QUINTA-FEIRA - 3ª SEMANA DA QUARESMA - 28 MARÇO 2019
Primeira leitura: Jeremias 7,23-28
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Ao
condenar o formalismo do culto, o profeta condena, sobretudo, a surdez de
Israel à voz de Deus (v. 23), escutada no momento da Aliança, no monte Sinai
(cf. Ex 20, 1-21). Só na escuta o povo de Israel pode conhecer o seu Deus,
diferente de todas as outras divindades. Por isso, o primeiro mandamento é:
«escuta, Israel».
Os
verdadeiros profetas apelam continuamente a essa escuta. Os falsos profetas
fazem outros apelos. A opção por ouvir uns ou ouvir outros determina, para cada
um, a vida ou a morte.
O
texto está dividido em três partes. As duas primeiras têm uma estrutura
idêntica: ao «ouv» (v. 23), e ao «envie» (v. 26) correspondem dois «eles não
ouviram» (vv. 24.26).
Não
há sinal de arrependimento, de conversão. Na terceira parte, enquanto o povo
recai na idolatria e volta a ser espiritualmente escravo no Egipto, o profeta
permanece fiel à sua vocação. Enquanto denuncia esta situação, partilha com
Deus o sofrimento de ser recusado, de ser ele mesmo acusado de impostor pelos
mentirosos.
Evangelho: Lucas 11,14-23
Jesus
tinha acabado de ensinar aos seus discípulos o «Pai nosso», a oração modelo de
toda a oração crista, a oração que abre o coração ao Espírito Santo (v. 13). O
Reino é já uma realidade presente na terra. E acontece uma cura. O povo simples
enche-se de admiração. Mas há quem pense de modo diferente (v. 14s.).
Temos
assim, como na primeira leitura, duas atitudes contrastantes: uns ficam
admirados porque intuem uma extraordinária presença de Deus no mundo; outros
acusam Jesus de blasfémia e de aliado do diabo.
Jesus
responde de modo incisivo, deixando os ouvintes concluírem que Satanás não
combate contra si mesmo. Sendo assim, a conclusão só pode ser a dos simples:
está aí o dedo de Deus.
Esta
expressão lembra os prodígios realizados pela mão de Moisés, no tempo do êxodo.
Para que não restem dúvidas, o próprio Jesus conclui: «o Reino de Deusjá chegou
até vós» (v. 20). A expulsão dos demónios prova essa presença do Reino, prova o
começo de uma nova época de liberdade para quem acolher a alegre notícia
trazida por Jesus (v. 23).
«Ouvi
a minha vo.z», diz-nos o Senhor. A Palavra do Senhor é caminho de intimidade
com Ele: «Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo».
A
Palavra do Senhor é caminho de felicidade:
«Segui
sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes».
Mas,
desde sempre, os homens procuraram pretextos para não escutarem a Palavra de
Deus:
«Eles
não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus
corações empedernidos».
Mesmo
quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Para não ouvirem Jesus,
alguns deformaram a realidade e acusaram-no de expulsar demónios com o poder do
demónio. O «pai da mentira» sugere pensamentos errados, insinua dúvidas e
suspeitas.
Sem
acolher a Palavra de Deus, o homem não dispõe da luz necessária para não se
perder e seguir com segurança a senda da felicidade. Sem a Palavra de Deus, o
homem não dispõe da força necessária para vencer o homem armado que guarda a
porta da sua casa, seguro de o ter vencido e encaminhado definitivamente para a
perdição, o demónio.
A
Palavra de Deus, em última análise, é Jesus, o vencedor do demónio. Por isso,
pode afirmar:
«Quem
não está comigo está contra mim, e quem não junta comigo, dispersa» (v. 23).
Escutemos,
pois, a Palavra do Senhor, e punhamos nela a nossa esperança, nos combates da
nossa vida. Se escutarmos o Senhor, recolheremos com Ele.
Conforta-nos
saber que Jesus é mais forte que o demónio, mais forte que o mundo, mais forte
do que qualquer tentação. Com Ele, a vitória é certa, apesar da dureza das
batalhas. Afinal: só Ele é o Senhor!
Como
homens, somos criaturas frágeis, cansadas, fatigadas. Cansadas pela luta contra
o mal ou porque somos vítimas do mal.
Fatigadas
por causa do peso da nossa carne débil, das culpas. Cristo, que vem a nós na
sua Palavra e na Eucaristia, é o homem forte, com quem podemos vencer. Na sua
misericordiosa bondade, convidanos, por fracos e pecadores que sejamos,
convida todos os homens, também os que O não conhecem, os que são indiferentes,
e mesmo os que O odeiam:
"Vinde
a Mim, todos vó~ que vos estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei...
Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e achareis alívio para as
vossas almas, pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve' (Mt 11, 28-30).
Vamos,
pois, ao Senhor, acolhamos a sua Palavra, acolhamo-lo a Ele, que é o mais forte!
Fonte:
Adaptação
de um texto de :”dehonianos.org/portal/liturgia/”
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