quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

FALECEU O PE. LOURENÇO PISTELLI, MISSIONÁRIO EM MOLÓCUE, NAUELA E MUALAMA



P. LOURENÇO PISTELLI


 

Na tarde daquele mesmo dia Jesus disse aos seus discípulos: “Passamos para a outra margem”. (Mc 4,35)

Padre Lourenço Pistelli faleceu na madrugada do dia 19 de Fevereiro de 2017 na casa de Bolognano, na Itália. Nesta casa, reservada aos confrades anciãos e doentes, ele passou os seus últimos quatro anos.

Tinha nascido no dia 1 de Maio de 1923 a Léguinho, uma pequena aldeia nas colinas da Província de Reggio Emília na Itália, uma aldeia que deu muitas vocações para a vida religiosa e a vida sacerdotal. Passou os anos da escola secundária no Seminário Menor dos padres do Sagrado Coração de Jesus em Albino e o noviciado em Albissola, onde emitiu a sua primeira profissão a 29 de Setembro de 1942. Os anos de liceu e de teologia os passou em várias partes conforme a guerra mundial em curso naqueles anos obrigava a se refugiar. Foi ordenado sacerdote em Bologna no dia 25 de Junho de 1950.

Logo depois da ordenação sacerdotal manifestou o seu desejo de partir para as missões da África. Estas as palavras que escreveu no seu pedido: “As missões da África sempre foram o meu mais vivo desejo e, se o Coração de Jesus me chamar, Reverendo Padre, sou feliz de partir com a esperança de ser útil no meio daquele povo”.

Não sendo logo atendido, repetiu o pedido dois anos mais tarde, em 1952. Embora os médicos não aconselhassem este tipo de escolha por causa da sua saúde, os superiores aceitara e ele partiu para Moçambique.

Iniciou a sua atividade missionária na fundação e nos primeiros passos do Catequistado, antes em Alto Molócuè e depois em Nauela.

Mas a sua grande obra missionária foi na Missão de Pilima, em Mualama, no Distrito de Pebane. Ai ficou e trabalhou dando o melhor de si mesmo até ao ano de 1969, quando teve de regressar para Itália. Em Mualama, junto com os outros Padres, construiu todas as obras da missão: casa dos Padres e das Irmãs, igreja, lares para rapazes e para meninas, escolas, hospital, plantações de coqueiros e de cajueiros…, além do trabalho maior da evangelização, fundando comunidades cristãs e acompanhando-as no seu crescimento.

Uma das suas alegrias foi poder voltar, mesmo se por breves tempos, três vezes a Moçambique e poder rever lugares, pessoas, comunidades e reviver as emoções do encontro e da alegria de ver crescido o que ele tinha deixado.

O que foi bonito é que, regressando para Itália, não mudou o seu estilo de vida simples e imediato, acolhedor para com todos, quer no empenho de apoiar jovens objetores de consciência contro o serviço militar obrigatório, quer nos longos anos em que foi pároco em Banharola. Em Banharola fez de um povo disperso e bastante insensível à religião e à prática religiosa, uma comunidade paroquial unida, fervorosa e serviçal. Banharola, paróquia do campo, tornou-se também hospitaleira de grupos para retiros ou reflexões de grupos.

O que caraterizou sempre a vida do padre Lourenço foi o entusiasmo e a constância em levar a frente tudo o que, ao longo da sua vida, lhe foi confiado pela Congregação e pala Igreja.

Mesmo se o Padre deixou Moçambique há muitos anos, nos sentimos ligados a ele de uma forma particular, porque sempre viveu os problemas de Moçambique, quer políticos, quer eclesiais em primeira pessoa, sentindo e participando aos acontecimentos como se estivesse presente: o colonialismo, o entusiasmo da independência, a revolução, a guerra civil e o desejo de reconstrução nacional.

Ora encontra-se enterrado no cemitério da sua aldeia natal, em Léguinho. Nos sentimos solidários na oração com toda a Província Italiana scj, com os seus familiares e amigos e renovamos mais uma vez a nossa fé na Ressurreição do Senhor e na nossa própria ressurreição. Que o Senhor o acolha na sua bondade e lhe de o prémio de contemplar o seu rosto em eterno. E… um obrigado sentido ao Senhor por ter-nos concedido este Padre

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