SÁBADO - II
SEMANA –
TEMPO COMUM – ANOS ÍMPARES
Primeira leitura: Hebreus 9,2-3.11-14
O autor da Carta aos Hebreus continua a falar do
sacerdócio de Cristo, da sua capacidade de ser intermediário entre Deus e os
homens, e entre os homens e Deus.
A mediação de Cristo não se realiza como no Antigo
Testamento, ou seja, penetrando num lugar material, no Santo dos Santos, onde o
Sumo Sacerdote podia entrar apenas uma vez por ano.
Com Jesus, tudo
muda: o culto exterior torna-se interior porque Cristo entra uma vez para
sempre no santuário do céu oferecendo o seu Corpo santíssimo como oferenda viva
e agradável a Deus, alcançando-nos, pelo seu Sangue, a salvação.
Esse Sangue é o preço do sacrifício perfeito em que,
também nós, participamos. Animado pelo Espírito, Jesus ofereceu-Se ao Pai,
dando-nos a possibilidade de também nós entrarmos na festa do dom recíproco
entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O novo culto não é um conjunto de ritos exteriores,
mas um movimento festivo de honra prestada e recebida entre as Pessoas da
Santíssima Trindade.
Em Jesus, realizou-se o que era impossível aos sacerdotes
da antiga aliança. Por isso, Jesus Cristo é chamado pontífice dos bens futuros
(2, 5), da cidade futura (13, 14), da herança eterna prometida (9, 15).
Evangelho: Marcos 3, 20-21
A presença e a actividade de Jesus adquirem notável
ressonância. Mas essa ressonância não leva necessariamente à fé. Jesus tem de
enfrentar as primeiras recusas, a começar pela dos seus familiares que decidem
tomar medidas drásticas contra os embaraços que lhes estava a causar, pois
diziam:
Está fora de si!» (v. 21).
A consanguinidade não é suficiente para criar sintonia
com o Evangelho. Jesus vive o dom total de Si mesmo para com todos. Os seus
familiares, em vez de O apoiarem e seguirem, querem impor-Lhe bom senso,
prudência humana.
No fundo estamos perante a mesma questão de sempre: ou
seguir Jesus, doando-nos sem cálculos nem reservas, ou tentar tomar conta d´Ele
de um qualquer modo, como fizeram os seus inimigos, para O vergarmos aos nossos
interesses mesquinhos.
A Carta aos Hebreus fala-nos do dom total de Si mesmo
feito por Jesus Cristo. Jesus, animado por um «Espírito eterno, ofereceu-se a
si mesmo a Deus, sem mácula» (v. 14). Cristo realizou a oblação perfeita de Si
mesmo, uma oblação bem diferente das oblações do culto antigo, antes referido.
Jesus entrou no santuário, «não com o sangue de carneiros ou de vitelos, mas
com o seu próprio sangue» (v. 12).
Oferecer coisas externas é relativamente fácil;
oferecer a si mesmo é mais difícil. Jesus mostrou-nos este caminho: não ofertas
externas, mas ofertas pessoais. Oferecer a si mesmo, pôr-se à disposição do
amor de Deus, para o serviço dos irmãos e das irmãs, até ao ponto de pôr em
perigo a própria vida, se for necessário!
Jesus pôde fazer esta oferta pessoal perfeita porque
não tinha qualquer mancha, era imaculado, perfeitamente íntegro. Por outro
lado, pôde oferecer-Se a Si mesmo porque tinha uma generosidade inspirada pelo
Espírito Santo: «pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo a Deus» (v. 14). A
sua oblação transformou o sangue derramado em sangue de aliança, em sangue que
purifica e santifica.
O sangue de Cristo, graças a esta oblação, «purificará
a nossa consciência das obras mortas» e pôr-nos-á em condições de «prestarmos
culto ao Deus vivo!»
Na verdade, Jesus estava «fora de si» (v. 21). S.
Paulo fala-nos da «loucura da cruz» (1 Cor 1, 18), uma loucura de amor, uma
loucura fecunda. Depois de Jesus, quantos seus discípulos foram acusados de
loucos por desprezarem a sabedoria deste mundo e se entregarem completamente à
sabedoria da cruz, oferecendo-se inteiramente a Deus e ao serviço dos irmãos.
Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia
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