ANUNCIAÇÃO DO SENHOR - 25 MARÇO 2019
A
solenidade da Anunciação do Senhor é a celebração do grande mistério cristão da
Encarnação do Verbo de Deus.
A
data de 25 de Março está em função do Nascimento de Jesus, que é celebração
exatamente nove meses depois. A catequese sempre fez coincidir a Anunciação e a
Encarnação.
Estes
mistérios começaram a ser celebrados liturgicamente provavelmente depois da
edificação da basílica constantiniana sobre a casa de Maria, em Nazaré, no
século IV.
A
celebração no Oriente e no Ocidente data do século VII. Durante séculos, esta
solenidade teve sobretudo carácter mariano. Mas Paulo VI devolveu-lhe o título
de "Anunciação do Senhor", repondo o seu carácter predominantemente
cristológico.
Em
síntese, trata-se de uma "celebração (que) era e é festa de Cristo e da
Virgem: do Verbo que se torna filho de Maria e da Virgem que se torna Mãe de
Deus" (Marialis cultus 6).
Primeira leitura: Isaías 7, 10-14; 8, 10
Acaz,
rei de Jerusalém, vê vacilar o seu trono devido à aproximação de exércitos
inimigos. A sua primeira reação é entrar numa política de alianças humanas.
Isaías, pelo contrário, propõe a resolução do problema pela confiança em Deus.
Convida o rei a pedir um «sinal» (v. 11) que seja confirmação da assistência
divina. Acaz recusa a proposta: «não tentarei o Senhor» (v. 12). Fá-lo por
hipocrisia, e não por verdadeiro sentido religioso.
Isaías
insiste que, apesar da recusa do rei, Deus lhe dará um sinal: «a jovem está
grávida e vai dar à luz um filho, e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel:
«Deus-connosco».
O
sentido imediato destas palavras refere-se a Ezequias, filho de Acaz, que a
rainha está para dar à luz. O seu nascimento, nesse momento histórico, é interpretado
como sinal da presença salvadora de Deus em favor do seu povo aflito.
Mais
profundamente, as palavras de Isaías são profecia de um futuro rei Salvador. A
tradição cristã sempre viu neste oráculo o anúncio profético do nascimento de
Jesus, filho de Maria Virgem.
Segunda leitura: Hebreus 10, 4-10
Este
texto, retirado do seu contexto, procura demonstrar que o sacrifício de Cristo
é superior aos sacrifícios do Antigo Testamento.
O
autor da Carta aos Hebreus relê o Salmo 39 - utilizado pela liturgia desta
solenidade como Salmo Responsorial - ao como se fosse uma declaração de
intenções do próprio Cristo entrar no mundo, no momento da Incarnação. Esta é
também a atitude obediencial do povo da antiga aliança e de todo o piedoso
cantor do salmo:
«:
Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade.».
A Incarnação como atitude obediencial acontece
no dia da Anunciação do Senhor a Maria. Esse dia inaugura a peregrinação
messiânica que conduzirá à doação do corpo de Cristo no sacrifício salvífico,
novo e inovador, único e indispensável, que se completa no sacrifício da cruz.
Evangelho: Lucas 1, 26-38
Uma
possível chave de leitura deste texto é ver nele um relato biográfico feito por
Lucas que terá ouvido atentamente as confidências de Maria.
No
diálogo entre Deus e a menina de Nazaré - pela mediação do anjo Gabriel - revela-nos
uma relação viva entre o divino e o humano, em que a proposta do alto vai sendo
progressivamente esclarecida. O mensageiro respeita a condição humana de uma
rapariga virgem que recebe uma proposta inesperada: ser mãe do Messias.
Maria, a virgem prometida como esposa a José,
aproxima-se progressivamente do mistério, deixando-se conscientemente envolver
por ele, disponibilizando-se e adequando à proposta de Deus o seu próprio
projeto. E termina pronunciando o seu «Eis-me aqui!» (cf. v. 38).
O
mistério celebrado hoje é a conceição do Filho de Deus no seio da Virgem Maria.
Na basílica nazaretana da Anunciação, diante do altar, há uma placa de mármore
que os peregrinos beijam com emoção e onde está escrito:
"Aqui de Maria Virgem fez-se carne o Verbo".
No
texto da Carta aos Hebreus, o hagiógrafo refere ou interpreta a anunciação de
Cristo; no texto de Lucas, o evangelista narra a anunciação a Maria. Cristo
toma a iniciativa de declarar aquilo que Ele mesmo compreende; Maria recebe uma
palavra que vem de fora de si mesma, uma palavra cheia de propostas de um
Outro.
O
paralelismo transforma-se em coincidência na explicitação da disponibilidade de
ambos para fazerem a vontade divina; é uma disponibilidade separada por
qualidade e quantidade de consciência, mas que converge na finalidade de
obediência total ao projeto de Deus: Ecce venio, ecce ancilla, eis-me aqui! Eis
a serva!
A
atitude de obediência irá aproximar a mãe e o filho, Maria
"anunciada" e Jesus Cristo "anunciado". Ambos pronunciam o
seu «Eis-me aqui!». Ambos se exprimem com voz quase idêntica: «faça-se em mim
segundo a tua palavra», «Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade».
Ambos entram na fisionomia de «serva» e de «servo» do Senhor. Esta sintonia
encoraja os discípulos à disponibilidade para servir a palavra de Deus, porque
o próprio Filho de Deus é servo e porque a Mãe de Deus é serva; ambos são
servos de uma palavra que salva quem a serve e que traz salvação
Fonte: Adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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