TERÇA-FEIRA I SEMANA DO ADVENTO - 4 DEZEMBRO 2018
Primeira leitura: Is. 11, 1-10
Num cenário de desolação, brota «um rebentos, sinal de
vida e de bênção. Brota do tronco da família de David, provada pelas tragédias
da história e pela infidelidade do pecado. Mas Deus é fiel e não esquece a
promessa de estabelecer para sempre o trono de David.
A referência ao «tronco de Jessé», pai de David,
lembra que Deus faz maravilhas, não com o David humanamente poderoso, mas com o
David criança, fraco diante dos homens, mas amado e escolhido (cf. 1 Sam 16,
1-13).
O dom do Espírito (v. 2) é o dom divino por excelência
aos chefes libertadores de Israel, aos juízes carismáticos, aos profetas e aos
sacerdotes, aos sábios. Mas era um dom parcial e instável. Mas um descendente
de David irá recebê-lo totalmente e de modo duradoiro: «Sobre ele repousará o
espírito do senhor- (v. 2). O menino real receberá a totalidade dos dons e dos
carismas, que se revelarão num governo justo.
A última parte do texto tem alcance universal: o reino
deste menino não se limitará a Jerusalém, mas abrangerá a humanidade inteira e
a própria criação. Com ele, aparecerá um mundo totalmente renovado,
reconciliado, quase um "novo paraíso", cujo centro é monte santo de
Deus, cuja presença será pacificadora e vitoriosa sobre todo o mal. E o
«conhecimento do Senhor» (v. 9) inundará a terra.
Evangelho: Lc. 10, 21-24
Jesus reconhece a verdade da sua vocação de Filho na
fé dos pequenos, daqueles que os homens da religião, julgam desfavorecidos mas
que, com gratidão e humildade, acolheram a pregação dos 72 discípulos. Tudo
isto é descoberto e celebrado na força do Espírito que torna o homem capaz de
ler os acontecimentos à luz da vontade de Deus.
A exultação de Jesus deixa-nos entrever a qualidade
dos eventos pelos quais se manifesta a sua vocação filial. Apesar do insucesso
da sua missão, e do parcial sucesso da dos discípulos, dá graças ao Pai pelos
seus imperscrutáveis desígnios, que abrem o mistério do Reino aos pequenos e
humildes e o fecham aos soberbos.
Jesus admira o "conhecimento" que o Pai tem
dele e exalta o conhecimento que o mesmo Pai Lhe dá do seu projecto de
salvação. Mais ainda: Jesus introduz neste conhecimento de Deus os seus amigos,
aqueles que aceitam participar na familiaridade que O liga ao Pai (v. 22). Essa
participação é a verdadeira bem-aventurança dos discípulos, que já não vivem à
espera, mas usufruem da presença da salvação (v. 23) há muito esperada por
Israel.
O Advento é tempo de esperança e de desejo. Esperamos e desejamos a manifestação do Senhor. A liturgia ajuda-nos a manter vivos e a aprofundar esses sentimentos. O conhecimento do Senhor será a nossa felicidade: «Felizes os olhos que vêem o que estais a ver».
Mas Deus actua e revela-Se de modo imprevisível,
confundindo a sabedoria humana. Os caminhos de salvação, que nos faz percorrer,
são inesperados, como sugere o tema do «rebento do tronco de Jessé«. O rebento,
que desponta de um tronco cortado, no meio de um bosque devastado, recorda a
fidelidade de Deus à sua promessa e o privilégio que, aos seus olhos, têm os
humildes e pequenos.
Cada um de nós pode ser um desses privilegiados, se
acolher o dom do Espírito que repousa sobre Jesus, o rebento messiânico. E como
Jesus, pela força do Espírito, soube discernir nos êxitos controversos da sua
missão o plano sábio de Deus, também cada um de nós poderá alegrar-se com a
atenção e o carinho que Deus reserva aos pobres e simples. Cada um de nós
poderá fruir da revelação do mistério do amor do Pai e entrar numa relação de
comunhão e intimidade com Ele.
Jesus, o Verbo Incarnado, vem oferecer-me a vida
filial, a verdadeira sabedoria, o dom do Espírito com que Deus quer encher-me e
encher o mundo inteiro. Portanto, há que acolher Jesus, pois Ele é o verdadeiro
sinal do céu que Deus nos envia para nos dar a conhecer o seu amor. E dá-o a
conhecer, não por gestos espectaculares, mas na bondade para com os doentes, no
cuidado e paciência em explicar as coisas a espíritos pouco abertos, no gosto
em permanecer connosco.
Peçamos à Virgem Maria que nos faça compreender cada
vez mais o mistério da Incarnação, que nos alcance de Deus «um espírito de
sabedoria e de revelação para descobrirmos e conhecermos verdadeiramente a
Cristo Senhor e compreendermos a que esperança fomos chamados" (cf. Ef 1,
17-18). A nossa "esperança", que "não desilude" (Rm 5, 5),
que é "o único necessário" para nós, é Cristo, e a vida de união com
Ele.
Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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