A
jovem esposa do rei da Pérsia, Ester, toma conhecimento de que, devido a
intrigas palacianas, fora decretado o extermínio dos hebreus deportados no
reino.
A
rainha, na tentativa de salvar o povo a que pertencia, decide expor-se ao
perigo, intercedendo por ele junto do marido. Mas, antes de se apresentar ao
rei, apresenta-se ao Senhor, numa atitude de penitência e de oração.
Assim
reconhece que o verdadeiro rei é Deus e professa que Ele é o Único. Só Ele pode
salvar o seu povo.
Apresenta-se
diante de Deus na sua pequenez e fragilidade e fala-lhe da sua solidão. E Deus
escuta a sua súplica angustiada: o Só é o único auxílio daquela que está só. O
«Só», a «só». A distância torna-se proximidade.
Ester
lembra a Deus as suas promessas em favor de Israel (v. 17) e, por outro lado,
confessa o pecado do seu povo. As promessas de Deus, e o arrependimento do seu
povo, levam-na a pedir ao Senhor a salvação da sua gente e a pedir, para si
mesma, a coragem, a sabedoria e a ajuda necessárias para cumprir com êxito a
sua missão de intercessora.
Evangelho: Mateus 7, 7-12
Jesus
ensina, de modo semelhante aos rabinos, a necessidade da oração de súplica e
que a mesma é seguramente escutada. Haverá contradição com o que ensinou pouco
antes (cf. Mt 6, 7s.)? Não, certamente, porque na oração não é preciso desperdiçar
muitas palavras. O Pai «sabe», mas é preciso assumir a atitude do mendigo, isto
é, reconhecer a própria condição de fraqueza e dependência de Deus.
E
Deus dá a quem pede e abre a quem bate: «Será dado, «será aberta-, por Deus,
entenda-se! Se um pai dá pão ao filho que lhe pede pão, e não outra coisa
parecida, também Deus dará «coisas boas- a quem Lhas pedir. O Pai escuta sempre
os pedidos dos filhos e dá-lhes o que é melhor para eles.
O
modo de agir de Deus, leva-nos a agir de modo semelhante com os irmãos. É
preciso estar atentos às suas necessidades. O verdadeiro discípulo põe no
centro o Pai e os outros, e não a si mesmo: «O que quiserdes que vos façam os
homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas» (v. 12).
A palavra
de Deus leva-nos, hoje, a meditar sobre a oração. A primeira leitura
apresenta-nos a oração de Ester, numa situação de extrema angústia, não por
causa dela própria, mas por causa do seu povo ameaçado de morte.
A
rainha, de raça judaica, apresenta-se só diante de Deus para Lhe recordar a
vocação do seu povo e a história passada semeada de benefícios divinos. Ester
não confia em si mesma, nos seus méritos, mas na bondade e na misericórdia de
Deus tantas vezes demonstrada. E alcança o que pede.
Jesus
ensina-nos a rezar de modo confiante e perseverante, porque Deus é nosso Pai e
nos ama com um amor eterno, de que não se arrepende. Ouvimos tantas vezes estas
afirmações que talvez já não nos impressionem. Mas são a pura verdade, que nos
hão-de encher de confiança, e mesmo de atrevimento, na nossa oração.
A
comunhão com Deus, a que Jesus nos convida, é uma experiência que nos renova
interiormente: «Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão
dê abrir-vos. Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate,
hão dê abrir» (vv. 7-8).
A
oração confiante e perseverante não desilude, porque Deus só pode dar coisas
boas a quem lhas pede. Ele sabe do que precisamos. Na oração, mais do que
apresentar os nossos desejos, há que abandonar-nos aos que Ele tem sobre nós.
A
nossa oração há-de começar, pois, com um acto de contemplação gratuita, fixando
o nosso olhar no rosto do Pai misericordioso. Então deixaremos cair os nossos
muitos pedidos, deixando crescer em nós um só pedido: que se cumpra em nós a
sua vontade.
É
que, contemplando o rosto de Deus, experimentamos a certeza de que somos seus
filhos muito amados e que, portanto, nada nos faltará daquilo que realmente
precisamos.
Se
precisamos de rezar demorada mente, não é para convencer a Deus das nossas
necessidades, mas para transformarmos os nossos desejos e fazê-los coincidir
com a vontade divina que quer o nosso bem.
É
pouco ser fiéis às certamente necessárias práticas de piedade pessoais e
comunitárias. As orações devem levar-nos à oração e ajudar-nos a descobrir o
seu núcleo vital: rezar é amar. A caridade é a oração que dá valor a todas as
orações e práticas de piedade e torna fecundo o "nosso apostolado".
Cristo
convida-nos, como Seus discípulos e, sobretudo, como Seus "amigos" à
"assiduidade" na oração-caridade, e "nós queremos corresponder a
esse convite": é preciso "rezar incessantemente ... " (1 Tes 5,
17; cf. Ef 5, 20).
Fonte: Adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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