QUINTA-FEIRA - 4ª SEMANA DA QUARESMA - 4 ABRIL 2019
Primeira leitura: Êxodo 32,7-14
Havia
pouco que Deus estabelecera aliança com Israel, e a confirmara com uma solene
promessa (cf. Ex 24, 3). Moisés ainda estava no monte Sinai, onde recebia das
mãos de Deus às tábuas da Lei, documento base dessa aliança. Entretanto, o povo
caía na idolatria, adorando o bezerro de ouro, obra das suas mãos, como se
fosse o Deus que o tirara Egipto (v. 8). Deus, acende-se em ira e informa
Moisés do sucedido (v. 7): a aliança fora quebrada. Deus quer repudiar Israel,
apanhado em flagrante adultério, e começar uma nova história cheia de
esperanças (v. 10) com Moisés, que permanecera fiel. Mas Moisés, que recebera a
missão de guiar Israel à terra prometida, não abandona o seu povo, não cede à
tentação de pensar apenas em si mesmo. Como Abraão, diante da cidade pecadora
(cf. Gn 18), Moisés intercede pelo povo pecador. Procura «acalmar» a justa ira
de Deus, fazendo uma certa «chantagem» (cf. v. 12) e recordando-Lhe as
promessas feitas aos antigos patriarcas. A sua oração toca o coração de Deus.
As características antropomórficas, com que Deus é descrito neste episódio,
atestam a antiguidade deste texto.
Evangelho: João 5, 31-47
Jesus
continua a responder aos Judeus. O discurso apologético vai endurecendo.
Aumenta gradualmente a separação entre o «eu» de Jesus e o «vós» dos
adversários. O texto marca o culminar do processo intentado por Deus contra o
seu povo predilecto, mas obstinadamente rebelde, cego e surdo.
Jesus
apresenta quatro testemunhos que deveriam levar os seus ouvintes a reconhecê-lo
como Messias, enviado pelo Pai, como Filho de Deus: as palavras de João
Baptista, homem enviado por Deus; as obras que ele mesmo realizou por mandado
de Deus; a voz do Pai; e, finalmente, as Escrituras. Estes testemunhos, na sua
diversidade, têm duas características que os unem: por um lado, em resposta à
acusação de blasfémia dirigida contra Jesus pelos Judeus, remetem para o agir
salvífico de Deus; por outro lado, elas não dizem nada de realmente novo.
Os
Judeus estão sob processo porque não procuram a «a glória que vem do Deus úma»
(v. 44), mas tomam a glória uns dos outros. Caíram, assim, numa cegueira
radical, interior. Agarrados à Lei, recusam o Espirito. Jesus revela-lhes o
risco que correm e avisa-os: pensam alcançar a vida eterna perscrutando os
escritos de Moisés, mas são esses mesmos escritos que os acusam. O intercessor
deverá tornar-se seu acusador? O texto termina convidando cada um a examinar a
autenticidade e a verdade da própria fé.
O
povo de Israel, revela uma memória curta. Foi libertado por Deus, no meio de
prodígios e celebrou livremente a aliança com o Senhor. Mas, logo que
sobrevieram novas dificuldades, esqueceu-se de tudo e caiu na idolatria. Assim
pode acontecer também connosco. Mas o verdadeiro crente não abandona a Deus,
quando surgem dificuldades, como se fosse Ele a causá-Ias. Pelo contrário,
continua a sentir-se dependente de Deus, ligado a Ele e, como Moisés, não
desiste de orar por si e de interceder pelos irmãos. A oração de intercessão
revela maturidade na fé. O crente adulto na fé vê as provações dos irmãos como
suas. Por isso reza por eles, faz-se intercessor universal, disposto a carregar
sobre si as fraquezas dos outros, e a sofrer para que possam ser aliviados. Foi
a atitude de Moisés; será a atitude de Jesus.
Ao
reagir contra o pecado do povo, Deus diz a Moisés: «a minha cólera vai
inflamar-se contra eles e destru-tos-ei Mas farei de ti uma grande neção. (v.
10). O povo pecou e merecia ser destruído. Mas os desígnios de Deus deviam
cumprir. Por isso, propõe a Moisés tornar-se pai de um novo povo. Moisés recusa
a proposta de Deus e implora:
«Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este pOV(J» (v. 12). Mais adiante faz ele uma proposta a Deus: «perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste (Ex 32, 32), isto é, destrói-me também a mim. Moisés solidarizou-se completamente com o seu povo, para alcançar de Deus a salvação do seu povo.
«Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este pOV(J» (v. 12). Mais adiante faz ele uma proposta a Deus: «perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste (Ex 32, 32), isto é, destrói-me também a mim. Moisés solidarizou-se completamente com o seu povo, para alcançar de Deus a salvação do seu povo.
Tudo
isto se realiza de modo completamente inesperado no mistério de Cristo.
Na
morte de Cristo, Deus destrói o povo. A morte de Cristo é destruição do mundo
antigo, do homem velho, como escreve S. Paulo. Mas não é apenas destruição,
porque a morte do Senhor leva à ressurreição. Jesus é, pois, o novo Moisés que
aceita morrer com o povo e pelo povo, mas é também o novo Moisés, pai de uma
nova grande nação. A palavra de Deus, «farei de ti uma grande nsçãt»,
realiza-se na ressurreição de Cristo. De modo imprevisível, as Escrituras dão
testemunho da ressurreição de Cristo.
Lemos
nas Constituições: «Unidos à acção de graças e à intercessão de Cristo, somos
chamados a colocar toda a nossa vida ao serviço da Aliança de Deus com o seu
Povo» (n. 84). A nossa vida oferecida a Deus, para sua glória, e para o serviço
dos irmãos, e uma atitude de perdão e de súplica pelos pecadores, são um óptimo
testemunho de Deus-Amor, que não se demonstra com teorias, mas que transparece
na vida daqueles em cujos corações habita.
Fonte: adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”
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