16º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B - 22 JULHO 2018
A liturgia
deste Domingo dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas “ovelhas
sem pastor”. Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na
oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.
Na primeira leitura (Jer 23,1-6), pela voz do profeta Jeremias,
Jahwéh condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os
seus próprios projectos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele
próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida
em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
Antes de mais, o nosso texto mostra a preocupação de Deus com a vida e a felicidade do seu Povo. Nos momentos conturbados da nossa história (colectiva ou pessoal) sentimo-nos, muitas vezes, órfãos, perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e das marés… As catástrofes que afectam o mundo, os conflitos que dividem os povos, a miséria que toca a vida de tantos dos nossos irmãos, os perigos dos fundamentalismos, as mudanças vertiginosas que o mundo todos os dias sofre, a perda dos valores em que apostávamos, as novas e velhas doenças, as crises pessoais, os problemas laborais, as dificuldades familiares trazem-nos a consciência da nossa pequenez e impotência frente aos grandes desafios que o mundo hoje nos apresenta. Sentimo-nos, então, “ovelhas” sem rumo e sem destino, abandonadas à nossa sorte. Por vezes, no nosso desespero, apostamos em “pastores” humanos que, em lugar de nos conduzirem para a vida e para a felicidade, nos usam para satisfazer a sua ânsia de protagonismo e para realizar os seus projectos egoístas…
A Palavra de Deus que nos é proposta neste
domingo garante-nos que Deus é o “Pastor” que se preocupa connosco, que está
atento a cada uma das suas “ovelhas”; Ele cuida das nossas necessidades e está
permanentemente disposto a intervir na nossa história para nos conduzir por
caminhos seguros e para nos oferecer a vida e a paz. É n’Ele que temos de
apostar, é n’Ele que temos de confiar. Esta constatação deve ser, para todos os
crentes, uma fonte de alegria, de esperança, de serenidade e de paz.
Este texto
toca-nos a todos, pois todos somos, de alguma forma, responsáveis pelos irmãos
que caminham connosco. Convida-nos a reflectir sobre a forma como tratamos os
irmãos, na família, na Igreja, no emprego, em qualquer lado… Recorda-nos que os
irmãos que caminham connosco não estão ao serviço dos nossos interesses
pessoais e que a nossa função é ajudar todos a encontrar a vida e a felicidade.
Na segunda
leitura, Ef 2,13-18, Paulo fala aos cristãos da comunidade de Éfeso
da solicitude de Deus pelo seu Povo. Reunidos na família de Deus, os discípulos
de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão,
inimizade, ficou definitivamente superado.
A
constatação de que para Deus não há distinções e todos são, igualmente, filhos
amados – para além das possíveis diferenças rácicas, étnicas, sociais ou
culturais – é algo que nos tranquiliza, que nos dá serenidade, esperança e paz.
O nosso Deus é um pai que não marginaliza nenhum dos seus filhos; e, se tem
alguma predilecção, não é por aqueles que o mundo admira e endeusa, mas é pelos
mais débeis, pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos que mais sofrem.
O que é
verdadeiramente importante, na perspectiva de Deus é ter disponibilidade para
acolher a vida que Ele oferece e para aderir à proposta de caminho que Ele faz.
A comunidade
cristã é uma família de irmãos, que partilham a mesma fé e a mesma proposta de
vida. É um “corpo”, formado por uma grande diversidade de membros, onde todos
se sentem unidos em Cristo e entre si numa efectiva fraternidade.
No mundo de
hoje subsistem muros . Nós, os
discípulos desse Cristo temos o dever de dar testemunho da paz e da unidade e
de lutar objectivamente contra todas as barreiras que separam os homens.
O Evangelho (Mc 6,30-34),. Os discípulos de Jesus são as
testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e
mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem
pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como
referência… Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir
ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com
Ele os projectos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra
de Jesus.
As vítimas
da economia global, os estrangeiros que buscam noutro país condições dignas de
vida e são empurrados de um lado para o outro, os doentes ,os idosos
abandonados pela família, as crianças que crescem nas ruas, aqueles que a vida
magoou e que ainda não conseguiram sarar as suas feridas, encontram em cada um
de nós, discípulos de Jesus, o amor, a bondade e a solicitude de Deus?
Jesus é que
dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes
fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o se
empenho.
A comoção de
Jesus diante das “ovelhas sem pastor” é sinal da sua preocupação e do seu amor.
Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos os
sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e
necessidades dos nossos irmãos. Todo o homem é nosso irmão e tem direito a
esperar de nós um gesto de bondade e de acolhimento. O nosso coração tem de
doer, a nossa consciência tem de questionar-nos, quando vimos um homem ou uma
mulher (nem que seja um desconhecido, nem que seja um estrangeiro) ser magoado,
explorado, ofendido, marginalizado, privado dos seus direitos e da sua
dignidade. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus os sofrimentos do
irmão.
Fonte: adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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