segunda-feira, 30 de julho de 2018

TERÇA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 31 JULHO 2018

TERÇA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 31 JULHO 2018 Primeira leitura: Jeremias 14, 17-22 Jeremias não se limitou a controvérsias e oráculos condenatórios contra o seu povo, atraíndo antipatias e ódios de morte. O profeta amava o seu povo, e sofria por primeiro, quando se via obrigado a anunciar acontecimentos desagradáveis. E orava pelo seu povo, como nos revela o texto que hoje escutamos. Durante uma liturgia penitencial, ou durante o cerco de Jerusalém, o profeta precisou de desabafar, sabendo que era essa também a vontade de Deus. Depois de descrever a situação deplorável do país, ferido de morte e sem chefes à altura da situação (vv. 17ss.), Jeremias faz uma oração de súplica. Intercede pelo povo diante de Deus. Apela para a Aliança, em virtude da qual Deus não se pode esquecer de Israel. Recorda a promessa de salvação e de paz, que não existem (v. 19), e interpela o Senhor a não faltar à sua Aliança, a não abandonar o seu povo. Israel, embora tenha pecado, reconhece, agora, a sua infidelidade, e sente-se sem argumentos, sem méritos para apresentar e se defender dos castigos com que é ameaçado. Jeremias suplica, confiando na fidelidade de Deus e no seu modo de actuar, que não pode ser contrário à sua essência, que é amor, misericórdia, indulgência (cf. Jer 14, 21). O profeta confia em Deus e confia-Lhe o seu povo, cuja sorte lamenta vivamente. Evangelho: Mateus 13, 36-43 O Evangelho oferece-nos várias parábolas para nos ensinar como é que Deus faz chegar a sua Palavra aos homens. A parábola do joio no campo alerta-nos para a existência de outro semeador: o semeador do mal. Onde Deus semeia, também Satanás semeia. A acção do semeador do mal caracteriza-se por acontecer durante a noite, enquanto os criados dormem. Durante o dia, não seria possível uma tal acção. A separação entre o que é bom e o que é mau só terá lugar no momento da ceifa, isto é, no dia do juízo final (cf. Mt 9, 37; Mc 4, 29; Jo 4, 35). Quando chega o tempo da ceifa – não antes, para não arrancar também o trigo – o dono dirá aos ceifeiros que cortem o trigo e o joio, e que os separem: o joio vai para queimar e o trigo é guardado no celeiro. Esta parábola parece querer que responder a uma questão surgida nas primeiras comunidades: porque existem bons e maus cristãos na Igreja? A resposta é: tanto Deus como Satanás semeiam a sua semente. Deus tolera essa sementeira, e o crescimento e a maturação de ambas as sementes, para dar aos maus oportunidade de conversão. Jeremias dá-nos exemplo de oração em tempo de calamidade. Trata-se uma súplica angustiada, não motivada por qualquer sofrimento pessoal, mas pela compaixão pelo sofrimento do seu povo: «Derramem os meus olhos lágrimas noite e dia, sem descanso porque a jovem, filha do meu povo, foi ferida com um golpe terrível, e sua chaga não tem cura!» (v. 17). A «filha do meu povo» é Jerusalém, mergulhada em grande sofrimento por causa de uma seca prolongada, que provoca uma onda de crimes, de banditismo: «Se saio aos campos, eis os mortos à espada; se regresso à cidade, eis os dizimados pela fome. Até profetas e sacerdotes vagueiam pelo país, sem nada compreenderem» (v. 18). Jeremias sente que, no meio da desgraça, pode fazer alguma coisa: compadecer-se, sofrer com os outros, rezar. E sofre e reza com o seu povo, pelo seu povo. Começa por interrogar a Deus, de modo insistente e atrevido: «Acaso, rejeitaste inteiramente Judá? Porventura, sentes nojo de Sião? Porque nos feriste sem esperança de cura? Esperávamos a paz, mas nada há de bom; esperávamos a hora do alívio, mas só vemos angústia!» (v. 19). Depois, sabendo que as calamidades têm sempre origem na infidelidade à Lei de Deus, na injustiça, e no desprezo das outras pessoas, confessa os pecados do seu povo, e responsabiliza-se por eles: «Senhor! Conhecemos a nossa culpa e a iniquidade dos nossos pais. Pecámos realmente contra ti» (v. 20). Finalmente, apela para a generosidade de Deus: «por amor do teu nome, não nos abandones nem desonres o trono da tua glória. Lembra-te de nós não anules a tua aliança connosco» (v. 21). Em qualquer circunstância, mesmo no pior pecado, em vez de nos abandonarmos ao desespero, há que renovar a confiança no coração misericordioso de Deus, e rezar e suplicar Àquele que pode trazer remédio às piores situações. É isso faz o profeta: «Nós esperamos em ti, pois és Tu quem faz todas estas coisas» (v. 22). Deus, que tudo criou, que estabeleceu a Aliança, permanece fiel. Como o joio, no meio do trigo, o mal está presente em todo o lado, também naquelas realidades que são sinal da santidade de Deus, e que gostaríamos de ver imunes de pecado. Quando Santo Agostinho fala da Igreja «santa e pecadora», está consciente da presença do mal na comunidade cristã, que todavia é sacramento da presença de Deus no mundo. S. Paulo experimenta essa realidade quando afirma que gostaria de fazer o bem, mas faz o mal (cf. Rm 7, 19). A Igreja não é uma comunidade de “puros”, de intocáveis pelo mal, mas uma comunidade de pecadores que experimentaram o amor misericordioso que perdoa e salva. Tomar consciência desta realidade é caminho para aquela humildade que atrai as complacências de Deus e a simpatia dos outros. Como Jeremias, sentimos uma certa solidariedade com os irmãos pecadores, porque não nos julgamos melhores do que eles. E rezamos por eles, mas também por nós, para sermos confirmados na opção tomada de pertencer ao Senhor. Como cristãos unimo-nos, «à intercessão de Cristo» (cf. Hb 7, 25), e sentimo-nos «chamados a colocar toda a nossa vida ao serviço da Aliança de Deus com o seu Povo. Senhor, quantas vezes me atiro contra o que está mal no mundo e na Igreja! Quantas vezes descarrego a minha fúria puritana contra este ou contra aquele, que é ou julgo pecador! Hoje, quero pedir-te por todos: pelos que praticam injustiças, pelos que fazem opções pouco respeitosas da dignidade e unicidade da pessoa humana, pelos que só pensam nos seus interesses… Mostra, mais uma vez, a tua indulgência, a tua paciência, a tua misericórdia para com todos. Continua a dar tempo e oportunidade de conversão a todos, também a mim. Dá-me um coração semelhante ao teu: indulgente, tolerante, misericordioso. Que, vendo facilmente o mal fora de mim, saiba também vê-lo em mim. Não Te canses de perdoar o meu excesso de zelo, a minha rigidez. Derrama o teu Espírito Santo sobre mim, e sobre todos os meus irmãos, para que façamos o bem e não o mal, para que contribuamos, cada um a seu modo, para um mundo mais feliz e uma Igreja mais santa. Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”

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