domingo, 14 de outubro de 2018

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B - 14 OUTUBRO 2018

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B - 14 OUTUBRO 2018 A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre as escolhas que fazemos; recorda-nos que nem sempre o que reluz é ouro e que é preciso, por vezes, renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna. Na primeira leitura - Sab 7,7-11- um “sábio” de Israel apresenta-nos um “hino à sabedoria”. Convida-nos a adquirir a verdadeira “sabedoria” (que é um dom de Deus) e a prescindir dos valores efémeros que não realizam o homem. O verdadeiro “sábio” é aquele que escolheu escutar as propostas de Deus, aceitar os seus desafios, seguir os caminhos que Ele indica. A “sabedoria” é um dom de Deus que o homem deve acolher com humildade e disponibilidade. Ela não chega a quem se situa diante de Deus numa atitude de orgulho e de auto-suficiência; ela não atinge quem se fecha em si próprio e constrói uma vida à margem de Deus; ela não encontra lugar no coração e na vida de quem ignora Deus, os seus desafios, as suas propostas. Talvez um dos grandes dramas do nosso tempo seja o prescindir de Deus e de passar com total indiferença ao lado das propostas de Deus. Dessa forma, construímos com frequência esquemas de egoísmo, de violência, de exploração, de ódio, que desfeiam o mundo e magoam aqueles que caminham ao nosso lado. Há valores efémeros e passageiros (o dinheiro, o poder, o êxito, a moda, o reconhecimento social…) que não podem ser absolutizados. Eles não são maus, por si próprios; não podemos é deixar que eles tomem conta da nossa vida, condicionem todas as nossas opções, nos escravizem de tal modo que nos levem a esquecer outros valores mais importantes e mais duradouros. Não se trata de nos fecharmos ao mundo, de renunciarmos definitivamente às coisas belas que o mundo nos pode oferecer e que nos dão segurança e estabilidade; trata-se de darmos prioridade àquilo que é realmente importante e que nos assegura, não momentos efémeros, mas momentos eternos de felicidade e de vida plena. A segunda leitura - Heb 4,12-13 - convida-nos a escutar e a acolher a Palavra de Deus proposta por Jesus. Ela é viva, eficaz, actuante. Uma vez acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a discernir o bem e o mal e a fazer as opções correctas, indica-lhe o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva. Essa Palavra é salvadora e libertadora; só ela indica ao homem o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva. Qual o lugar e o papel que a Palavra de Deus assume na minha vida? Sou capaz de encontrar tempo para escutar a Palavra de Deus, disponibilidade para a discutir e partilhar, vontade de confrontar a minha vida com as suas exigências? O que acontece é que escutamos, acolhemos e apreendemos outras “palavras” e passamos com indiferença ao lado da Palavra de Deus. É preciso voltarmos a “escutar” a Palavra de Deus – isto é, a ouvi-la com os nossos ouvidos, a acolhê-la no nosso coração, a deixarmos que ela nos transforme e se expresse em gestos concretos de vida nova. Sem o nosso “sim”, a Palavra de Deus não encontra lugar no nosso coração e na nossa vida. Para que esta Palavra seja eficaz é preciso que, com humildade e simplicidade, aceitemos questionar-nos, transformarmo-nos, convertermo-nos. O Evangelho - Mc 10,17-30 - apresenta-nos um homem que quer conhecer o caminho para alcançar a vida eterna. Jesus convida-o renunciar às suas riquezas e a escolher “caminho do Reino” – caminho de partilha, de solidariedade, de doação, de amor. É nesse caminho – garante Jesus aos seus discípulos – que o homem se realiza plenamente e que encontra a vida eterna. O “caminho do Reino” é um caminho de despojamento de si próprio, que tem de ser percorrido no dom da vida, na partilha com os irmãos, na entrega por amor. O discípulo que quer integrar a comunidade do Reino deve estar sempre numa atitude radical de partilha, de solidariedade, de doação. A vida eterna passa pela adesão a esse Reino que Ele veio anunciar. Jesus, com a sua vida, com as suas propostas, com os seus valores, veio propor aos homens o caminho da vida eterna. Quem quiser “alcançar a vida eterna” tem de olhar para Jesus, aprender com Ele, segui-l’O, fazer da própria vida – como Jesus fez da sua vida – uma escuta atenta das propostas de Deus e um dom de amor aos irmãos. Muitas vezes, a lógica do mundo sugere que a vida eterna está na acumulação de dinheiro, na concretização dos nossos sonhos de “ter” mais coisas, na conquista de poder, no reconhecimento social, nos privilégios que conquistamos. A história do homem rico, que buscava a vida eterna mas não estava disposto a prescindir da sua riqueza, alerta-nos para a impossibilidade de conjugar a vida eterna com o amor aos bens deste mundo. A riqueza escraviza o coração do homem, absorve todas as suas energias, desenvolve o egoísmo e a cobiça, leva o homem à injustiça, à exploração, à desonestidade, ao abuso dos irmãos… Jesus garante que não se trata de um caminho de fracasso e de perda, mas de um caminho que realiza plenamente os sonhos e as necessidades dos homens que O escolheram. Seguir o “caminho do Reino” não é, portanto, aceitar viver infeliz e sacrificado nesta terra, com a esperança de uma recompensa no mundo que há-de vir; mas é, livre e conscientemente, escolher um caminho de vida plena, de realização, de alegria, de felicidade. O cristão não é um pobre coitado condenado a passar ao lado da vida e da felicidade; mas é uma pessoa que renunciou a certas propostas falíveis e parciais de felicidade, pois sabe que a vida plena está em viver de acordo com os valores eternos propostos por Jesus. Fonte: um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia!”

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