sábado, 6 de maio de 2017

SUBSÍDIO PARA A ORAÇÃO E A HOMILIA DO IV DOMINGO DA PÁSCOA




4º Domingo da Páscoa. Ano A.

Domingo do Bom Pastor, Dia Mundial de Oração pelas Vocações… A introdução à celebração deve ter em conta essa intenção. Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe hoje à nossa reflexão.

A primeira leitura (Actos 2,14a.36-41) traça o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se, ser baptizado, e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).

• Esta leitura  apresenta-nos a lógica de  Deus que não se conforma com o facto de as pessoas rejeitarem a sua oferta de salvação e que insiste em desafiá-los, em acordá-los, em questioná-los, até que eles percebam onde está a verdadeira vida e a verdadeira felicidade. Este Deus é, verdadeiramente, o Pastor que nos conduz para as nascentes de água viva.

• Perante as palavras de Pedro, os membros da comunidade judaica perguntam: “que havemos de fazer, irmãos?” É a atitude de quem toma consciência dos caminhos errados, percebe o sem sentido de certos comportamentos e valores, aceita questionar as suas certezas e seguranças, para aceitar os desafios de Deus. 

Trata-se de uma atitude corajosa: é mais fácil continuar comodamente instalado na sua auto-suficiência, do que “dar o braço a torcer” e reconhecer, com humildade, a necessidade de eliminar os preconceitos,  de admitir as falhas, os limites, as incoerências.

 Aceito questionar-me, estou disposto a admitir os meus limites, procuro humildemente o caminho certo, ou sou daqueles que nunca me engano e raramente tenho dúvidas?

• “Convertei-vos” – pede Pedro aos seus ouvintes. Converter-se é deixar os velhos esquemas de egoísmo, de prepotência, de orgulho, de auto-suficiência que tantas vezes constituem a nossa a vida, para ir atrás de Jesus e aprender com Ele a amar, a servir, a dar a vida. 

Estou disponível para encarar a minha  conversão? O que é que, na minha vida, mais necessita de ser transformado, em termos de ideias, valores, comportamentos?

A segunda leitura  (1 Pedro 2,20b-25), apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. Este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. Seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
• Como devemos lidar com a injustiça e com a violência? Haverá uma violência justa e aceitável? Os fins justificam os meios? É a este tipo de questões que a nossa leitura responde. O autor não está interessado em grandes argumentações: propõe apenas o exemplo de Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem e foi preso, torturado, assassinado sem resistir, sem Se revoltar, sem responder “na mesma moeda” aos seus assassinos. É uma lógica incompreensível aos olhos do mundo… Mas é a lógica de Deus; e Jesus demonstrou que só este caminho conduz à ressurreição, à vida nova, O cristão é chamado a ser testemunha desta novidade: só o amor gera vida nova e transforma o mundo.

• Esta leitura apresenta Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. Seguir o Pastor é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.

 Cristo é, de facto, o meu “Pastor”, o modelo de vida que eu tenho sempre diante dos olhos? Quem é que eu ouço, quem é que eu sigo, quem é o meu modelo?

O Evangelho  (Jo 10,1-10), apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objectivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.

O Evangelho convida-nos a reflectir sobre o serviço da autoridade… Propõe como modelo o “Bom Pastor”, uma figura que oferece a vida, que serve, que respeita a liberdade das pessoas, que se dedica totalmente.

• Para os cristãos, “o Pastor” por excelência é Cristo: Ele recebeu do Pai a missão de conduzir o “rebanho” de Deus das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da morte para a vida.

 O nosso “Pastor” é, de facto, Cristo, ou temos outros “pastores” que nos arrastam e que à volta das quais construímos a nossa existência? 

O que é que e quem nos conduz ? Cristo? A voz da opinião pública? A voz dos  partidos e dos grupos? A voz do comodismo e da instalação? A voz do egoísmo e dos  privilégios? A voz do êxito e do triunfo a qualquer custo? A voz das telenovelas? A voz dos programas  televisião?

• Atentos na forma como Cristo desempenha a sua missão de “Pastor”: Ele conhece as “ovelhas” e chama-as pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação pessoal. Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, mas não força ninguém a segui-l’O: respeita absolutamente a liberdade de cada pessoa. É dessa forma que nos relacionamos com os outros? Aqueles que receberam de Deus a missão na família, de presidir a um grupo, de animar uma comunidade, exercem a sua missão no respeito absoluto pela pessoa, pela sua dignidade?

• As “ovelhas” do rebanho de Jesus têm de “escutar a voz” do “Pastor” e segui-l’O… Isso significa, concretamente, tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos. Atrevemo-nos a seguir o nosso “Pastor” (Cristo) no caminho exigente do dom da vida?

• Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Cristo e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições; mas convém igualmente ter presente que o nosso único “Pastor”, Aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Cristo. Os outros “pastores” têm uma missão válida, se a receberam de Cristo; e a sua actuação nunca pode ser diferente do jeito de actuar de Cristo.

• Para que distingamos a “voz” de Jesus de outros apelos, de propostas enganadoras,” que não conduzem à vida plena, é preciso a oração diária, um permanente diálogo íntimo com Deus na oração, um confronto permanente com a sua Palavra e a participação activa nos sacramentos onde se nos comunica essa vida que “o Pastor” nos oferece.

Fonte: adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/liturgia dominical>

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