QUARTA FEIRA DAS CINZAS
QUARTA-FEIRA DE CINZAS - 6 MARÇO 2019
Primeira leitura: Joel 2, 12-18
Joel
é provavelmente um sacerdote-profeta, que vive no Templo, depois do exílio.
Fiel ao serviço da Casa de Deus, exorta o povo, que passa por uma grave
carestia provocada por uma invasão de gafanhotos (1, 2-2, 10), à oração e à
conversão .. O próprio culto, no templo, tinha cessado (1, 13.16).
O
profeta, que sabe ler os sinais dos tempos, anuncia a proximidade do «dia do
sennot», e convida o povo ao jejum, à súplica e à penitência (2, 12.15-17).
«Convertei-vos», grita o profeta. O termo hebraico subjacente é schOb que
significa arrepiar caminho, regressar ...
O
povo que virara costas a Deus, devia voltar novamente o coração para Ele, e
retomar o culto no templo, um culto autêntico, que manifestasse a conversão
interior. O povo pode voltar novamente para Deus, porque Ele é misericordioso
(v. 13), e também pode mudar de ideia e voltar atrás (v. 14).
Um
amor sincero a Deus, uma fé consistente, e uma esperança que se torna oração
coral e penitente, darão ao profeta e aos sacerdotes as devidas condições para
implorarem a compaixão de Deus para com o seu povo.
Segunda leitura: 2 Coríntios 5, 20 - 6,2
«Reconciliai-vos
com Deus», é o apelo de Paulo. A reconciliação é possível, porque essa é a
vontade do Pai, manifestada na obra redentora do Filho e no poder do Espírito
que apoia o serviço dos apóstolos. O v. 21 é o ponto alto do texto, pois
proclama o juízo de Deus sobre o pecado e o seu incomensurável amor pelos
pecadores, pelos quais não poupou o seu próprio Filho (cf. Rm 5, 8; 8, 32).
Cristo
carregou sobre si o pecado do mundo e expiou-o na sua própria carne. Assim,
podemos apropriar-nos da sua justiça-santidade. O Inocente tornou-se pecado
para nos pudéssemos tornar justiça de Deus. E, agora, o tempo favorável para
aproveitar essa graça: deixemo-nos reconciliar com Deus. O termo grego indica a transformação
da nossa relação com Deus e, por consequência, da nossa relação com os outros
homens. Acolhendo o amor de Deus, que nos leva a vivermos, não já para nós
mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por nós (w. 14s.), podemos tornar-nos
nova criação em Cristo (5, 18).
Evangelho: Mateus 6, 1-6.16-18
Jesus
pede aos seus discípulos uma justiça superior à dos escribas e fariseus, mesmo
quando praticam as mesmas obras que eles.: «Guardai-vos de fazer as vossas boas
obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles». Agora aplica
esse princípio a algumas práticas religiosas do seu tempo: a esmola, o jejum e
a oração. Há que estar atentos às motivações que nos levam a dar esmola, a
orar, a jejuar, porque o Pai vê o que está oculto, os sentimentos profundos do
coração. Se buscamos o aplauso dos homens, a vanglória, Deus nada tem para nos
dar. Mas se buscamos a relação íntima e pessoal com Ele, a comunhão com Ele,
seremos recompensados. Se não fizermos as boas obras com recta intenção somos
hypokritoi, isto é, comediantes, e mesmo ímpios, de acordo com o uso hebraico
do termo.
A
Liturgia da Palavra dá-nos, hoje, a orientação correcta para vivermos frutuosa
mente a Quaresma, tempo favorável de graça, dia de salvação. Penitência e
arrependimento não são caminho de tristeza, de depressão, mas caminho de luz e
de alegria, porque, se nos levam a reconhecer a nossa verdade de pecadores,
também nos abrem ao amor e à misericórdia de Deus.
a
profeta, em nome de Deus, convida o povo a percorrer o caminho da esperança,
fazendo penitência; os apóstolos recebem de Deus o ministério da reconciliação;
a Igreja repete a boa nova: «É este o tempo favorável~ é este o dia da
salvação» (2 Cor 6, 2). Com todo o povo de Deus, somos convidados a arrepiar
caminho, a voltar-nos para o Senhor, a deixar-nos reconciliar, a d
ar a Cristo ocasião de tomar sobre Si o nosso pecado, porque só Ele o conhece e pode expiar.
ar a Cristo ocasião de tomar sobre Si o nosso pecado, porque só Ele o conhece e pode expiar.
Renovados
pelo amor, podemos viver alegre e confiadamente na presença de Deus, nosso Pai,
cumprindo humildemente tudo quanto Lhe agrada e é útil para os irmãos. E a
presença do Pai, no mais íntimo de nós mesmos, garante-nos a verdadeira alegria.
Jesus,
no evangelho, mostra-nos qual deve ser a nossa atitude quando praticamos obras
de penitência (tais como a esmola, a oração, o jejum), e insiste na rectidão
interior, garantida pela intimidade com o Pai. Era essa a atitude e a
orientação do próprio Jesus em todas as suas palavras e obras. Nada fazia para
ser admirado pelos homens. Nós podemos ser tentados a fazer o bem para obtermos
a admiração dos outros. Mas essa atitude, por um lado, fecha-nos em nós mesmos,
por outro lado projecta-nos para fora de nós, tornando-nos dependentes da
opinião dos outros.
Há,
pois, que fazer o bem porque é bem, e porque Deus é Deus, e nos dá oportunidade
de vivermos em intimidade e solidariedade com Ele, para bem dos nossos irmãos.
Estar cheios de Deus, viver na sua presença, é a máxima alegria neste mundo, e
garante-nos essa mesma situação, levada à perfeição, no outro.
Façamos
nesta Quaresma as obras de penitência que pudermos. Mas façamo-Ias na
intimidade e na presença do Senhor, que havemos de procurar na oração, na
Eucaristia, na comunidade... Não esqueçamos a ascese, especialmente a que nos é
exigida pelo fiel cumprimento dos nossos compromissos com Deus e com os irmãos.
Fonte: adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
para a IV Feira das Cinzas.
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