3ª FEIRA - VIII SEMANA - T C - ANOS ÍMPARES - VIII SEMANA
- 5 MARÇO 2019
Primeira leitura: Ben Sirá 35, 1-12
Ben
Sirá é simultaneamente um ritualista e um moralista, isto é, um homem apegado
ao culto e apegado à Lei. Uma vez que vê o cumprimento da Lei como culto a
Deus, podemos dizer que predomina nele o espírito do culto:
«Aquele
que observa a Lei faz numerosas oferendas;oferece sacrifício salutar o que
guarda os preceitos» (v. 1).
Nos
versículos seguintes, o autor sagrado documenta um profundo conhecimento dos
diferentes actos de culto com que se honrava a Deus.
Com
a afirmação «a oblação do justo enriquece o altar, e o seu perfume sobe ao
Altíssimo. O sacrifício do justo é aceitável» (vv. 5-6ª), Ben Sirá relaciona o
compromisso ou santidade de vida com o rito de oferta no templo, antecipando e
satisfazendo aquela exigência de unidade/comunhão da pessoa que Mateus afirmará
de maneira categórica:
«Se
fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que
o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar,
e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a
tua oferta» (Mt 5, 23s.).
Ao
mesmo tempo, o autor sagrado, apela para a generosidade nas ofertas ao Senhor,
lembrando Ex. 23, 15:
«ninguém
se apresente diante de mim de mãos vazias»,
porque
«o Senhor retribuirá a dádiva, recompensar-te-á de tudo, sete vezes mais» (v.
7). O homem sábio experimentou repetidamente que, com Deus, nunca ficamos a
perder.
Evangelho: Marcos 10, 28-31
O
discurso de Jesus, depois do colóquio com o homem rico, deixou os discípulos
apavorados. Pedro toma a palavra para tentar clarificar a confusão que se
abatera sobre todos: que será de nós que «deixámos tudo e te seguimos»? (v.
28).
Jesus
garante-lhes que Deus não se deixa vencer em generosidade. Acolherá na vida
eterna aqueles que, deixando tudo, O seguem; mas também lhes permite usufruir,
desde já, da riqueza dos seus dons, e está com eles para os apoiar nas
perseguições.
Marcos
faz uma lista detalhada dos bens de que os discípulos podem, desde já,
usufruir, e conclui com a máxima sobre os primeiros e os últimos no Reino (cf.
Mt 19, 30; 20, 26; Lc 13, 30). Há que estar atento contra as falsas seguranças,
e empenhar-se num permanente esforço de conversão.
Uma
leitura superficial dos textos bíblicos, que a liturgia de hoje nos oferece,
pode induzir-nos em erro e levar-nos a concluir que a nossa relação com Deus é
semelhante à que podemos ter com um banco: depositamos determinada soma e, no
devido tempo, vamos levantar os juros. Na primeira leitura o rendimento seria
sete vezes maior do que o depósito.
No
evangelho, os ganhos seriam a cem por cento. Mas, obviamente, não estamos a
fazer uma boa leitura dos textos.
O
Sábio oferece-nos uma catequese completa sobre os sacrifícios. O piedoso
israelita não deve descuidar as oblações prescritas na Lei. Os sacrifícios de
animais, no Templo, devem ser feitos com generosidade e alegria: «não regateies
as primícias das tuas mãos. Faz todas as tuas oferendas com semblante alegre,
consagra os dízimos com alegria» (vv. 7b-8).
Mas
demora-se a explicar que a vida é mais importante do que as vítimas. O mais
importante é construir uma relação interior com o Senhor. É esse o objectivo
principal da Lei. Mas há que estar atentos ao próximo, porque o bem que se faz
aos outros também é sacrifício agradável a Deus. Dar esmolas equivale a um sacrifício
de louvor a Deus.
O
evangelho mostra-nos os Apóstolos que aderiam a Jesus e O seguem. Também aqui,
como no texto de Ben Sirá, se trata de entrar em comunhão com Alguém. O que
mais vale é a oferta da nossa vida, na fidelidade à vontade de Deus, na generosidade
em seguir os seus ensinamentos. A oferta de um qualquer dom é apenas epifania
da oferta de nós mesmos
Fonte:
Adaptação local de um texto de F. Fonseca em
“dehonianos.org/portal/liturgia/”
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