4ª -FEIRA - VII
SEMANA - T C - ANOS ÍMPARES -
27 FEVEREIRO 2019
Primeira leitura: Ben Sirá 4, 12-22 (gr 11-19)
«A sabedoria toma sob a sua protecção aqueles que a
buscam». O nosso texto fala-nos da sabedoria como de alguém que pode cuidar da
nossa formação para uma vida feliz e recta. Mas é preciso procurá-la com
afinco, abrir a mente e o coração aos seus preciosos ensinamentos. Se assim
fizermos, ela guiar-nos-á para a vida, para a alegria e para a glória.
Ensinar-nos-á a julgar com equidade e a viver tranquilos.
Mas a sua influência é particularmente preciosa na vivência da nossa relação com Deus:
Mas a sua influência é particularmente preciosa na vivência da nossa relação com Deus:
«Os que a servem prestam culto ao Santo, e os que a amam
são amados pelo Senhor» (v. 14).
Há uma forte
aproximação entre a verdadeira sabedoria e a relação com Deus. Ao fim e ao
cabo, a sabedoria é uma qualidade de Deus, uma das suas expressões. E só se
alcança com esforço pessoal: «Antes de confiar nele, pô-lo-á à prova com os
seus preceitos» (v. 17c.). A perseverança nas provações revelam a capacidade de
se confiar à sabedoria, de se abandonar a ela, deixando-se conduzir por ela,
deixando-se progressivamente "construir" por ela. Só assim será
possível entrar na sua intimidade, conhecer-lhe os segredos.
O versículo 19 é um aviso: «Se ele se transviar, ela
há-de abandoná-lo, e entregá-lo-á nas mãos da desgraça.» É preciso aceitar a
pedagogia da sabedoria, mesmo que seja exigente e nos faça sofrer. Se assim não
for, corremos o risco de fracassar e ser abandonados ao nosso destino.
Evangelho: Marcos 9, 38-40
Ao terminarmos a leitura do capítulo 9 de Marcos, podemos
fazer um pequeno resumo de alguns temas: a fé dos discípulos é frágil, não é
suficiente para expulsar demónios; os próprios discípulos têm a mania das
grandezas, orgulhando-se diante daqueles que não pertencem ao grupo dos
discípulos. Parece-lhes que só eles têm capacidade para realizar acções
correspondentes aos ensinamentos de Jesus.
Mas o Mestre mostra que a sua missão e os seus
ensinamentos não podem ser encerrados atrás de portas ou muros. O Espírito
Santo sopra onde quer. Fazer prodígios «em nome» de Jesus, é actuar com
liberdade, acolhendo o amor, e em total dependência de Deus, que não exclui
ninguém. Os discípulos não podem pretender um monopólio absoluto sobre Jesus.
A Igreja deve
estar aberta àqueles que não lhe pertencem expressamente, mas demonstram
simpatia e benevolência em relação a ela. As exortações finais apresentam
exactamente alguns princípios para a boa convivência comunitária.
As leituras de hoje apresentam-nos dois mestres
excepcionais: a Sabedoria e Jesus. Estes dois mestres acabam por se
identificar, porque a Sabedoria, em última análise, é o Verbo que, na plenitude
dos tempos, assume carne humana da Virgem Maria. É Jesus.
Na primeira leitura a Sabedoria promete conduzir às
fontes da alegria e do sucesso aqueles que a procuram, avisando que não se
trata de uma tarefa fácil. É uma observação interessante para nós que queremos
tudo "já" e "sem esforço".
Mas a própria vida nos ensina que, sem esforço, nada se
alcança. Pensemos na vida dos atletas de alta competição! Mas a Sabedoria
assegura a realização de quem a procura: «Os que amam a Sabedoria são amados
pelo Senhor» (v. 14). Estar em sintonia com o Senhor é a máxima realização da
existência.
No breve texto evangélico que hoje escutamos, os
Apóstolos parecem sentir-se donos de Jesus e dos seus poderes. Por isso, não
admitem que outros actuem em nome do Senhor: «Mestre, vimos alguém expulsar
demónios em teu nome, alguém que não nos segue, e quisemos impedi-lo porque não
nos segue» (v. 38). Para pertencer a Cristo, para seguir a Cristo, e agir em
seu nome, é preciso estar com Ele.
Por isso julgam-se
no direito de impedir que outros, que não fazem parte do grupo, usem o nome e
os poderes de Jesus em vantagem própria. Mas não é isso que Jesus pensa: «Não o
impeçais, porque não há ninguém que faça um milagre em meu nome e vá logo dizer
mal de mim» (v. 39). Mais tarde pode voltar atrás e dizer mal do Senhor. Mas,
no momento em que actua em Seu nome, está no bom caminho, e Deus alegra-se com
isso.
Os Apóstolos pertencem a Jesus. Mas não têm monopólio
sobre Ele, nem sobre a sua graça. Em vez de se irritarem por outros fazerem o
bem em nome de Cristo, devem alegrar-se por Deus se dignar agir por meio dessas
pessoas e em lugares que não pertencem ao rebanho do Senhor. É uma tentação em
que também nós, os católicos, que sabemos estar na verdade, podemos cair.
Por vezes, temos dificuldade em admitir que Deus possa
fazer o bem por meio de pessoas que não pertencem a Igreja e que até nem querem
muito com ela. Mas Deus é livre de actuar onde, como e com quem quiser. Mais do
que fechar-nos em ciúmes ou ressentimentos, há que abrir-nos à solidariedade:
«Quem não é contra nós é por nós» (v. 40).
Havemos de ter por amigos todos os que fazem o bem, ainda
que em outras circunstâncias venham a falar mal de nós. Deus derrama a sua
graça sobre bons e sobre maus, e cada vez que isso acontece, pode estar a
abrir-se um caminho para Cristo. Alegremo-nos com o bem, com todo o bem, venha
donde vier, porque, qualquer passo no bem, aproxima de Deus. Peçamos ao Senhor
largueza de vistas e... de coração!
Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em
“dehonianos.org/portal/liturgia”
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