SEGUNDA-FEIRA - V SEMANA -
T C - ANOS
ÍMPARES - -
11 FEVEREIRO 2019
Primeira leitura: Génesis 1, 1-19
Os relatos da criação descrevem acções divinas que se
situam, não na história, mas num "princípio" que ninguém pode
conhecer. Daí o uso da linguagem dos "mitos". De facto, ninguém
assistiu à criação do mundo para no-la poder narrar: «Onde estavas, quando
lancei os fundamentos da terra?» - pergunta Deus a Job (Jb 38, 4).
Portanto, o carácter destes relatos não é científico,
embora o autor se sirva da noção experimental do mundo corrente no seu tempo;
nem é histórico, embora as apresente em movimento e num processo análogo ao da
história. Estas afirmações são teológicas: falam de Deus enquanto revelam acção
e desígnio no mundo, e enquanto este encontra a plenitude do seu ser na
referência a Deus. São teologia de linguagem medida e refinada, e são também
mensagem para determinados destinatários, como os pagãos que adoravam o Sol, a
Lua e outras criaturas.
No primeiro relato, o autor sagrado refere que Deus
tudo criou pela sua palavra e baseia a estrutura da sua narrativa nos sete dias
da semana, com os seis dias de trabalho e mais um de repouso, o «sétimo dia»
para o qual converge toda a acção semanal, que nele encontra plena realização.
Esta estrutura é propositadamente usada, tanto mais que as acções de Deus são
mais de sete: a luz, a abóbada celeste, a terra enxuta, a vegetação, os
luzeiros, os peixes, as aves, o gado, os répteis, o homem (macho e fêmea).
O relato de Gn 1 quer dizer-nos que a criação foi
organizada em vista de um fim muito concreto que se resume no sábado, que é dia
de repouso para o homem e o dia de louvor para Deus.
Ao terminar esta página lemos: «Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado» (Gn 2, 2). Como pôde concluir a criação se, no mesmo dia cessou toda a actividade? Faltava uma coisa essencial no mundo: o tempo e o espaço para a oração. O sábado vem colmatar essa falta, concluir a obra, porque permite viver, com a periodicidade de uma semana, o tempo todo de Deus criador e salvador, e celebrar de antemão a criação terminada. É uma imagem da meta posta à vista, para iluminar o caminho e assegurar que por ele se chega à realização total e ao repouso de Deus.
Ao terminar esta página lemos: «Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado» (Gn 2, 2). Como pôde concluir a criação se, no mesmo dia cessou toda a actividade? Faltava uma coisa essencial no mundo: o tempo e o espaço para a oração. O sábado vem colmatar essa falta, concluir a obra, porque permite viver, com a periodicidade de uma semana, o tempo todo de Deus criador e salvador, e celebrar de antemão a criação terminada. É uma imagem da meta posta à vista, para iluminar o caminho e assegurar que por ele se chega à realização total e ao repouso de Deus.
Evangelho: Marcos 6, 53-56
Jesus acaba de atravessar o lago de Genesaré, unindo a
margem leste, onde habitam os pagãos, com a margem oeste, onde habitam os
hebreus. A descrição de Marcos lembra-nos as promessas messiânicas: «Acorrerão
ao monte do Senhor todas as gentes, virão muitos povos e dirão... Ele nos
ensinará os seus caminhos» (cf. Is 2, 2-3); «Virão povos e habitantes de
grandes cidades. E os habitantes de uma cidade irão para outra, dizendo: 'Vamos
implorar a face do Senhor!» (Zc 8, 21).
Todos os que se reconhecem carecidos de salvação
dirigem-se a Jesus. Diante dele são expostas todas as misérias humanas. As
pessoas não se deixam dominar pela vergonha, mas agem com confiança: basta que
os Senhor lhes toque apenas com «as franjas das suas vestes». Assim se cumpre a
palavra do profeta: «Assim fala o Senhor do universo: Naqueles dias, dez homens
de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela dobra do seu manto e
dirão: 'Nós queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco'» (Zc
8, 23).
Não precisamos de nos esforçar para demonstrar que, no
Evangelho, se tratava sempre de verdadeiros milagres, e não de casos idênticos
àqueles de que fala hoje a parapsicologia. Uma correcta cristologia não exige
que Jesus fosse um super-homem. Marcos não usa métodos racionalistas para
demonstrar a divindade de Jesus. Aliás, para ele, a fé é um dom gratuito de
Deus que geralmente precede os «milagres». O interessante é que as pessoas
perceberam que a mensagem do Evangelho não era algo de abstracto de puramente
filosófico, mas que implicava a melhoria da sua situação. Se, intuindo que Deus
estava com Jesus, acorriam a Ele, depois de estarem com Ele, partiam gritando:
Deus está connosco e a nossa favor... em Jesus.
As páginas do Génesis, que nos falam de Deus Criador,
suscitam em nós sentimentos de admiração e de grandeza. É pela sua palavra que
Deus cria o mundo. Dá uma ordem, e tudo acontece: «Deus disse: «Faça-se», e
«assim se fez
». E não falta uma avaliação da obra feita: «E Deus viu que isto era bom» (cf. Gn 1, 25). Deus aprecia as obrs que realiza. Compraz-se nelas.
Sabemos que a Bíblia não pretende explicar cientificamente a criação do mundo. Os relatos do Génesis são uma história religiosa que fala de todas as criaturas, que afirma que todas têm origem em Deus e na sua palavra criadora. O escritor bíblico está claramente cheio de admiração pelas obras de Deus. A nossa admiração, a milénios de distância, há-de ser ainda maior, porque hoje, graças à investigação científica, compreendemos muito melhor a grandeza do universo.
». E não falta uma avaliação da obra feita: «E Deus viu que isto era bom» (cf. Gn 1, 25). Deus aprecia as obrs que realiza. Compraz-se nelas.
Sabemos que a Bíblia não pretende explicar cientificamente a criação do mundo. Os relatos do Génesis são uma história religiosa que fala de todas as criaturas, que afirma que todas têm origem em Deus e na sua palavra criadora. O escritor bíblico está claramente cheio de admiração pelas obras de Deus. A nossa admiração, a milénios de distância, há-de ser ainda maior, porque hoje, graças à investigação científica, compreendemos muito melhor a grandeza do universo.
O autor bíblico não conhecia a distância da Terra à
Lua, nem as quase inimagináveis distâncias medidas em anos luz entre os astros.
Continuam a ser descobertas estrelas, vias lácteas, galácias... Nós, agora,
temos conhecimento de tudo isso, que não é suficiente, mas é importante, como
revelação de Deus. Deus revela-se na criação.
É bom e útil para nós deter-nos a contemplar a
grandeza e as maravilhas de Deus nas suas obras pequenas e grandes. Os santos
comoviam-se profundamente diante da grandeza do universo, mas também diante da
simplicidade e da beleza de uma pequena flor. Em tudo descobriam a presença da
sabedoria, do poder, do amor de Deus. «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque
é eterna a sua misericórdia», convida-nos o salmo (2 Cr 7, 3).
O cristão cultiva, diante da criação, um olhar de grande optimismo e de respeito. Optimsmo porque, apesar do mal que há no mundo, o conjunto das obras de Deus é bom; de respeito, porque, se tudo foi feito para o homem, ele deve usá-lo na medida das suas reais necessidades, sem destruir nem desperdiçar o que quer que seja.
O encontro com Deus feito homem, com Jesus, possiblita-nos uma cura que nos permite ver a verdade da criação, e a nossa própria verdade.
O cristão cultiva, diante da criação, um olhar de grande optimismo e de respeito. Optimsmo porque, apesar do mal que há no mundo, o conjunto das obras de Deus é bom; de respeito, porque, se tudo foi feito para o homem, ele deve usá-lo na medida das suas reais necessidades, sem destruir nem desperdiçar o que quer que seja.
O encontro com Deus feito homem, com Jesus, possiblita-nos uma cura que nos permite ver a verdade da criação, e a nossa própria verdade.
Fonte: Resumo e adaptação de um
texto de Fernando Fonseca, scj em “Dehonianos.org/portal/liturgia/”
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