terça-feira, 12 de setembro de 2017

LITURGIA SEMANAL. SUBSÍDIO PARA A IV FEIRA DA XXIII SEMANA DO TEMPO COMUM.



Quarta-feira – XXIII Semana –
Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Colossenses 3, 1-11.
Depois da tese do morrer e ressuscitar com Cristo, Paulo passa para o campo da moral cristã, que daí decorre. É curioso notar que o Apóstolo não apresenta um código moral muito diferente do que havia de melhor na cultura helenista. A lista dos vícios e das virtudes é semelhante.
Mas há uma diferença fundamental: a dimensão cristológica. O crente forma uma realidade nova em Cristo, participa das vicissitudes de Cristo e, portanto, reveste-se do homem novo, «que não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador» (cf. v. 10). A transformação interior exige uma transformação exterior. 

A novidade de vida indica o «homem novo», em construção.
A renovação pessoal de cada homem leva à renovação da realidade social. Por isso é que, em Cristo, não existem as habituais discriminações de sexo, de raça, de família, «mas Cristo, que é tudo e está em todos» (v. 11). A transformação interior de cada homem leva à transformação das relações sociais.

Evangelho: Lucas 6, 20-26.

Lucas reduz as bem-aventuranças a quatro, acrescentando os quatro «ai de vós». Tanto as oito bem-aventuranças de Mateus, como as quatro de Lucas, podem reduzir-se a uma só: a bem-aventurança de quem acolhe a palavra de Deus na pregação de Jesus e procura adequar a vida a essa palavra. O verdadeiro discípulo de Jesus é, ao mesmo tempo, pobre, manso, misericordioso, fazedor de paz, puro de coração, etc. Pelo contrário, quem não acolhe a novidade do Evangelho merece todas as ameaças que, na boca de Jesus, correspondem a profecias de tristeza e de infelicidade. O texto de Lucas caracteriza-se pela contraposição ente o «já» e o «ainda não», entre o presente histórico e o futuro escatológico. Obviamente a comunidade para a qual Lucas escrevia precisava de ser alertada para a necessidade de traduzir a sua fé em gestos de caridade evangélica, mas também para a de manter viva a esperança, pela total adesão à doutrina, ainda que radical, das bem-aventuranças evangélicas.

Depois de nos ter convidado a dar abundantes graças a Deus pelos seus dons, – «transbordem em acção de graças» (Cl 6, 7) -, Paulo retira algumas conclusões para a nossa vida de cristãos: «Já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto… Aspirai às coisas do alto» (cf. vv. 1-2). Há, pois, que pensar na felicidade que Deus nos promete no céu. Essa esperança enche-nos de ânimo para vivermos a nossa fé no meio de tantas tribulações. Mas não nos pode fazer esquecer os compromissos terrenos. «As coisas do alto» não são apenas a felicidade futura no paraíso. São, sobretudo, as coisas espirituais de agora, aquilo a que Paulo chama «o fruto do Espírito»: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 22s.). 

Para o cristão, a vida eterna já começou. A vida com Cristo ressuscitado começa na terra, quando recebemos o baptismo. É por isso que Paulo exorta os Colossenses: «Já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto», procurai, na vida concreta, os verdadeiros valores. Não o dinheiro, o poder, o prazer… Buscai o progresso na comunhão entre todos, o progresso no amor. Procurai a paz. A mansidão vence a violência.
Cada dia havemos de morrer e ressuscitar, viver o mistério pascal com Cristo. Uma parte de nós tem de permanecer na morte, enquanto outra deve desenvolver-se: «Crucificai os vossos membros no que toca à prática de coisas da terra» (v. 5). Entre estas coisas, Paulo refere, em primeiro lugar, a imoralidade na vida sexual. Depois aponta os vícios relacionados com a busca do dinheiro. Finalmente refere tudo o que atenta contra a comunhão fraterna: «contendas, ciúmes, fúrias, ambições, discórdias, partidarismos, invejas» (Gl 5, 20s.). «Não mintais uns aos outros», recomenda (v. 9), porque sois membros do Corpo de Cristo e «vos despistes do homem velho, com as suas acções, e vos revestistes do homem novo, aquele que… não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador» (v. 9s.).
O cristão não foge do mundo, mas procura transformá-lo positivamente, inserindo nele os valores verdadeiros. 

Paulo não encontra expressões suficientemente fortes para dizer esta força, esta potência divina de que dispomos. Cristo põe-na à nossa disposição, para que possamos vencer o mal e a morte, para que possamos renovar o mundo no amor. O Senhor só nos pede aquilo que Ele próprio nos capacita a fazer. Estejamos sempre abertos para acolher esta força transformadora, recreadora.

Fonte: resumo e adaptação de um texto de "dehonianos.org/portal/liturgia"

Sem comentários:

Enviar um comentário