SEXTA-FEIRA - IV SEMANA -T C- ANOS ÍMPARES -
8 FEVEREIRO 2019
Estamos a chegar ao fim da Carta aos Hebreus. O seu
autor dá orientações concretas para a vida dos cristãos: perseverança no amor
fraterno, hospitalidade, ajuda aos presos e a outros que estão em situação de
sofrimento. Todos formam connosco um só corpo. Depois, trata da santidade com
que o matrimónio há-de ser vivido. Ele é, de facto, um caminho de santidade.
Prossegue alertando para a tentação de nos deixarmos envolver pela avareza.
Jesus é a nossa verdadeira riqueza. O Pai sabe do que precisamos.
Finalmente, há que recordar aqueles que nos pregaram o
Evangelho e a heroicidade do seu testemunho. A fé em Jesus morto e ressuscitado
por nós muda a nossa vida e as relações, dando plenitude à história humana:
«Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e pelos séculos» (v. 8).
Evangelho: Mc 6, 14-29
Flávio José diz-nos que Herodes Antipas, temendo
possíveis desordens políticas desencadeadas pelo movimento de João Baptista,
prendeu o profeta em Maqueronte, onde o mandou executar. O relato de Marcos,
mais subjectivo, e menos exacto, levou a ver João Baptista apenas como vítima
da vingança de uma mulher irritada.
O segundo evangelho apresenta-nos Herodes que,
atormentado pelos remorsos, julga reconhecer em Jesus o profeta que mandara
matar (v. 16). E assim começa a narrativa do martírio de João, mais longa que a
de Mateus ou a de Lucas: prisão, acusação, denúncia corajosa do rei pelo
profeta (vv. 18-20), trama de Herodíades que usa Salomé, fraqueza de Herodes,
sentença de morte e execução da mesma (vv. 26-28).
Mas o remorso persegue o rei. O relato termina com um
toque de piedade: o corpo do profeta é entregue aos discípulos que lhe dão
sepultura (v. 29).
Esta narrativa popular realça a atitude ridícula de
Herodes, por um lado, escravo das suas paixões, e, por outro, interessado na
figura austera de João Baptista. Para Marcos, o martírio de João, e a
liquidação do seu movimento, indica que a comunidade cristã, criada por Jesus,
era completamente nova, ainda que conservasse a memória veneranda do maior de
todos os profetas.
Quase a concluir a Carta aos Hebreus, o seu autor
exorta aqueles a quem se dirige a viverem na caridade, na castidade, na pobreza
e na obediência. É o ideal de uma vida realmente cristã, a que todos os
baptizados são chamados. Os religiosos apenas radicalizam a vivência desse
ideal.
Em primeiro lugar, a caridade: «Permanecei na caridade
fraterna» (v. 1). E o nosso autor concretiza: «Não vos esqueçais da
hospitalidade» (v. 2), «lembrai-vos dos presos» (v. 3). A caridade é expressão
do amor divino recebido e comunicado, um amor generosos, participativo,
constante.
A castidade: «Seja o matrimónio honrado por todos e
imaculado o leito conjugal, pois Deus julgará os impuros e os adúlteros» (v.
5). O autor fala da castidade dos casados. A castidade dos casados estimula a
dos religiosos. Mas a castidade dos religiosos, por sua vez, é sinal, ajuda,
força para os outros.
A pobreza: «Vivei sem avareza, contentando-vos com o
que possuís» (v. 5). O espírito de pobreza, próprio de todos os cristãos, e a
pobreza dos religiosos, vivida coerentemente, manifestam a nossa confiança em
Deus:
«Assim, podemos dizer confiadamente:O Senhor é o meu
auxílio; não temerei...» (v. 6).
A obediência: «Recordai-vos dos vossos guias» (v. 7), dos vossos chefes. Mas adiante lê-se: «Sede submissos e obedecei aos que vos guiam... que eles o façam com alegria e não com gemidos, o que não seria vantajoso para vós» (v. 17).
Na caridade, na castidade, na pobreza e na obediência,
vividas segundo a graça e a vocação de cada um, todos os discípulos de Cristo
hão-de tornar-se dom total a Deus e aos irmãos, tal como Jesus. De qualquer
modo, cada um de nós é chamado a morrer a si mesmo, ao homem velho, ao egoísmo
e ao orgulho que nos impede de viver com a disposição e a atitude de João
Baptista que dizia: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3, 30).
Fonte>: Resumo e
adaptação de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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