Solenidade da Epifania do Senhor – Ano B
Subsídio litúrgico para a reflexão e a Homilia
A liturgia
deste domingo celebra a manifestação de
Jesus a todos os homens… Ele é uma “luz” que se acende na noite do mundo e
atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projecto libertador que o Pai
nos queria oferecer, essa “luz” incarnou na nossa história, iluminou os
caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura (Is 60,1-6), anuncia a chegada da
luz salvadora de Jahwéh, que transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de
Deus povos de todo o mundo.
Como pano de
fundo deste texto está a afirmação da eterna preocupação de Deus com a vida e a
felicidade desses homens e mulheres a quem Ele criou. Sejam quais forem as
voltas que a história dá, Deus está lá, vivo e presente, acompanhando a
caminhada do seu Povo e oferecendo-lhe a vida definitiva. Esta “fidelidade” de
Deus aquece-nos o coração e renova-nos a esperança… Caminhamos pela vida de
cabeça levantada, confiando no amor infinito de Deus e na sua vontade de salvar
e libertar o homem.
É preciso, sem dúvida, ligar a chegada da
“luz” salvadora de Deus a Jerusalém com o nascimento de Jesus. O projecto de
libertação que Jesus veio apresentar aos homens será a luz que vence as trevas
do pecado e da opressão e que dá ao mundo um rosto mais brilhante de vida e de
esperança.
Reconhecemos em
Jesus a “luz” libertadora de Deus? Estamos dispostos a aceitar que essa “luz”
nos liberte das trevas do egoísmo, do orgulho e do pecado? Será que, através de nós, essa “luz” atinge o mundo e o coração dos
nossos irmãos e transforma tudo numa nova realidade?
Na catequese cristã dos primeiros tempos, esta
Jerusalém nova, que já “não necessita de sol nem de lua para a iluminar, porque
é iluminada pela glória de Deus”, é a Igreja – a comunidade dos que aderiram a
Jesus e acolheram a luz salvadora que Ele veio trazer (cf. Ap 21,10-14.23-25).
Será que nas nossas comunidades cristãs e religiosas brilha a luz libertadora
de Jesus? Elas são, pelo seu brilho, uma luz que atrai os homens? As nossas
desavenças e conflitos, a nossa falta de amor e de partilha, os nossos ciúmes e
rivalidades, não contribuirão para embaciar o brilho dessa luz de Deus que
devíamos reflectir?
Será que na nossa Igreja há espaço para todos
os que buscam a luz libertadora de Deus? Os irmãos que têm a vida destroçada são acolhidos, respeitados e amados? As
diferenças próprias da diversidade de culturas são vistas como uma riqueza que
importa preservar, ou são rejeitadas porque ameaçam a uniformidade?
A segunda leitura (Ef 3,2-3a.5-6), apresenta o
projecto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade,
juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de
Jesus.
A perspectiva
de que Deus tem um projecto de salvação para oferecer ao seu Povo – já
enunciada na primeira leitura – tem aqui novos desenvolvimentos. A primeira
novidade é que Cristo é a revelação e a
realização plena desse projecto. A segunda novidade é que esse projecto não
se destina apenas “a Jerusalém” (ao mundo judaico), mas é para ser oferecido a
todos os povos, sem excepção.
A Igreja,
“corpo de Cristo”, é a comunidade daqueles que acolheram “o mistério”. Nela,
brancos e negros, pobres e ricos,– beneficiários todos da acção salvadora e
libertadora de Deus – têm lugar em igualdade de circunstâncias. Temos,
verdadeiramente, consciência de que é nesta comunidade de crentes que se revela
hoje no mundo o projecto salvador que Deus tem para oferecer a todos os homens?
Na vida das nossas comunidades transparece, realmente, o amor de Deus? As
nossas comunidades são verdadeiras comunidades fraternas, onde todos se amam
sem distinção de raça, de cor ou de estatuto social?
Destinatários,
todos, do mistério, somos “filhos de Deus” e irmãos uns dos outros. Essa
fraternidade implica o amor sem limites, a partilha, a solidariedade…
Sentimo-nos solidários com todos os irmãos que partilham connosco esta vasta
casa que é o mundo? Sentimo-nos responsáveis pela sorte de todos os nossos
irmãos, mesmo aqueles que estão separados de nós pela geografia, pela
diversidade de culturas e de raças?
No Evangelho, (Mt 2,1-12), vemos a concretização dessa promessa: ao encontro
de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra…
Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n’O com esperança até O
encontrar, reconhecem n’Ele a “salvação de Deus” e aceitam-n’O como “o Senhor”.
A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se agora um dom que
Deus oferece a todos os homens, sem excepção.
Em primeiro
lugar, meditemos nas atitudes das várias
personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os
“magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo…
Diante de Jesus, o libertador enviado por Deus, estes distintos personagens
assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os “magos”), até à rejeição
total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum
deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos
textos sagrados). Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil
“conhecer as Escrituras”, como profissionais da religião e, depois, deixar que
as propostas e os valores de Jesus nos passem ao lado?
Os “magos” são apresentados como os “homens
dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de
ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus?
Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso caminho a vontade de
Deus?
Impressiona também, no relato de Mateus, a
“desinstalação” dos “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo
e vieram procurar Jesus. Somos capazes
da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados … à nossa
televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar
tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
Os “magos”
representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que
acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a
imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas
cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/liturgia/portal”
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