II DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO – ANO C - 9 Dezembro 2018
Podemos
situar o tema deste domingo à volta da missão profética. Ela é um apelo à
conversão, à renovação, no sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem
a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração dos homens. Esta missão
é uma exigência que é feita a todos os baptizados, chamados – neste tempo em
especial – a dar testemunho da salvação/libertação que Jesus Cristo veio
trazer.
LEITURA I –
Bar 5,1-9
A primeira
leitura sugere que este “caminho” de conversão é um verdadeiro êxodo da terra
da escravidão para a terra da felicidade e da liberdade. Durante o percurso,
somos convidados a despir-nos de todas as cadeias que nos impedem de acolher a
proposta libertadora que Deus nos faz.
A leitura convida-nos, ainda, a viver
este tempo numa serena alegria, confiantes no Deus que não desiste de nos
apresentar uma proposta de salvação, apesar dos nossos erros e dificuldades.
O Advento é
um tempo favorável para o êxodo da terra da escravidão para a terra da
liberdade. Neste tempo somos especialmente confrontados com as cadeias que
ainda nos prendem e convidados a percorrer esse caminho de regresso que a
bondade e a ternura de Deus vão aplanar, a fim de que possamos regressar à
cidade nova da alegria e da liberdade.
“Vê os teus
filhos… estão cheios de alegria porque Deus se lembrou deles” (Bar 5,5). É
nesta atmosfera de alegria e de confiança serena na acção salvadora do nosso
Deus que somos convidados a viver este tempo de mudança e a preparar a vinda do
Senhor às nossas vidas.
II – Filip
1,4-6.8-11
A segunda
leitura chama a atenção para o facto de a comunidade se dever preocupar com o
anúncio profético e dever manifestar, em concreto, a sua solidariedade para com
todos aqueles que fazem sua a causa do Evangelho. Sugere, também, que a
comunidade deve dar um verdadeiro testemunho de caridade, banindo as divisões e
os conflitos: só assim ela dará testemunho do Senhor que vem.
A essência
da Igreja de Jesus é ser missionária. “Ide e anunciai” – diz Jesus. Para que
Jesus venha, para que a sua proposta de salvação chegue a todos os povos da
terra, é necessário este compromisso contínuo com a evangelização.
Só é possível acolher, com um coração puro e
irrepreensível, o Senhor que vem se a caridade for, entre nós, uma realidade
viva. Mas, frequentemente, a vida das nossas comunidades cristãs é marcada
pelas divisões, pelas murmurações, pelas lutas pelo poder, pelas tentativas de
manipular, pelos interesses mesquinhos e egoístas, pelas guerras de sacristia…
É possível
que a nossa comunidade não seja, ainda, um modelo de perfeição: somos um grupo
de irmãos com os nossos limites e defeitos… Sem desânimo, devemos ter presente
que somos uma comunidade “a caminho”, em processo de construção. O que é
importante é que saibamos acolher o Senhor que vem e deixar que Ele nos conduza
à plenitude da vida e do amor.
EVANGELHO –
Lc 3,1-6
O Evangelho
apresenta-nos o profeta João Baptista, que convida os homens a uma
transformação total quanto à forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às
prioridades da vida. Para que Jesus possa caminhar ao encontro de cada homem e
apresentar-lhe uma proposta de salvação, é necessário que os corações estejam
livres e disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta missão profética
que Deus continua, hoje, a confiar-nos.
O texto de
hoje segue-se imediatamente ao “evangelho da infância”, na versão lucana. Aqui
começa, oficialmente, o Evangelho – isto é, o anúncio da Boa Nova de Jesus.
Antes de começar a descrever a acção libertadora e salvadora de Jesus no meio
dos homens, Lucas vai apresentar João Baptista, o profeta que veio preparar a
chegada do Messias de Deus.
João é o
profeta, cujo anúncio prepara o coração dos homens para acolher o Messias. A
dimensão profética está sempre presente na comunidade dos baptizados. A todos
nós, constituídos profetas pelo baptismo, Deus chama a dar testemunho de que o
Senhor vem e a preparar os caminhos por meio dos quais Jesus há-de chegar ao
coração do mundo e dos homens.
Preparar o
caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente, que elimine o egoísmo,
que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que
mantêm os homens prisioneiros do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um
re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a
ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida.
Esse
processo de conversão é um verdadeiro êxodo, que nos transportará da terra da
opressão para a terra nova da liberdade, da graça e da paz. Só quem aceita
percorrer esse “caminho” experimentará a “salvação de Deus”.
A
preocupação de Lucas em situar concretamente, no espaço e no tempo, os
acontecimentos da salvação chama a atenção aos profetas que anunciam a “vinda
do Senhor”, no sentido de encarnar o seu anúncio no contexto cultural e
político onde estão inseridos, a ir ao encontro do homem concreto, com a sua
linguagem, os seus problemas concretos, as suas ânsias, os seus dramas, sonhos
e esperanças. A linguagem com que o profeta anuncia a salvação não pode ser uma
linguagem desencarnada, mas tem se ser uma linguagem viva, questionante,
interpelativa.
Fonte: Adaptação de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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