5º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
A liturgia deste domingo leva-nos a reflectir sobre a nossa vocação: somos todos chamados por Deus e d’Ele recebemos uma missão para o mundo.
Na primeira leitura, encontramos a descrição plástica do chamamento de um profeta – Isaías. De uma forma simples e questionadora, apresenta-se o modelo de um homem que é sensível aos apelos de Deus e que tem a coragem de aceitar ser enviado.
LEITURA I – Is 6,1-2a.3-8
• Cada um de
nós tem a sua história de vocação: de muitas formas Deus entra na nossa vida,
desafia-nos para a missão, pede uma resposta positiva à sua proposta. Temos
consciência de que Deus nos chama – às vezes de formas bem banais? Estamos
atentos aos sinais que Ele semeia na nossa vida e através dos quais Ele nos
diz, dia a dia, o que quer de nós?
• A missão
que Deus propõe está, frequentemente, associada a dificuldades, a sofrimentos,
a conflitos, a confrontos… Por isso, é um caminho de cruz que, às vezes,
procuramos evitar. Será que eu consigo vencer o comodismo e a preguiça que me
impedem de concretizar a missão?
• É preciso
ter consciência, também, que as minhas limitações e indignidades muito humanas
não podem servir de desculpa para realizar a missão que Deus quer confiar-me:
se Ele me pede um serviço, dar-me-á a força para superar os meus limites e para
cumprir o que Ele me pede.
• Isaías
aceita o envio, ainda antes de saber, em concreto, qual é a missão. É o exemplo
de quem arrisca tudo e se dispõe, de forma absoluta, para o serviço de Deus. No
entanto, é difícil arriscar tudo, sem cálculos nem garantias: é o pôr em causa
os nossos projectos e esquemas para confiar apenas em Deus, de forma que Ele
possa fazer de nós o que quiser. Qual a minha atitude em relação a isto?
LEITURA II – 1 Cor 15,1-11.
A segunda
leitura propõe-nos reflectir sobre a ressurreição: trata-se de uma realidade
que deve dar forma à vida do discípulo e levá-lo a enfrentar sem medo as forças
da injustiça e da morte. Com a sua acção libertadora – que continua a acção de
Jesus e que renova os homens e o mundo – o discípulo sabe que está a dar
testemunho da ressurreição de Cristo.
Será um dado adquirido, para qualquer cristão,
a ressurreição de Jesus. No entanto, essa ressurreição é, para nós, uma verdade
abstracta que afirmamos no credo, ou algo vivo e dinâmico, que todos os dias
continua a acontecer na nossa vida e na nossa história, gerando vida nova,
libertação, amor, numa contínua manifestação de Primavera para nós e para o
mundo?
• A
ressurreição de Cristo garante-nos que não há morte para quem aceita fazer da
sua vida uma luta pela justiça, pela verdade, pelo projecto de Deus. Temos
consciência disso? A certeza da ressurreição encoraja-nos a lutar, sem a
paralisia que vem do medo, por um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano?
EVANGELHO – Lc 5,1-11
No
Evangelho, Lucas apresenta um grupo de discípulos que partilharam a barca com
Jesus, que acolheram as propostas de Jesus, que souberam reconhecê-l’O como seu
“Senhor”, que aceitaram o convite para ser “pescadores de homens” e que
deixaram tudo para seguir Jesus… Neste quadro, reconhecemos o caminho que os
cristãos são chamados a percorrer.
• A reflexão
deste texto deve pôr em paralelo o “caminho cristão”, tal como Lucas o descreve
aqui, com esse caminho – às vezes não tão cristão como isso – que vamos
percorrendo todos os dias. Considerar as seguintes questões:
• O nosso
caminho é feito no barco de Jesus, ou, às vezes, embarcamos noutros projectos
onde Jesus não está e fazemos deles o objectivo da nossa vida? Por outro lado,
deixamos que Jesus viaje connosco ou, às vezes, obrigamo-l’O a desembarcar e
continuamos viagem sem Ele?
• Ao longo
da viagem, somos sensíveis às palavras e propostas de Jesus? As suas indicações
são para nós sinais obrigatórios a seguir, ou fazem mais sentido para nós os
valores e a lógica do mundo?
• Reconhecemos,
de facto, que Jesus é o “Senhor” que preside à nossa história e à nossa vida?
Ele é o centro à volta do qual constituímos a nossa existência, ou deixamos que
outros “senhores” nos manipulem e dominem?
• Chamados a
ser “pescadores de homens”, temos por missão combater o mal, a injustiça, o
egoísmo, a miséria, tudo o que impede os homens nossos irmãos de viver com
dignidade e de ser felizes. É essa a nossa luta? Sentimos que continuamos,
dessa forma, o projecto libertador de Jesus?
• A nossa
entrega é total, ou parcial e calculada? Deixamos tudo na praia para seguir
Jesus, porque o seu projecto se tornou a prioridade da nossa vida?
Fonte: resumo/adaptação de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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