quinta-feira, 19 de maio de 2016
REFLEXÃO DE D. FRANCISCO PARA A SEXTA FEIRA DA 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM
SEXTA FEIRA DA 7ª SEMANA DO TEMPO COMUM
1 Tgo 5,9-12; Mc 9, 41-50
No trecho da Carta de S. Tiago que acabamos de escutar, o Apóstolo se dirige a todos os membros da comunidade e exorta-os a viverem o tempo presente de modo positivo e confiante.
Ele põe em relevo olhar sobre o que é essencial e dá sentido á vida cristã: a vinda definitiva do Senhor. Os cristãos das primeiras comunidades viviam fortemente esta tensão que expressavam com o grito em língua aramaica: MANARATHA! Vem, Senhor Jesus recolhida como última palavra do Apocalipse (Ap. 22,20,), a sede ardente de Cristo no grito de S. Paulo (1 Cor.16,23).
Durante esta lunga espera, na qual os crentes somos chamados a afrontar provas e adversidades, o apóstolo Tiago mostra-nos dois exemplos do Antigo Testamento: os Profetas e Job. O senhor não desiludiu as esperanças de quem ficou fiel à Sua Palavra e de quem perseverou na fé. Agora, também não vai desiludir-nos.
S. Tiago acrescenta mais uma outra recomendação: para que este tempo de espera da revelação final seja tempo de serenidade e de edificação recíproca, convida-nos a evitar as murmurações e o juramento chamando em benefício egoísta o próprio Deus, e a enfrentar com empenho, seriedade, autenticidade e transparência a nossa existência, testemunhando dia a dia a nossa fé e fidelidade ao plano que Deus traçou para cada um de nós.
A História humana se desenvolve entre dois grandes polos: o polo da criação e o polo da vinda definitiva de Cristo; ou, dito com linguagem mais próxima e compreensiva: o polo do início da própria existência –no nosso nascimento- e o polo do fim da nossa vida –a nossa morte—. Entre esses polos se encontra o sentido da nossa existência: Deus ama-nos e e quer a nossa comunhão com ele e entre nós.
O tempo presente aparece como o hoje absoluto. O passado já não tem nada para nos dizer e o futuro não está ao nosso alcance, também não nos diz nada.
A Palavra de Deus dá-nos alguma luz sobre esta realidade do tempo que nos foge.
O nosso é tempo de paciência e de acção, isto é de espera operosa, confiante, segura nas mãos de Deus, porque Ele não nos deixou sós.
O nosso é tempo no qual concretizamos -damos corpo e história- a imagem e semelhança de Deus expressas em cada um de nós. É tempo para materializamos o mandato de “crescei, multiplicai-vos e dominai a terra” (Gén 1,28 ). É assim que deste modo cada um realiza o projecto originário de comunhão na diversidade.
Como dar forma concreta a este projecto originário de Deus nos meus projectos pessoais? Eis a grande pergunta que nos devemos fazer.
O Apóstolo Tiago convida a vivermos com transparência, sem duplicidade de comportamento, sem ambiguidades. Lembra-nos que há um passado do qual podemos tirar indicações úteis para a vida presente e que o futuro é algo que se constrói já no tempo presente.
Neste nosso tempo de satisfações imediatas, de projectos a breve termo, de memória evanescente, efémera, a Palavra de Deus da Liturgia de hoje é um farol luminoso para a nossa caminhada.
Oremos
Senhor, não estou a caminhar sem sentido, sem uma orientação, sem um horizonte definido.
A minha meta sois Vós.
Eu não aparecei nesta mundo por acaso. A minha origem sois Vós.
Sois Vós quem dá sentido e sabor as relações comigo próprio e com os meus irmãos, relações de fraternidade, de operosidade, de sentimentos e de afectos.
Senhor, fortalecei a minha vontade para conhecer profundamente o projecto originário que traçaste para cada mulher e para cada homem; e para conhecer alegria interior que a Vossa Palavra me revela.
Assim poderei dar o justo valor a todo o que é humano e recolher no meu tempo fugaz os fragmentos duradouro, reflexos do Absoluto.
Gurúè, 20-05-16
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