O
culto litúrgico a S. José celebra-se, pelo menos, desde o século IV, quando
Santa Helena lhe dedicou uma igreja. No Oriente, celebrava-se, a partir do
século IX, uma festa em sua honra.
No
Ocidente o culto é mais tardio. No século XII, é celebrado entre os
Beneditinos. No século XII, é celebrado entre os Carmelitas, que o propagam na
Europa. No século XV, João Gerson e S. Bernardino de Sena são os seus
fervorosos propagandistas. Santa Teresa de Jesus era uma devota fervorosa de S.
José e muito promoveu o seu culto.
S.
José, descendente de David, era provavelmente de Belém. Por motivos familiares
ou de trabalho, transferiu-se para Nazaré e tornou-se esposo de Maria. O anjo
de Deus comunicou-lhe o mistério da incarnação do Messias no seio de Maria, e
José, homem justo, aceitou-o apesar da dura crise por que passou. Indo a Belém
para o recenseamento, lá nasceu o Menino Jesus.
Pouco
depois, teve de fugir com ele para o Egipto, donde regressou a Nazaré. Quando
Jesus tinha doze anos, vemos José e Maria em Jerusalém, onde perdem o filho e
acabam por o reencontrar entre os doutores do templo.
A
partir deste episódio, os evangelhos nada mais dizem sobre José. É possível que
tenha morrido antes de Jesus iniciar a sua vida pública.
Primeira leitura: 2 Samuel 7, 4-5a.12-14a.16
Primeira leitura: 2 Samuel 7, 4-5a.12-14a.16
A
profecia de Natã acena a Salomão, filho de David e construtor do templo. Mas as
palavras: "manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e
consolidarei o seu reino" (v. 12), indicam uma longa descendência no trono
de Judá. Esta descendência teve um fim histórico, recebendo força profética na
alusão velada ao Messias, descendente de David. Ele reinará para sempre. Mas o
seu reino não será deste mundo. Será um reino espiritual para salvação da
humanidade. A tradição cristã sempre aplicou este texto a Jesus, Messias
descendente de David, e indiretamente também a José, o último elo da genealogia
davídica.
Segunda leitura: Romanos 4, 13.16-18.22
Segunda leitura: Romanos 4, 13.16-18.22
Paulo
evoca a figura de Abraão, pai dos crentes, que reconheceu a sua indigência e se
apoiou, isto é, "acreditou" em Deus recebendo o "juízo de salvação",
a "justificação". A sua indigência foi superada e pôde realizar a sua
"tarefa existencial", a sua "obra", que naquelas
circunstâncias consistia na sua paternidade para com Isaac.
A
liturgia aplica a S. José o elogio de Paulo a Abraão. A fé do esposo de Maria,
submetida a duras provas, manteve-se firme, fazendo dele "homem
justo", e pai adoptivo de Jesus. A sua resposta de fé manteve-se durante
toda a sua vida. Por isso, colaborou com disponibilidade e generosidade no
projeto de salvação a que Deus o associou.
Se
Abraão é "tipo" do cristão, José também o é. Abraão sabia-se
condenado à morte, pois não teria descendência. Mas acreditou e recebeu uma
grande descendência da mão de Deus. José aceitou ser "pai" de Quem
não era seu filho, mas Filho de Deus e de Maria, e colaborou na geração da
humanidade nova, nascida da morte e da ressurreição de Cristo.
Evangelho: Lucas 2, 41-51a
Evangelho: Lucas 2, 41-51a
A
lei judaica mandava que os primogénitos, sendo sagrados, deviam ser entregues a
Deus ou sacrificados. Como o sacrifício humano era proibido, a lei obrigava a
fazer uma espécie de troca, de maneira que em vez do menino, era oferecido um
animal puro (cordeiros, pombas) (cf. Ex 13 e Lv 12). Lucas parece ter presente
que Jesus, primogénito de Maria, era primogénito de Deus. Por isso, com a
substituição do sacrifício - oferecem-s duas pombas - é evidenciado o fato de
Jesus ser "apresentado ao Senhor", isto é, solenemente oferecido ao
Pai.
O
sentido deste oferecimento só se compreende à luz da cena do calvário, onde
Jesus já não pode ser substituído e morrerá como autêntico primogénito, que se
entrega ao Pai pela salvação dos homens.
Como pai adoptivo, José preocupa-se por tudo uanto diz respeito a Jesus. Embora não lhe seja dado penetrar completamente no mistério das relações de Jesus com o Pai, e também não compreendendo tudo quanto Jesus faz e diz, deixa-se no entanto, conduzir por Deus, com uma fé dócil e silenciosa.
A
Igreja convida-nos, hoje, a voltar-nos para S. José, a alegrar-nos e a
bendizermos a Deus pelas graças com que o cumulou. S. José é o "homem
justo" (Mt 1, 19). A sua justiça vem-lhe do acolhimento do dom da fé, da
retidão interior e do respeito para com Deus e para com os homens, para com a
lei e para com os acontecimentos. É o que nos sugere a segunda leitura.
Não
foi fácil para José aceitar uma paternidade que não era dele e, depois, a
responsabilidade de ser o mestre e guia d´Aquele que, um dia, havia de ser o
pastor de Israel. Respeito, obediência e humildade estão na base da
"justiça" de José. Foi esta atitude interior, no desempenho da sua
missão única, que guindaram José ao cume da santidade cristã, junto de Maria, a
sua esposa.
As
atitudes de José são características dos grandes homens, de que nos fala a
Bíblia, escolhidos e chamados por Deus para missões importantes. Embora se
considerassem pequenos, fracos e indignos, aceitavam e realizavam a missão,
confiando n´Aquele que lhes dizia: "Eu estarei contigo".
José
não procurou os seus interesses e satisfações, mas colocou-se inteiramente aos
serviços dos que amava. O seu amor pela esposa, Maria, visava unicamente servir
a vocação a ela que fora chamada. Deste modo, o casal chegou a uma união
espiritual admirável, donde brotava uma enorme e puríssima alegria. Era a
perfeição do amor.
O amor de José por Jesus apenas visava servir
a vocação de Jesus, a missão de Jesus. Para José, o filho não era uma espécie
de propriedade a quem impunha uma autoridade e afeto tirânico, como, por vezes,
acontece com alguns pais. José sabia que Jesus não era dele, e nada mais
desejava do que prepará-lo, conforme as suas capacidades, para a missão de
Salvador, como lhe fora dito pelo Anjo.
Por intercessão do nosso santo, peçamos a Deus a fé, a confiança, a docilidade, a generosidade e a pureza do amor para nós mesmos e para quantos têm responsabilidades na Igreja, para que as maravilhas de Deus se realizem também nos nossos dias.
Fonte: Adaptação de um texto de : “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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