sábado, 23 de fevereiro de 2019

VII Domingo do Tempo Comum – Ano C


VII Domingo do Tempo Comum – Ano C
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A liturgia deste domingo exige-nos o amor total, o amor sem limites, mesmo para com os nossos inimigos. Convida-nos a pôr de lado a lógica da violência e a substituí-la pela lógica do amor.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo concreto de um homem de coração magnânimo (David) que, tendo a possibilidade de eliminar o seu inimigo, escolhe o perdão..
LEITURA I – 1 Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23
• A lógica da violência tem feito parte da história humana. Nos últimos cem anos conhecemos duas guerras mundiais e um sem número de conflitos resultantes dessa lógica. Como resultado, foram mortos muitos milhões de seres humanos e o mundo conheceu sofrimentos inqualificáveis. Depois disso, o medo de um holocausto nuclear traz-nos em suspenso e a violência quotidiana atinge, todos os dias, um número significativo de pessoas inocentes. Onde nos leva esta lógica? Ela não provou já os seus limites? Ainda acreditamos que a violência seja o princípio de um mundo melhor?
• É necessário também aplicarmos a reflexão sobre a violência à nossa vida pessoal… Como me situo face à lógica da violência e da agressão? Quando alguém tem pontos de vista diferentes dos meus, grito mais alto para o vencer, ou utilizo a violência física? Agrido-o na sua honra e na sua dignidade, se não puder vencê-lo pela força dos argumentos? A minha lógica é a do “olho por olho, dente por dente”, ou é a lógica do perdão e do amor?
• Qual a minha atitude face a esse valor supremo que é a vida humana? Há algo que justifique a morte do inimigo, a cadeira elétrica, a injeção letal, o tiro na nuca, o atentado terrorista, o enforcamento? À luz da Palavra de Deus que hoje nos é proposta, justifica-se a eliminação legal de pessoas (pena de morte)?
LEITURA II – 1 Cor 15, 45-49,
A segunda leitura continua a catequese iniciada há uns domingos atrás sobre a ressurreição. Podemos ligá-la com o tema central da Palavra de Deus deste domingo – o amor aos inimigos – dizendo que é na lógica do amor que preparamos essa vida plena que Deus nos reserva; e que o amor vivido com radicalidade e sem limitações é um anúncio desse mundo novo que nos espera para além desta terra.
 
• A ressurreição aparece, nesta perspetiva, como a passagem para uma nova vida, onde continuaremos a ser nós próprios, mas sem os limites que a materialidade do nosso corpo nos impõe. Será a vida em plenitude ou, como diz Karl Rahner, “a transposição no modo de plenitude daquilo que aqui vivemos no modo de deficiência”. A morte é o fim da vida; mas fim entendido como meta alcançada, como plenitude atingida, como nascimento para um mundo infinito, como termo final do processo de hominização, como realização total da utopia da vida plena. Sendo assim, haverá alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela o fim de tudo – uma espécie de barreira que põe definitivamente fim à comunhão com aqueles que amamos?
• Mais uma vez convém recordar que ver a morte e a ressurreição na perspetiva da fé é libertarmo-nos do medo: medo de agir, medo de atuar, medo de denunciar as forças de morte que oprimem os homens e desfeiam o mundo… Que temos a perder, quando nos espera a vida plena, o mergulho no horizonte infinito de Deus – onde nem o ódio, nem a injustiça, nem a morte podem pôr fim a essa vida total que Deus reserva aos que percorreram, neste mundo, os caminhos do amor e da paz?

EVANGELHO: Lc 6, 27-38
O Evangelho reforça esta proposta. Exige dos seguidores de Jesus um coração sempre disponível para perdoar, para acolher, para dar a mão, independentemente de quem esteja do outro lado. Não se trata de amar apenas os membros do próprio grupo social, da própria raça, do próprio povo, da própria classe, partido, igreja ou clube de futebol; trata-se de um amor sem discriminações, que nos leve a ver em cada homem – mesmo no inimigo – um nosso irmão
• No mundo em que vivemos, é um sinal de fraqueza e de cobardia não responder a uma agressão ou não pagar na mesma moeda a quem nos faz mal; e é um sinal de coragem e de força pagar o mal com o mal – se possível, com um mal ainda maior. Achamos, assim, que defendemos a nossa honra e o nosso orgulho e conquistamos a admiração dos que nos rodeiam. Estes princípios geram, inevitavelmente, guerras entre os povos, separações e divisões entre os membros da mesma família, inimizades e conflitos entre os colegas de trabalho, relacionamentos difíceis e pouco fraternos entre membros da mesma comunidade cristã ou religiosa. Porque não descobrimos, ainda, que este caminho é desumano? É possível acreditar que esta dinâmica de confronto nos torna mais livres e mais felizes?
• A nossa força e a nossa coragem manifestam-se, precisamente, na capacidade de inverter esta lógica de violência e de orgulho e de estender a mão a quem nos magoou e ofendeu. O cristão não pode recorrer às armas, à violência, à mentira, à vingança para resolver qualquer situação de injustiça que o atingiu. Esta é a lógica dos seguidores de Jesus, desse que morreu pedindo ao Pai perdão para os seus assassinos.
• A lógica de Jesus – a lógica dos seguidores de Jesus – é precisamente a única que é capaz de pôr um travão à violência e ao ódio. A violência gera sempre mais violência; só o amor desarma a agressividade e transforma os corações dos maus e dos violentos.
• Isto não significa ter uma atitude passiva e conivente diante das injustiças e das arbitrariedades; significa estar sempre disposto a dar o primeiro passo para o reencontro, para acolher o que falhou; significa ter gestos de bondade e de compreensão, mesmo para quem nos fez mal. Também não significa, obrigatoriamente, esquecer (felizmente, ou infelizmente, temos memória e não a podemos desligar quando nos apetece); mas significa não deixar que as falhas dos outros nos afastem irremediavelmente; significa ter o coração aberto ao nosso próximo – mesmo quando Ele é ou foi um “inimigo”.
Fonte: adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

CADEIRA DE S. PEDRO - 22 FEVEREIRO 2019


CADEIRA DE S. PEDRO - 22 FEVEREIRO 2019

A festa da Cadeira de S. Pedro, colocada no dia 22 de Fevereiro por um martiriológio muito antigo, é uma boa oportunidade para fazermos memória viva e atualizante do primeiro dos Apóstolos, Simão Pedro. Nascido em Cafarnaum, exercia a sua profissão de pescador quando se encontrou com Jesus de Nazaré. Deixou o trabalho, a casa e a família para seguir o Senhor. Os evangelhos deixam-nos entrever a sua personalidade simples, espontânea e simpática. Jesus escolheu-o como primeiro no grupo dos Doze. Com a festa que hoje celebramos, apoiando-nos no símbolo da cadeira, realçamos a missão de mestre e de pastor conferida a Pedro por Cristo. O Senhor fez assentar sobre ele, como sobre uma pedra, todo o edifício da Igreja.

Primeira Leitura: 1 Pedro 5, 1-4

O texto começa com uma autoapresentação do Apóstolo Pedro, que nos permite colher a sua identidade. Seguem-se algumas recomedações aos ansiãos que, com Pedro, carregam a honra e o peso das responsabilidades que Jesus lhe pôs sobre as costas (vv. 2s.). O Apóstolo transmite, não algo de seu, mas a missão que lhe foi confiada para ser partilhada e participada. Os que, na Igreja, são chamados a exercer um ministério hão-de deixar mover, não por interesse, mas por amor. A sua espiritualidade tem como caraterísticas o total serviço, a plena dedicação, a incondicionada fidelidade. Os que permanecerem fiéis receberão "a coroa imperecível da glória" das mãos do supremo Pastor (cf. v. 4).

Evangelho: Mateus 16, 13-19

No nosso texto, Jesus começa por interrogar os discípulos sobre o que se diz sobre Ele. As respostas que dão são parcialmente válidas, mas inexatas. É então que Jesus interroga os discípulos sobre o que pensam dele. Responde Pedro, em nome de todos: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo." (v. 16). Estas palavras são uma profissão de fé total, completa, que já tem o sabor da fé pascal. Estas palavras revelam também a identidade de Pedro como crente e representante de todos os crentes.
Na segunda parte do texto, temos temos uma série de palavras com as quais Jesus define a sua relação com Pedro e o ministério do Apóstolo em relação à Igreja (vv. 17-19). Pedro é bem-aventurado porque falou sob inspiração divina. O nome novo que Jesus dá a Pedro indica a sua missão de "pedra" fundamental e sólida do edifício que é a Igreja, a comunidade dos salvos. A entrega das chaves simboliza que é com Pedro e por meio de Pedro que Cristo realiza a salvação de todos.

«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?»... «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Em nome dos Doze, Pedro responde à pergunta de Jesus, não segundo o ponto de vista dos homens, mas segundo o ponto de vista de Deus: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Por isso, Jesus replica, proclamando-o bem-aventurado: «És feliz, Simão, filho de Jonas». Mas essa resposta é fruto de uma iluminação especial de Deus: «não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu» - diz-lhe Jesus.

Pedro personifica a Igreja. A sua resposta será a da Igreja iluminada pelo Espírito no Pentecostes. Simão Pedro recebeu essa luz antecipadamente, por causa da missão que Cristo lhe queria confiar: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo quanto ligares na terra ficará ligado nos Céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos Céus" (Mt 16, 18-19).» Bento XVI comenta assim estas palavras do Senhor: «As três metáforas às quais Jesus recorre são muito claras: Pedro será o fundamento, a rocha sobre o qual se apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do reino dos céus, para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, poderá ligar ou desligar, no sentido em que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece a Igreja de Cristo. [...]

Esta posição de preeminência que Jesus decidiu conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição (Mc 16, 7; Jo, 20, 2. 4-6). [...] Pedro será, entre os Apóstolos, a primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (Lc 24, 34; 1 Cor 15, 5). Este seu papel, realçado com decisão (Jo 20, 3-10), marca a continuidade entre a preeminência obtida no grupo apostólico e a preeminência que continuará a ter na comunidade que nasceu depois dos acontecimentos pascais. [...] Vários textos-chave relativos a Pedro podem ser relacionados com o contexto da Última Ceia, no decurso da qual Cristo confere a Pedro o ministério de confirmar os seus irmãos (Lc 22, 31ss.). [...] Esta contextualização do primado de Pedro na Última Ceia, no momento da instituição da Eucaristia, Páscoa do Senhor, indica também o sentido último deste primado: Pedro deve ser, para todos os tempos, o guardião da comunhão com Cristo; deve conduzir à comunhão com Cristo; deve preocupar-se por que a rede não se rompa (Jo 21, 11), para que possa perdurar a comunhão universal. Só juntos, podemos estar com Cristo, que é o Senhor de todos. A responsabilidade de Pedro é, pois, a de garantir a comunhão com Cristo pela caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade na vida de todos os dias».

Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia”

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

QUINTA FEIRA VI SEMANA TEMPO COMUM 21 fevereiro 2019


Tempo Comum - Anos Ímpares - VI Semana - Quinta-feira

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019


Tempo Comum - Anos Ímpares - VI Semana - Quarta-feira

domingo, 17 de fevereiro de 2019

VI DOMINGO DO T C – ANO C - 17 FEVEREIRO 2019


VI DOMINGO DO T C – ANO C  -  17 FEVEREIRO 2019
A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo leva-nos a reflectir sobre o protagonismo que Deus e as suas propostas têm na nossa existência.
A primeira leitura põe frente a frente a auto-suficiência daqueles que prescindem de Deus e escolhem viver à margem das suas propostas, com a atitude dos que escolhem confiar em Deus e entregar-se nas suas mãos. O profeta Jeremias avisa que prescindir de Deus é percorrer um caminho de morte e renunciar à felicidade e à vida plenas.

LEITURA I – Jer 17,5-8
Todos conhecemos a desilusão e a frustração que resultam da confiança traída. É uma experiência bem dolorosa confiar/esperar e receber traição/ingratidão. Em certos momentos extremos, parece que tudo se desmorona à nossa volta e que perdemos a vontade de continuar a construir a nossa vida. A leitura de hoje põe-nos de sobreaviso: tudo o que é humano é efémero, limitado, finito; só em Deus encontramos o rochedo seguro que não falha e que não nos decepciona.
O nosso mundo conhece espantosas construções no domínio da arte e da técnica… Abismamo-nos com os progressos da medicina, com os avanços tecnológicos,  instrumentos que nos facilitam a vida e nos permitem alcançar fronteiras nunca antes sonhadas No entanto, o que fizemos de Deus? Ele continua a ser a nossa indicação fundamental? É n’Ele que colocamos a nossa esperança? As conquistas da vida moderna, por mais impressionantes que nos possam parecer, são algo de efémero, de árido, de vazio e, às vezes, de monstruoso, se prescindimos dessa dimensão fundamental que é Deus.
LEITURA II – 1 Cor 15,12.16-20.
A segunda leitura, falando da nossa ressurreição – consequência da ressurreição de Cristo –, sugere que a nossa vida não pode ser lida exclusivamente à luz dos critérios deste mundo: ela atinge o seu sentido pleno e total quando, pela ressurreição, desabrocharmos para o Homem Novo. Ora, isso só acontecerá se não nos conformarmos com a lógica deste mundo, mas apontarmos a nossa existência para Deus e para a vida plena que Ele tem para nós.
A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo, sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila, confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direcção a esse desabrochar pleno, a essa vida total em que se revelará o Homem Novo.
• Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser – já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade; isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os homens nossos irmãos).
• Não é possível viver com medo, depois desta descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na medida em que nos comprometemos com esse mundo novo e o construímos com gestos concretos que estamos a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e das coisas.
EVANGELHO – Lc 6,17.20-26.
O Evangelho proclama “felizes” esses que constroem a sua vida à luz dos valores propostos por Deus e infelizes os que preferem o egoísmo, o orgulho e a auto-suficiência. Sugere que os preferidos de Deus são os que vivem na simplicidade, na humildade e na debilidade, mesmo que, à luz dos critérios do mundo, eles sejam desgraçados, marginais, incapazes de fazer ouvir a sua voz diante do trono dos poderosos que presidem aos destinos do mundo.

A proposta de Jesus apresenta uma nova compreensão da existência, bem distinta da que predomina no nosso mundo. A lógica do mundo proclama “felizes” os que têm dinheiro (mesmo quando esse dinheiro resulta da exploração dos mais pobres), os que têm poder (mesmo que esse poder seja exercido com prepotência e arbitrariedade), os que têm influência (mesmo quando essa influência é obtida à custa da corrupção e dos meios ilícitos); mas a lógica de Deus exalta os pobres, os desfavorecidos, os débeis: é a esses que Deus Se dirige com uma proposta libertadora e a quem convida a fazer parte da sua família.
Fonte: Resumo/adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/