sábado, 19 de abril de 2014

NÃO TEMAIS. NÃO ESTÁ AQUI. RESSUSCITOU COMO TINHA DITO. Homilia de D. Francisco Lerma na Noite Santa da Vigília Pascal

NÃO TEMAIS. NÃO ESTÁ AQUI. RESSUSCITOU COMO TINHA DITO. IDE.
 
1.-Esta celebração é coroação de toda a liturgia cristã, centro do ano litúrgico, a mais antiga, a mais sagrada, a mais rica de todas as celebrações, a mãe de todas as celebrações (S. Agostinho).

2.- Nesta noite, os cristãos reunimo-nos para celebrarmos na esperança e na alegria, o grande acontecimento da salvação, pelo qual Jesus Cristo, depois da sua paixão e morte na Cruz, ressuscitou. Ele está vivo, não ficou no sepulcro, Ele venceu a morte, Ele é o Salvador de todos nós. O Poder do mal foi destruído para sempre. No meio de tanta tristeza e sofrimento do tempo presente, temos a certeza da feliz vitória final. Por isso nós, os cristãos, esperamos contra toda prova, na vitória final em Cristo. Ele é o Senhor da Glória que com o seu poder nos salva de todo o mal. Essa é alegria que nos enche esta noite e que proclamamos a todo o mundo.

3.- Mas a nossa espera na vitória final, não é uma espera estática, passiva, de braços cruzados como se estivéssemos a ver o que é que vai acontecer. Não. Trata-se de uma esperança dinâmica, activa, que nos compromete dia a dia. Trata-se de um movimento contínuo. A Páscoa significa isso mesmo “PASSAGEM”. Como a primeira Pascoa do Povo Israelita, “passagem da escravidão” do Egipto a caminho da terra da promessa. Nós somos esse novo povo de Israel que caminhamos rumo ao futuro, caminhando dia a dia, trabalhando dia a dia, comprometendo-nos dia a dia com a construção de uma sociedade nova, do homem novo, deixando atrás a vida antiga do mal e do pecado, alimentando-nos do fermento novo que nos renova interiormente e nas nossa relações familiares e sociais. Deixemos o fermento do mal, do egoísmo, da soberba, do poder, da violência, da morte, do abuso dos outros para os interesses privados.

4.- A nossa espera é a espera vigilante d’Alguém que vem ao nosso encontro. Como um sentinela, como o servo que espera atento á vinda do seu senhor, a espera do noivo que está para chegar, a espera vigilantes das virgens que esperam com as luzes acesas o esposo que está para chegar. Vigilantes na fé, construindo no amor, esperando no compromisso diário.

5.- Esta PASSAGEM realiza-se em primeiro lugar no Baptismo. Por isso esta noite celebramos especialmente este Sacramento. Ser baptizado é, na verdade, morrer com Cristo, para ressuscitar com Ele. A Água do baptismo é como a água do mar vermelho que traga as forças do mal e liberta o Povo da escravidão; é o sepulcro que onde é deposto o homem velho do pecado e sai o homem novo da graça.

Por isso, desde os tempos mais antigos do cristianismo a Igreja celebra nesta NOITE O Baptismo dos seus novos filhos, os catecúmenos; e leva todos nós, os já baptizados a reviver o próprio baptismo tomando consciência dos nossos compromissos e promessas baptismais.

6.- NAS LEITURAS ENCONTRAMOS ESTES ENSINAMENTOS ESSENCIAIS:

1.       Génesis: nesta leitura descobrimos a dignidade de toda a pessoa, criada a imagem e semelhança de Deus, a igualdade fundamental de todas as pessoas, como filhos e filhas de Deus, o fim de toda discriminação seja qual for o seu fundamento (racial, de género, de condição social ou religiosa.

2.       Nos profetas descobrimos a grandiosa vocação que a todos nos envolve na solidariedade universal graças ao Espírito santo que concede a todos os que o aceitam. E, ao mesmo tempo, lembram-nos estas leituras a força da Palavra de Deus como fonte de vida como uma via para reencontrar a paz, a sabedoria e a vida, que tantas vezes ignoramos ou combatemos com o nosso proceder.

3.       E no fim, os Profetas lembra-nos a diferença entre o agir de Deus e o nosso próprio agir. Deus promete e concede sempre o seu perdão, a sua consolação, a fidelidade à sua Aliança, apesar das nossas infidelidades.

4.       No Novo Testamento (Romanos), o Apóstolo lembra-nos a vida nova do Baptismo. A semente de vida que é semeada na pessoa baptizada, devemos cultiva-la dia a dia, até fazê-las crescer plenamente, até ao encontro definitivo com Deus depois da nossa morte. Neste sentido, os cristãos somos chamados a lutar a batalha, o bom combate da fé, dano testemunho no meio do nosso mundo.

5.       Já no Evangelho, descobrimos a grande alegria das mulheres ao ouvir o anúncio do Anjo: NÃO TEMAIS. NÃO ESTÁ AQUI. RESSUSCITOU COMO TINHA DITO. IDE.

Estas piedosas mulheres são as primeiras missionárias do Evangelho. Desde então todos nos, com a nossa vida e com as nossa palavras, devemos ir ao mundo e anunciar a ressurreição do Senhor. Ele está vido. Ele é o nosso salvador e libertador.

Gurúè, 20.04,2014

Vosso Bispo

Francisco

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