sexta-feira, 22 de março de 2019

SEXTA-FEIRA - 2ª SEMANA DA QUARESMA - 22 MARÇO 2019


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SEXTA-FEIRA - 2ª SEMANA DA QUARESMA - 22 MARÇO 2019

Primeira leitura: Génesis 37, 3-4.12-13a.17b-28

A história de José é mais um exemplo de como Deus escolhe os «pequenos» (v. 3) para realizar os seus projectos de salvação. Essas escolhas de Deus suscitam, muitas vezes, o ódio e a inveja (v. 4) que levam ao afastamento, se não mesmo à eliminação, do predilecto (w. 20.28).

A história tem evidentes objectivos didácticos. Há, em toda a história, um horizonte de optimismo e universalidade (v. 28): dentro das intrigas e contendas tribais, actua a invisível providência de Deus (cf. 45, 7; 50, 20), que conduz o seu eleito por aparentes caminhos de morte, mas que acaba por ser salvo e salvar a todos.

José é um homem permanentemente atento aos sinais da vontade de Deus, mesmo durante os sonhos, que aprende a interpretar (cf. v. 19). A túnica de príncipe separa-o dos irmãos, cavando uma profunda incomunicabilidade entre eles (v. 4).

José é figura de Cristo: a sua perseguição e o seu sangue são o preço que o pai tem de pagar para abraçar, num só amplexo, todos os filhos, já não unidos pela corresponsabilidade no mal (v. 25), mas pelo beijo de paz que, com o perdão (cf. 45, 15), lhes é oferecido pelo irmão inocente.

Evangelho: Mateus 21, 33-43.45-46

Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos são os vinhateiros que têm o privilégio de cultivar a vinha predilecta de Deus, o povo de Israel.

No momento da colheita, em vez de apresentarem os frutos ao dono, que é Deus, querem apropriar-se deles e maltratam os profetas que lhes são enviados. «Finalmente, Deus envia-lhes o seu próprio Filho, que é Jesus que lhes está a falar. É a última oportunidade que Deus lhes oferece para que se tornem seus colaboradores na obra da salvação.

Mas acontece exactamente o que a parábola dizia sobre os vinhateiros malvados: compreenderam que eram eles os visados e procuravam prendê-lo (cf. vv. 45-46). E, conduzidos habilmente por Jesus, são eles mesmos que tiram as consequências de um tal acto: o dono, que é Deus:

«Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida» (v. 41).

Quando Mateus escreve este evangelho, já se tinham verificado a alegoria de Isaías e a profecia de Jesus: os chefes do povo de Israel tinham efectivamente matado o Filho fora da vinha - fora dos muros de Jerusalém - e a cidade santa já tinha sido destruída por Tito, no ano 70, e caído em mãos estrangeiras, o império romano. Os novos vinhateiros, os pagãos convertidos, cultivavam a nova vinha, a Igreja, dando a Deus abundantes frutos, com adesões cada vez mais numerosas à fé cristã.

José, de quem nos fala a primeira leitura, é uma impressionante figura de Jesus, tal como o filho herdeiro de que nos fala o evangelho. Em ambas as leituras escutamos já o «Crucifica-o». «Eis que se aproxima o homem dos sonhos. Vamos matemo-lo», disseram os irmãos de José; «Este é o herdeiro. Matemo-lo», disseram os vinhateiros malvados.

O único protagonista é, portanto, Jesus, escondido na figura de José e na figura do filho herdeiro da parábola. Estes textos fazem-nos pensar nos sofrimentos do Coração de Jesus, morto por inveja, como nos referem os relatos da paixão. Foi a inveja que mobilizou a má vontade dos irmãos contra José e a dos vinhateiros contra o filho herdeiro da parábola.

Mas também se fala de nós nas leituras que escutamos hoje. Jesus é o protagonista. Mas nós também entramos na sua história. Somos os irmãos, somos os vinhateiros malvados.

Mas não devemos desesperar com os nossos pecados. Na história de José, a inveja foi maravilhosamente vencida: no Egipto, José não puniu os irmãos, mas salvou-os. Soube ler a história das suas tribulações, do seu exílio, como preparação, querida por Deus, para poder salvar os seus irmãos e todo o seu povo no tempo da carestia.

Jesus também venceu a inveja aceitando tornar-se o último de todos. Quando O contemplamos na cruz, não podemos dizer que cause inveja a alguém! Pondo-se no último lugar, Jesus revelou o seu poder. O domínio que o Pai lhe prometeu é um domínio de amor, no serviço de todos.

Ao escutarmos as leituras de hoje, não devemos, portanto, sentir-nos condenados, mas devemos erguer os olhos mais alto, para o coração do Pai. Jesus veio revelá-lo. É Ele, o Pai, que, por amor, envia Jesus, como fora enviado José, a «procurar os irmãos» (cf. Gn 37, 16).

A predilecção de Israel por José, ou do Pai por Jesus, não é mais do que uma particular participação no amor paterno. É esse amor, que tem origem no coração do Pai, que os torna diferentes e capazes de vencer a inveja, o ódio e a rivalidade, com o perdão.

Fonte: Adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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