SEXTA-FEIRA - 3ª SEMANA DA QUARESMA -
29
MARÇO 2019
Primeira leitura: Oseias, 14, 2-10
Oseias
convida o povo a «voltar», isto é, a converter-se a Deus, reconhecendo o seu
pecado, causa das actuais desgraças. O profeta sugere uma confissão lúcida e
sincera das próprias culpas, porque agrada mais a Deus uma vida purificada e
unida à oferta de louvor (v. 3) do que os sacrifícios de vítimas. Há que
libertar-se de compromissos humanos pecaminosos, e particularmente do recurso
aos ídolos. O povo pode sentir-se pobre e desprotegido. Mas é então que Deus
assume cuidar dele (v. 4).
Uma
vez convertido o povo, o próprio Deus Se «converte» renunciando à sua justa
ira. Mais ainda: o seu amor fiel curará Israel e perdoará as suas
infidelidades. O texto detém-se a descrever os efeitos do amor divino com
termos e expressões de rara beleza, lembrando o Cântico dos Cânticos. Quem
caminha na rectidão compreenderá esse amor e fruirá dos seus benefícios: «Os
caminhos do Senhor são rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores
tropeçarão netes» (v. 10).
Evangelho: Marcos 12, 28-34
O
texto evangélico de hoje reflecte uma discussão viva entre as escolas rabínicas
do tempo de Jesus. Qual é o primeiro mandamento entre os 248 apresentados pela
Lei, acrescidos de 365 proibições? Provavelmente a pergunta não era de todo
inocente, mas escondia uma insídia contra o jovem rabi. Mas Jesus soube
encontrar uma saída airosa, indo logo ao fundo da questão, ao citar o
Deuteronómio: «Escuta, Israel/» (Dt 6, 4s), texto repetido três vezes ao dia
nas orações dos piedosos israelitas. A este mandamento, Jesus acrescenta outro,
tirado do Levítico: «Amarás o teu próximo como a ti mesmos (Lv 19, 18). A
originalidade desta resposta de Jesus está na união destes dois mandamentos. O
escriba reconheceu nela uma verdadeira síntese da Lei e do culto. Jesus
elogia-o e acrescenta outra novidade: a proximidade do reino de Deus, cuja lei
fundamental é o amor.
Qualquer
que tenha sido a intenção do escriba ao interrogar Jesus sobre qual é o
primeiro de todos os mandamentos, devemos estar-lhe gratos. De facto, deu ao
Senhor a oportunidade de dar uma resposta que nos interessa, que interessa a
todos quantos desejam compreender bem a vontade do Senhor, para a cumprirem
fielmente.
A
resposta de Jesus foi muito simples: o maior dos mandamentos é o amor. Deus é
amor, e pede-nos amor: «amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com
toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças ... Amarás
o teu próximo como a ti mesmo-, Amando como Ele nos ama, amando com o amor com
que nos ama, participamos da sua vida. É a vocação de todo o homem. É a sua
felicidade: amar o Deus-Amor como único Senhor, sabendo que jamais O amaremos
como merece e tem direito, e que, por isso, havemos de progredir no amor,
desenvolvendo todas as nossas capacidades de amar.
Amar
o próximo com Ele e como Ele, por causa d ' Ele, com o amor com que somos
amados, é uma verdadeira alegria, é a suprema realização.
Mas,
quantas vezes, amámos outros deuses, adorando as obras das nossas mãos, a nossa
realização pessoal, os nossos interesses mesquinhos ... O resultado foi cairmos
na escravidão, ver os outros como rivais, perder a nossa liberdade, a nossa
alegria, a nossa felicidade. Por isso, rezamos com o profeta:
«Perdoa
todos os nossos pecados, e acolhe favoravelmente o sacrifício que oferecemos, a
homenagem dos nossos lábios»'
Depois
da vinda de Cristo, todo o crente pode repetir estas palavras de João:
"Nisto
consiste o Seu amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele, que nos amou
... Amou-nos por primeiro ... " (1 Jo 4, 19). Porque nos amou, podemos amá-lo.
Porque nos amou, podemos amar a todos os nossos irmãos, sem fazermos acepção de
pessoas.
De
facto, Deus ama-nos a todos. Chamou-nos à vida porque nos amou pessoalmente:
"Chamei-te pelo nome ... " (Is 43, 1). É esse o fundamento da dignidade
da pessoa humana. Cada um de nós é um pensamento amoroso de Deus, criado à sua
imagem e semelhança: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança ... Deus
criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus os criou, homem e mulher os criou'
(Gn
1, 26-27). Criado à imagem do Deus-Amor, todo o homem merece ser amado com o
amor típico de Deus: o amor oblativo!
Fonte: Adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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