TERCA-FEIRA - 4ª SEMANA DA QUARESMA - 2
ABRIL 2019
Primeira leitura: Ezequiel 47, 1-9.12
Numa
terra árida, como a Palestina, uma nascente era vista como verdadeira bênção de
Deus e símbolo do seu poder. Por isso, muitas vezes, construía-se junto dela um
templo. o profeta Ezequiel contempla uma fonte que brota dos fundamentos do próprio
templo e corre para oriente, por onde entrara a glória do Senhor para morar no
meio do povo regressado do exílio.
A
nascente deu origem, primeiro a uma pequena corrente de água, nada comparável
aos grandes rios da Mesopotâmia, que os exilados tinham contemplado. Mas, pouco
a pouco, a corrente engrossa até se tornar um rio navegável.
Ezequiel
é convidado a experimentar no seu corpo a grandeza e a força da torrente, bem
como a sua fecundidade e eficácia: ela torna verdejante o deserto e salubre o
mar morto que se enchem de vida. e surge uma época de prosperidade.
Esta
visão profética realiza-se em Jesus, verdadeiro templo, de cujo lado aberto
jorra a água viva do espírito (cf. jo 7, 38; 19, 34).
Evangelho: João 5, 1-3a.5-16
Jesus,
salvação de Deus, passa por entre os doentes e deficientes que se acumulam à
volta da piscina, junto à porta da ovelhas, em Jerusalém. Dá especial atenção a
um homem que ali jaz paralítico há 38 anos e faz-lhe uma pergunta aparentemente
óbvia:
«Queres
ficar são;»,
mas
a pergunta, e a ordem que se segue, são suficientes para que este homem, que
talvez já nada esperava da vida, se reanime, se erga, volte a agarrar na vida
com coragem e até dê testemunho de cristo àqueles que teimavam em permanecer
paralisados na interpretação literal da lei.
Enquanto
o paralítico quis ser curado, os adversários de jesus não quiseram deixar-se
curar da sua cegueira e rigidez, passando a uma aberta hostilidade.
Ao
encontrar, mais tarde, no templo, o doente curado, Jesus dirige-lhes palavras
de grande exigência, dando-lhe a entender que o pecado e as suas consequências
são algo de pior que 38 anos de paralisia. Há que deixar-se curar completamente
dos males do corpo, mas também do mal da alma. É uma opção a fazer livremente
cada dia: deixar-se curar e não pecar.
As
leituras de hoje falam-nos ambas de água que cura. O Evangelho diz-nos que Jesus
é o verdadeiro médico e o verdadeiro remédio para os nossos males. A água é
apenas símbolo da sua graça.
Os
Padres da Igreja reconheceram no templo, de que nos fala a visão de Ezequiel, o
verdadeiro templo que é Jesus de lado aberto e coração trespassado na cruz,
donde jorram sangue e água, símbolos do Espírito que dá a vida.
Ezequiel
contempla o Templo, de cujo lado direito, brota a água prodigiosa que leva a
vida e a fecundidade ao deserto e ao próprio mar morto. Este mar tem água. Mas é
uma água que não permite a vida, porque saturada de sal. Pelo contrário, a água
que vem do Templo, é viva e gera vida, porque é pura.
É a
transformação que o Espírito de Deus realiza em nós e nas nossas comunidades,
quando o acolhemos e nos abrimos à sua acção.
Em
cada um de nós, e nas nossas comunidades, há um «mar morto», um espaço de
amargura, de preconceitos, de egoísmo que tornam difíceis as nossas relações e
estéril o nosso apostolado.
Só o
Espírito Santo nos pode transformar.
No
baptismo recebemos o Espírito Santo, como uma pequena fonte, que há-de ir
crescendo, à medida que nos abrimos a Ele e colaboramos na sua acção, até se
tornar em nós uma torrente capaz de transformar a nossa vida e de tornar
fecundo o nosso apostolado.
O Evangelho
fala-nos do paralítico que, havia 38 anos, esperava junto à piscina uma
oportunidade para entrar nela e ser curado.
Como
ele, muitos dos nossos irmãos jazem impotentes nas margens da esperança,
desiludidos de tudo, talvez até da religião e, por isso, incapazes de
mergulharem na vida.
São
estes homens e mulheres do nosso tempo que Cristo vem procurar, onde quer que
estejam, paralisados pelo sofrimento, pelo pecado e pelas circunstâncias da
vida. também a eles, Jesus pergunta: «queres ficar são;».
Parece
uma pergunta desnecessária. Mas Jesus sabe que é a resposta pessoal que renova
e faz sentir a cada um a sua dignidade humana, a sua liberdade e
responsabilidade.
Perante
a resposta do paralítico, Jesus diz-lhe simplesmente: «levanta-te, toma a tua
enxerga e anda». O poder da palavra de Deus dispensa os ritualismos ou o uso de
águas medicinais.
A
palavra de Deus cura, rompe cadeias, liberta. Liberta o corpo e liberta o espírito,
porque há paralisias bem piores do que as corporais, que tolhem o coração no
pecado.
A Igreja,
por vontade de Cristo, dispõe da palavra e da graça que brotaram do seu lado
aberto na Cruz, para as distribuir aos homens, sobretudo no Baptismo, na Eucaristia
e nos outros sacramentos.
Abramo-nos
ao dom do Espírito Santo, invoquemo-lo e demos-lhe lugar nos nossos diálogos
comunitários. experimentemos os seus saborosos frutos: a caridade, a paz, a
alegria, a bondade, a benevolência, a mansidão, etc. não só pessoalmente, mas
também comunitariamente.
Estamos
convencidos de que a realidade escatológica dos "novos céus' e da
"nova terra", onde "habita a justiça" (2 pe 3, 13), obra do
Espírito que tudo renova, pode ser uma realidade actual, antecipada, a nível
pessoal, mas também a nível comunitário.
Tudo
depende se damos ou não a deus a possibilidade de realizar em nós a profecia de
Ezequiel: "dar-vos-ei um coração novo' (36, 26); Jesus manso e humilde de
coração, dá-me o teu coração! "infundirei em vós um espírito novo':
"vem, Espírito Santo ...
Fonte: Adaptação de um texto de :”dehonianos.org/portal/liturgia”
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