulgada hoje pela Presidência, surge na sequência da mensagem de Francisco, a propósito do Dia Mundial da Paz, assinalado a 01 de Janeiro. Filipe Nyusi recorda que o povo moçambicano "conhece o valor da paz porque já experimentou o drama da sua ausência e desfrutou dos benefícios da paz, por longos 22 anos", aludindo ao acordo que Governo e Renamo assinaram em Roma em 1992, encerrando mais de uma década e meia de guerra. "Hoje, infelizmente, vemo-nos desafiados a resgatar uma paz efectiva. Por mais tortuosos que sejam os seus caminhos, perseveraremos, porque estamos conscientes de que só com a paz teremos solução para os nossos problemas", assinala o chefe de Estado sobre o regresso do conflito em Moçambique. Nyusi expressou gratidão pela mensagem do papa, referindo que se identifica com ela, porque a paz "é uma construção social que parte do íntimo de cada um" e deve ser construída por "razões e caminhos correctos para que os seus alicerces sejam firmes". Na mensagem, o Presidente manifestou ainda o desejo de aprofundar o diálogo com o papa. "Estamos ansiosos em ter uma oportunidade para, com Vossa Santidade, desenvolvermos este e outros temas que retratam a actual conjuntura internacional", declara. Na sua mensagem pelo Dia Mundial da Paz, Francisco referiu-se a "um mundo dilacerado" e a "uma violência que se exerce aos pedaços" e que tem como único resultado "desencadear represálias e espirais de conflitos letais que beneficiam apenas a poucos senhores da guerra". Responder à violência com a violência, segundo o papa, "não é o remédio" e conduz, "na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos". O centro e norte do país estão a ser assolados há mais de um ano pela violência militar, na sequência da recusa da Renamo em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, alegando fraude e exigindo governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio. O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou a 03 de Janeiro o prolongamento por sessenta dias da trégua temporária declarada uma semana antes, após uma conversa telefónica com Filipe Nyusi, para dar tranquilidade às negociações de paz. No seguimento da trégua, Dhlakama e Nyusi acordaram igualmente um novo formato para as negociações, que inclui um grupo técnico especializado para discutir o processo de descentralização, um dos principais temas da agenda das conversações. As negociações estão a ser acompanhadas por uma equipa de mediação internacional, que inclui a Igreja Católica, através do núncio apostólico em Maputo, Edgar Pena, e do secretário da Conferência Episcopal de Moçambique, João Nunes. A equipa de mediação é chefiada por Mario Raffaeli, indicado pela União Europeia juntamente com o padre Angelo Romano, ambos ligados à organização católica Comunidade de Santo Egídio, que assumiu a mediação do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, ao fim de vários anos de trabalho da Igreja nacional na preparação das negociações. Fonte: Agência de notícias "Lusa" em "Sapo Online mz", 13.01.2017

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