sábado, 16 de fevereiro de 2019

SÁBADO – V SEMANA – T C – ANOS ÍMPARES – 16.02.2019


SÁBADO – V SEMANA – T C – ANOS ÍMPARES – 16.02.2019
Primeira leitura: Génesis 3, 9-24
O Senhor Deus deu esta ordem ao homem: «Não comas o da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás.» (v. 17). Não se trata de uma ameaça de Deus, mas de um aviso: fica a saber que, se fizeres isso, te acontecerá isto e aquilo. Deus revela um nexo de causa e efeito: o pecado produz a morte (cf. Gn 1, 15).
Mas a mulher, quando refere à serpente a palavra de Deus, introduz algumas ligeiras alterações que a mudam: «Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis´.» Nestas palavras pressente-se a ameaça de um castigo. Por isso é que a mulher nem sequer ousa tocar na árvore.
É significativo que também nós, hoje, chamemos “interrogatório” ao diálogo entre Deus e o homem, como se se tratasse de um acto judicial. Na realidade, trata-se de um puro acto de misericórdia. Deus procura o homem – «onde estás?» – para lhe dizer que não o abandona, apesar do pecado. Não se trata de perguntas intimidatórias, mas pedagógicas. Deus dirige-se a Adão e Eva como se não soubesse de nada, para os ajudar a tomar consciência do seu pecado.
As consequências do pecado são temperadas pela misericórdia. O homem não morre, como estava previsto. A sua vida terrena será penosa, como continuamos a verificar em nós mesmos, mas não é posta sob o signo do castigo e da maldição. A serpente é amaldiçoada. O homem e a mulher, não.
Evangelho: Marcos 8, 1-10
Mais importante que saber se se trata de um ou de dois prodígios diferentes, é conhecer as intenções querigmáticas do evangelista.
Toda esta secção parece orientada para realçar a finalidade da evangelização, incluindo o seu aspecto taumatúrgico, a saber: libertar o homem da alienação e de tudo o que ameaça a sua existência, não só no limite extremo entre a vida e a morte, mas também na sua acção de cada dia.
O evangelista parece querer realçar a multiplicação dos pães como prefiguração da eucaristia cristã e das suas implicações a favor dos pagãos. De facto, anota: «alguns vieram de longe» (v. 3b).
Além disso, a compaixão de Jesus é suscitada pela miséria física daquela gente que andava com Ele havia três dias. É este sentimento de compaixão que provoca o milagre. É esse mesmo sentimento que há-de levar à partilha na comunidade, em favor dos carenciados.
«Arrancarás alimento à custa de penoso trabalho», lemos na primeira leitura (v. 17). O evangelho, ao referir a milagrosa multiplicação dos pães, parece contradizer a palavra de Deus aos nossos primeiros pais. Que significa este contraste entre a primeira leitura e o evangelho? Significa que Jesus vai reparar completamente os pecados do homem, dando-lhe acesso à verdadeira prosperidade.
O relato do Génesis mostra-nos as consequências do pecado. O pecado separa-nos de Deus. Mas também dos nossos semelhantes: «Foi a mulher que trouxeste para junto de mim que me ofereceu da árvore e eu comi» (v. 12). Adão acusa a Deus e acusa a mulher! A mulher, por sua vez, também atira a culpa para a serpente: «A serpente enganou-me e eu comi» (v. 12).
O comportamento de Adão e de Eva é infantil. Não assumem as próprias responsabilidades e procuram atribuí-las a outros. Se pensarmos bem, também nós, por vezes, fazemos esse triste papel, criando separações entre nós.
O sofrimento vivido na vontade de Deus une; a alegria vivida fora da vontade de Deus separa. A unidade e a comunhão encontram-se na vontade de Deus ou, se preferirmos, no amor de Deus manifestado na sua vontade, que acolhemos e realizamos.
Mas a primeira leitura, além de situações deploráveis, também contém promessas. Logo que o homem pecou, Deus concebeu um projecto para reparar o pecado do homem e restabelecê-lo na comunhão Consigo e com os outros homens: «Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça », diz Deus à serpente (v. 15). Esta promessa realizou-se na história de Maria, Mãe de Jesus, e na história do próprio Jesus.
No Calvário, Maria foi solidária com Cristo na obra da nossa redenção, e foi solidária connosco, porque não se separou dos pecadores. Aceitou o sofrimento de Cristo, e uniu-se a ele, para redenção dos pecadores. Ofereceu-se com Cristo para glória de Deus e salvação dos homens.
Fonte: adaptação de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”

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