quarta-feira, 16 de abril de 2014

"O SACERDOTE: A SUA IDENTIDADE". Homilia de D. Francisco Lerma na Missa Crismal na Catedral de Gurúè


O SACERDOTE: A SUA IDENTIDADE

D. Francisco com os seminaristas do Seminário Propedêutico S. José de Gurúè

Missa Crismal. IV Feira Santa na Catedral de Gurúè


1.-Modelado por Cristo Pastor

Para sabermos o que é o Padre devemos conhecer primeiro Cristo e Cristo Pastor. Só a partir de Cristo é poderemos ter uma imagem do que os sacerdotes  devemos ser, da nossa própria identidade.

O Pastor cuida, responsabiliza-se, lidera e guia, cura e liga as feridas, está sempre à disposição das suas ovelhas, sempre disposto a ajuda-las, dá-se a elas, conhece-as e elas conhecem-no, elas podem confiar totalmente nele, ele ama-as.

Isto quer dizer que o Padre não é mais uma pessoa para si próprio, com o seu próprio tempo, os seus interesses pessoais, o seu espaço onde mais ninguém pode entrar.

Ele pertence ao povo, à Igreja, sempre disponível à chamada das ovelhas.

Ele poderá ser um pai cuidadoso mas não um patrão: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate por muitos (Mc 10,45).

Se o Padre age em nome de Cristo deverá entender a liderança como Cristo a entendeu, a saber “liderança como serviço”.

O Sacerdote não deve ser  o homem de poder com o qual oprime os outros membros da Igreja.

O Sacerdote torna presente Cristo na Palavra, nos Sacramentos e no governo das ovelhas.

Mas ele não proclama as suas opiniões pessoais, mas a palavra de Deus; Ele deve amar o povo que lhe é confiado.

2.-Solicitude pastoral que precisa de maturidade humana.

O sentido de responsabilidade precisa de ser desenvolvido. Isto implica ser confiável, honesto, íntegro.

 Deve ter capacidade de ouvir respeitosamente pessoas de todas as condições. Enquanto Padre ele poderá esperar ser respeitado, mas será ele também capaz de mostrar respeito pelo povo com quem trabalha.

3.- O sacerdócio é essencialmente uma realidade relacional. (PDV 12)

No seu relacionamento com os cristãos e com os demais sacerdotes e com o Bispo não pode comportar-se como se fosse “uma pessoa sem familiares”, um indivíduo isolado da comunidade, da paróquia e do presbitério. Um padre não é para si próprio, mas para os outros. Um é uma pessoa que se libertou do isolamento, saiu fora de si para se doar aos outros. Um Padre autêntico nunca está só!. Para o Padre significa uma tripla relação relação espiritual com Cristo, relação fraternal com os demais sacerdotes e o Bispo, e relação paternal com os cristãos.

Nenhum presbítero pode realizar suficientemente a sua missão isoladamente, mas só um esforço comum com os outros presbíteros e com os cristãos e com o Bispo (PO 7).

A solicitude pastoral do padre diocesano não é um assunto individual, mas coloca o Padre numa relação de fraternidade com os outros padres e o bispo, isto é o Presbitério Diocesano, fraternidade sacerdotal.

Cristo não entregou a sua missão a uma só pessoa, mas a um grupo colectivo, os doze apóstolo que Ele chamou e enviou juntos. Pelo que esta fraternidade apostólica e sacerdotal  não é algo exclusivo dos religiosos. Pertence à essência do sacerdócio católico. As formas é que podem varia, mas os conteúdos são evangélicos.

A fraternidade sacerdotal nã é baseada em amizade, nacionalidade ou região de origem ou interesses comuns . O Nº 8 da Presbyterorum Ordinis ensina que “os Padres em virtude da ordenação sacerdotal estão unidos entre eles numa íntima irmandade sacramental.

 A este respeito, o Bispo Sithembele Sipuka, de Umthatha, numa palestra aos seus sacerdotes disse: “Uma vez ordenado, eu não posso decidir viver, trabalhar e associar só com aqueles cuja personalidade se coaduna com a minha”.

Os Padres que se excluam pessoalmente desta realidade fraternal e se retira para um “isolamento confortável “ colocam-se a eles próprios e ao povo que lhes é confiado em grande risco. Precisamente porque p trabalho é duro, as distância geográficos são grandes, o padre precisa da ajuda dos outros irmãos sacerdotes, precisam partilhar as alegrias e as tristezas com os seus irmãos para tornarem a sua carga mais leve.

Gurúè 16.04.2014. IV Feira Santa. Missa Crismal

Vosso Bispo

Francisco

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