SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS
Primeira leitura: Isaías 58, 9b-14
Depois
da forte denúncia dos pecados do povo (Is 58, 1), a pedido de Deus, o profeta
passa à exortação. Exorta àquilo que hoje se poderia chamar a caridade fraterna
(vv. 9- 10a), motivada pela promessa da comunhão com Deus e da restauração do
país (vv. 10b-12).
Vem,
depois, a exortação ao respeito pelo sábado, agora visto a partir dos direitos
de Deus (v. 13) e a consequente promessa de felicidade no Senhor (v. 14). Por
outras palavras: primeiro Deus pede que seja afastado tudo o que divide o povo
em si mesmo (opressão, falsas acusações em tribunal, difamação).
Em
consequência, Deus promete a comunhão Consigo e a prosperidade. A reconstrução
da justiça social é condição para que também sejam restauradas as antigas
ruínas. Depois, vem a exigência de abandonar o eficientismo e retomar o sentido
do repouso sabático, com a consequente promessa de saborear a alegria do Senhor
e dos seus bens.
Evangelho: Lucas 5, 27-32
A
conversão de Levi concretiza a afirmação de Jesus:
«Não
foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecedores.» (v. 32).
Sintetiza toda a anterior acção de Jesus: a chamada dos primeiros discípulos,
homens simples e rudes; a cura do leproso, sem medo da impureza legal.
O
perdão dos pecados e a cura do paralítico. Agora, Jesus convida ao seguimento
um homem duplamente desprezível porque é um explorador profissional e um
colaboracionista do ocupante romano.
Jesus
revela a liberdade total das suas escolhas.
Trata-se
de uma liberdade que liberta, porque nasce do amor. Levi, «deixando tudo»,
pesos, amarras, «levantou-se» (anastás = o mesmo verbo que é usado para indicar
a ressurreição de Jesus) e seguiu-o». A libertação e a vida nova estão
orientadas para o seguimento de Jesus, para o discipulado.
Levi,
libertado e tornado discípulo, quer fazer da sua experiência um acontecimento
de graça para outros. Por isso, organiza um banquete em sua casa (v. 29).
«Não
são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não
foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (vv.
32-33).
Jesus
veio ao mundo para chamar o homem pecador à conversão e à comunhão com Deus.
Mas, para experimentarmos a Misericórdia, devemos reconhecer-nos doentes e
pecadores. Mas, por vezes, não é fácil colocar-nos entre os pecadores, porque,
temos consciência de, por graça de Deus, não ter cometido faltas graves. Mas
esta resistência em nos considerarmos pecadores, já é sinal de orgulho e de
egoísmo.
Cada
um de nós há-de reconhecer-se nos doentes a quem Jesus cura e em Levi a quem
Jesus perdoa. Só então poderemos experimentar a felicidade da Misericórdia que
cura e perdoa.
Há
que sentir-nos pecadores, solidários com os outros pecadores e dispostos a
carregar os seus pesos, tal como Jesus se fez solidário connosco e se dispôs a
carregar sobre Si o nosso pecado.
Pela
boca de Isaías, Deus exorta-nos à solidariedade e à partilha com os irmãos.
Jesus é, para nós, o exemplo perfeito dessa solidariedade e dessa partilha. Ele
partilhou a nossa vida e a nossa condição. Assumiu as nossas limitações e o
nosso pecado. Passou fazendo o bem a todos e acolhendo a todos. Reconhecendo a
misericórdia que usou para connosco, só a Ele havemos de procurar,
solidarizandonos com Ele na obra da redenção do mundo.
O
Evangelho é realmente Boa Nova para todos quantos nos sentimos carecidos da
misericórdia de Deus que nos cura e nos perdoa.
É
também Boa Nova para toda e qualquer pessoa humana, cuja dignidade defende de
modo intransigente, especialmente quando se trata de gente espezinhada pelos
outros, os pobres, os marginalizados (os leprosos), as pessoas desprezadas (os
pecadores, publicanos, prostitutas).
"O sábado foi feito para o homem - diz
Jesus - e não o homem para o sábado" (Mc 2, 27).
Para realçar a dignidade da pessoa humana,
Jesus realiza muitos milagres ao sábado (cf. Mc 3, 1-6; Lc 14, 1-6; Jo 5,
1-14). Para Jesus, fazer bem ao homem é o melhor modo de santificar o sábado.
“Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2, 17).
“Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2, 17).
"Em
verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes preceder-vos-ão no reino de
Deus" (Mt 21,31).
Fonte: Adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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