segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

3ª FEIRA - VII SEMANA - T C - ANOS ÍMPARES - 26 FEVEREIRO 2019


3ª FEIRA - VII SEMANA - T C - ANOS ÍMPARES - 26 FEVEREIRO 2019

Primeira leitura: Ben Sirá 2, 1-13 (gr. 1-11)

A tentação é um teste, uma prova à verdade ou à falta dela, quando nos propomos servir a Deus. Por isso, o capítulo 2 do Ben Sirá começa com as palavras: «Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação» (v. 1).

Logo a seguir, indica algumas regras práticas de comportamento para superar a provação: «Endireita o teu coração e sê constante, não te perturbes no tempo do infortúnio. Conserva-te unido a Ele e não te separes, para teres bom êxito no teu momento derradeiro. Aceita tudo o que te acontecer, e tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação» (vv. 2-4).

A provação é dura. Mas se usarmos os meios indicados, podemos superá-la e verificar a autenticidade do nosso compromisso.

Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter «medo» de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: «Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele» (v. 6).

O santo temor de Deus, assim entendido, é um excelente meio para superar a provação, a tentação. Ao terminar, o sábio lembra-nos que, para vencermos a provação, precisamos de um pouquinho da nossa boa vontade e de uma desmedida quantidade de amor divino:

«Porque o Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva no tempo da aflição. Ele é o protector dos que o procuram de coração sincero» (v. 11).

Evangelho: Marcos 9, 30-37

O segundo anúncio da paixão é mais seco do que o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão os autores da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas. Talvez porque conhecem as reacções de Jesus, e a sua própria cegueira.

Além disso, andavam ocupados com outros pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar uma comunidade e que os elementos fundadores eram eles. Preocupava-os a organização da comunidade. Até aí, não havia falta.

Mas também discutiam sobre quem deles seria o primeiro nessa comunidade. Jesus admite que tem que haver um «primeiro», mas não à maneira da sociedade civil. Por isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a servir com humildade. «Servir», em sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao próximo. Este «serviço» liberta do egoísmo, vício dominante do homem. Quem quiser ser o primeiro «há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 35).

Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas, sobretudo, no amor oblativo e desinteressado. Aquele que sabe ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus.

Por isso, coloca-se em atitude de acolhimento: «quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou» (v. 37). É comparável a uma criança que recebe tudo e a todos com simplicidade, humildade e pobreza, e se abandona confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.

Quando alguém se propõe servir a Deus, geralmente espera encontrar serenidade e receber logo, não talvez cem por um de quanto deu ao Senhor, mas, pelo menos, tranquilidade e paz. Mas Deus nem sempre permite que isso aconteça. Na primeira leitura de hoje avisa-nos mesmo: «Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação» (v. 1). Sendo assim, a provação não é um mal, mas um bem, um sinal do amor de Deus, a condição para crescermos no seu amor, para recebermos grandes graças. Por isso, continua: «tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação, porque no fogo se prova o ouro e os eleitos de Deus, no cadinho da humilhação.» (vv. 4-5).

Deus sabe que levamos em nós algo de muito precioso. Submete-nos à provação para que esse tesouro se torne mais belo e agradável aos seus olhos. Da nossa parte, nada mais convém fazer senão abandonar-nos e apoiar-nos no Senhor: «Confia em Deus e Ele te salvará» (v. 6).

A vida dos que pretendem servir o Senhor há-de ser recta e unificada pelo amor de Deus. Deve decorrer, não no medo, mas no temor de Deus, isto é, num profundo respeito, permeado de amor por Ele: «Ai do coração pusilânime, e das mãos desfalecidas, e do pecador que segue dois caminhos!» (2, 12).

O temor do Senhor é garantia dos favores divinos: «Vós, que temeis o Senhor, contai com a prosperidade, a alegria eterna e a misericórdia» (2, 9).

Jesus, o Servo de Deus por excelência, também passou pela provação. Quando se preparava para subir a Jerusalém, preparou os discípulos para não serem simples espectadores…

Consciente das dificuldades, foi-os educando progressivamente a diversos valores: à escolha do último lugar, à renúncia a miragens demagógicas, ao acolhimento dos que não contam, como as crianças. Procura prepará-los para a cruz, que não hão-de apenas pelo seu lado negativo, mas como caminho de ressurreição.

O mistério pascal nasce da combinação de paixão/morte e ressurreição. Os discípulos estavam sujeitos à tentação de pararem antes da chegada a Jerusalém, de arredarem caminho, de recorrem a atalhos ou caminhos mais largos. Era a provação dos discípulos há dois mil anos, e continua a sê-la também hoje. Se escutarmos o aviso do Ben Sirá - «Confia em Deus e Ele te salvará» - venceremos a provação e poderemos subir a Jerusalém para celebrar a sua e a nossa páscoa.

Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”

 

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