terça-feira, 14 de agosto de 2018

TERÇA-FEIRA – XIX SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 14 AGOSTO 2018

TERÇA-FEIRA – XIX SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 14 AGOSTO 2018 Primeira Leitura: Ezequiel, 2, 8-3,4 O sacerdote Ezequiel, que caíra de rosto por terra, fulminado pela glória de Javé, ergue-se, agora, em virtude da força do Espírito que nele entrou. De pé, consciente das suas faculdades, escuta três palavras de Deus: «Filho de homem» (v. 8), «vai falar» (3, 1), «à casa de Israel» (3, 1). O apelativo «Filho de homem» está cheio de sentido da transcendência divina, que Ezequiel experimenta fortemente, na sua fragilidade. O carisma profético é um dom absolutamente gratuito de Deus. Jesus usará o mesmo apelativo, «Filho de homem», para indicar o modo de estar connosco e de estar diante de Deus. Como aconteceu com outros grandes profetas, uma acção simbólica mostra como a palavra de Deus está na boca de um homem. Enquanto os lábios de Isaías foram purificados com uma brasa (cf. Is 6, 3-7), enquanto Deus introduziu a sua linguagem na garganta de Jeremias (cf. Jr 1, 9), agora dá-a num livro a Ezequiel, que já vive na civilização da escrita. Ezequiel come essa palavra, digere-a, assimila a vontade divina. Essa vontade revela-se na palavra divina, mas também na visão que o profeta tem das realidades. Para comunicar a palavra de Deus é preciso, primeiro, alimentar-se dela (3, 3). Em Ezequiel, o profetismo dá um passo em frente: o profeta não é chamado a “repetir” a palavra de Deus, mas a “repropor” o que recebeu d´Ele, a “repensar” a “traduzir” por palavras suas, a palavra de Deus. Só assim a mensagem divina pode chegar aos homens numa linguagem que eles entendam. A mensagem divina, que Ezequiel é chamado a comunicar, é muito vasta (cf. 2, 9b) e dolorosa: «Lamentações, gemidos e choros» (v. 10). Tira todas as ilusões àqueles que pensavem que Jerusalém, apesar de enfraquecida, havia de resistir aos invasores caldeus. Mas, para além da cólera de Deus, há-de manifestar-se a sua imensa misericórdia. Evangelho: Mateus 18, 1-5.10.12-14 O c. 18 contém o quarto discurso, dos cinco à volta dos quais gira o evangelho de Mateus. É o “Discurso eclesial”, no qual Jesus traça as características fundamentais da comunidade dos discípulos. Estes revelam a mentalidade comum, a daqueles que vêem a vida em sociedade como uma permanente tentativa de subir, mesmo à custa dos outros, para ocupar os lugares cimeiros, os postos de comando. É nesse contesto que interrogam Jesus: «Quem é o maior no Reino do Céu?» (v. 1). Jesus mostra-lhes o que realmente tem mais valor diante de Deus e ensina uma nova forma de vivência em comunidade. Como os antigos profetas, faz um gesto (o de colocar no centro uma criança), cujo sentido depois revela. Jesus recolhe a ideia da inversão das sortes no reino futuro, já amadurecida no rabinismo: põe no centro, não um adulto, ou uma pessoa tida por importante, mas uma criança. A criança precisa de tudo, depende dos grandes; é a «ovelhinha tresmalhada», que o pastor procura e cuida «mais do que as noventa e nove que não se tresmalharam» (v. 13). O discípulo deve ser como a criança, isto é, converter-se mudar de mentalidade e de comportamento. Deve saber “abaixar-se” e não tentar empoleirar-se nos primeiros lugares. O discípulo deve também acolher os pequeninos e não os desprezar, porque têm a dignidade do Senhor, são seu sacramento (v. 5). Há que procurá-los, para que nenhum se perca. A primeira leitura sugere que, se queremos ser válidas testemunhas de Deus, precisamos de nos alimentar da sua Palavra. Ezequiel transmite-nos esta mensagem com uma espécie de parábola: Deus «disse-me: «… come aquilo que te é apresentado, come este manuscrito e vai falar à casa de Israel.» … Deu-me o manuscrito a comer… Comi-o…Então, disse-me: «… dirige-te à casa de Israel, e leva-lhes as minhas palavras» (cf. 3, 1-4). Para levar a mensagem divina ao coração das pessoas, não é suficiente conhecê-la só com a inteligência. Precisamos de nos alimentar com ela, de a meditar, de a rezar. Precisamos de mastigar, de ruminar, a Palavra de Deus. Precisamos que ela passe da mente e do coração à nossa vida. Só então, está plenamente assimilada. Só então podemos pregá-la, testemunhá-la com eficácia. É um privilégio, uma graça, poder meditar a palavra, saboreá-la, contemplar a sua beleza, a sua profundidade: «na minha boca, foi doce como o mel», escreve o profeta (v. 3). O Apocalipse acrescente que a Palavra, doce como o mel na boca, se torna amarga nas entranhas (10, 9), pois leva consigo exigências nem sempre fáceis de cumprir, especialmente o testemunho, que exige esforço e, muitas vezes, sofrimento. No rolo oferecido ao profeta, estavam escritos «Lamentações, gemidos e choros» (v. 10). A Palavra de Deus, doce na boca, e amarga nas entranhas, transmite a plenitude da alegria e da vida. Na comunidade, o testemunho da Palavra há-de passar, sobretudo, pelo testemunho de uma vida sem pretensões, uma vida semelhante à das crianças, que aceitam a sua pequenez, a sua impotência perante a vida, a necessidade que tem dos outros, particularmente dos pais. O melhor testemunho é o da simplicidade e o do serviço humilde. Mas ambos são fruto da alegria de sermos, e nos sentirmos, filhos de Deus (Mt 5, 3s.; 11, 25). A missão pode e deve ser realizada já pela simples presença e pelo testemunho vivo da vida cristã, isto é, de uma vida à imagem da de Cristo que sendo «o Primeiro» (Cl 1, 18), se fez o último, o servo de todos. Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de. “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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