I.- HORA SANTA
Hora Santa Vocacional- Tema:
«Propor as vocações na Igreja local»
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS
VOCAÇÕES. IV DOMINGO DE PÁSCOA
I.
Acolhida
Animador: Amados irmãos e amadas irmãs neste momento nos
reunimos em comunhão com toda Igreja para celebrar o Dia Mundial de Oração
pelas Vocações. Este é o dia propício para colocarmos em prática o grande
mandato de Jesus: “peçam ao dono da messe que mande trabalhadores para a
colheita” (Mt 9, 38). E, para darmos início a este importante momento de fé e
comunhão, invoquemos a Trindade Santa:
Em nome do Pai, em nome do
filho e em nome do Espírito Santo. Amém!
Animador: Que a força do Pai que nos criou, do Filho que nos
salvou e do Espírito que nos congrega no amor, esteja sempre no meio de nós. Todos:
Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
II.
Canto (pode ser recitado em
forma de salmo)
1. No meu coração sinto o
chamado/ fico inquieto: preciso responder/ então pergunto: “Mestre onde moras?”
/ e me responde que é preciso caminhar/ seguindo teus passos, fazendo a
história construindo o novo no meio do povo.
Refrão: Mestre, onde moras, Mestre, onde estás? /: No meio do
povo, vem e verás!
Refrão: Mestre, onde moras, Mestre, onde estás? /: No meio do
povo, vem e verás! 2.Te vejo em cada
rosto das pessoas,/ tua imagem que anima e faz viver./ No coração amigo e que
se doa,/ no sonho do Reino a acontecer./: Teu Reino é de justiça; é paz e
amor;/ é a Boa Nova da Libertação.
3. Tua Palavra abre novos
horizontes/ é convite de serviço aos irmãos/ a fé me dá coragem de assumir/ teu
projeto nesta vida, neste chão/ meu sim é a resposta, é meu jeito de amar/
estar com teu povo e contigo morar.
Refrão: Mestre, onde moras, Mestre, onde estás? /: No meio do
povo, vem e verás!
III.
A mensagem do Papa
Animador: Desde o primeiro Dia Mundial de Oração pelas Vocações,
que se realizou em 1964, todo ano o Papa publica uma mensagem que norteia os
momentos orantes deste dia.
Leitor 1: A Oração pelas Vocações é uma bela ocasião para
colocá-los diante da importância das vocações na vida e na missão da Igreja e
para intensificarmos nossas orações para seu crescimento em número e em
qualidade”.
Todos: Ajudai ò Senhor, a nossa comunidade a trabalhar e rezar mais
pelas vocações.
Leitor 2: O Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra
para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas
pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos,
correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões,
encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas
sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi,
pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9,
36-38).
Todos: Ajudai Senhor a nossa
comunidade a ser um ambiente propício para o surgimento de novas vocações.
Leitor 3: A arte de promover e cuidar das vocações encontra um
luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus
discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objecto particular
da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores
a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9).
Todos: Dai-nos Senhor, a
coragem de sermos discípulos e missionários do Vosso Filho.
Leitor 4: Para começar, vê-se claramente que o primeiro acto foi
a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração,
à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima
das coisas de todos os dias.
Todos: Daí Senhor, as nossas
comunidades catequistas imbuídos na edificação da fé de seu membros.
Leitor 5: A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no
diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à
vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus
vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas
comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos
vocacionais.
Todos: Daí Senhor, as nossas
comunidades catequistas imbuídos na edificação da fé de seu membros.
Leitor 6: O empenho na promoção e cuidado das vocações adquire
plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da
Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da
comunidade eclesial – a catequese, os encontros de formação, a oração
litúrgica, as peregrinações aos santuários – são uma ocasião preciosa para
suscitar no Povo de Deus, em particular nos mais pequenos e nos jovens, o
sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção
livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.
(breve silêncio)
IV.
Salmo 40
Animador: Com este salmo demos graças ao Senhor que nos chamou a
sermos instrumentos dele com Cristo para a Salvação do Mundo. Peçamos que
ele
venha em auxilio de nossa fraqueza e nos ajude na vivência de nossa vocação e
missão.
Todos o Refrão: Eis-me aqui Senhor,/ eis-me aqui Senhor,/ pra fazer
tua vontade, pra viver no teu amor. Pra fazer tua vontade, pra viver no teu
amor, eis-me aqui Senhor.
1. Esperei ansiosamente por
Javé : Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu grito . Fez -me subir da cova
fatal , do brejo lodoso; colocou meus pés sobre a rocha e firmou os meus passos
;
2. Ele pôs em minha boca um
cântico novo , um louvor ao nosso Deus . Vendo isso , muitos irão temer , e
confiarão em Javé .
1. Feliz é o homem que confia
em Javé ! Ele não se volta para os soberbos , nem para os seguidores da mentira
. Quantas maravilhas realizaste , Javé meu Deus ! Quantos projetos em nosso
favor ! Ninguém se compara a ti!
Quero anunciá -los, falar deles
, mas ultrapassam qualquer conta .
2. Não queres sacrifício ,
nem oferta , mas abriste os meus ouvidos . Tu não pedes holocausto pelo pecado
. Então eu digo : “Aqui estou para fazer a tua vontade ”. Meu Deus , eu quero
ter a tua lei dentro de minhas entranhas .
1. Anunciei a tua justiça na
grande assembléia e não fechei os meus lábios : Javé , tu o sabes . Não escondi
tua justiça dentro do coração , falei da tua fidelidade e da tua salvação ; não
ocultei teu amor e tua verdade diante da grande assembléia.
2. Quanto a ti, Javé , não
negues tua compaixão por mim; teu amor e tua verdade sempre irão me proteger .
Porque me rodeiam desgraças a não mais contar ; minhas culpas me atingem , e
não posso fugir ; são mais que os cabelos da minha cabeça , e o meu coração me
abandona .
1. Javé , vem libertar -me, por
favor ! Javé , vem depressa me socorrer ! Que fiquem envergonhados e
confundidos aqueles que buscam perder a minha vida ! Recuem e fiquem
envergonhados aqueles que tramam a minha desgraça ! Fiquem mudos de vergonha
aqueles que se riem de mim!
2. Exultem e alegrem -se
contigo , todos aqueles que te buscam ! Os que amam a tua salvação repitam
sempre : «Javé é grande !» Quanto a mim, sou pobre e indigente , mas o Senhor
cuida de mim. Tu és o meu auxílio e salvação . Meu Deus , não demores !
Glória ao Pai...
Todos o Refrão: Eis-me aqui Senhor,/ eis-me aqui Senhor,/ pra fazer
tua vontade, pra viver no teu amor. Pra fazer tua vontade, pra viver no teu
amor, eis-me aqui Senhor.
V.
Aclamação ao Evangelho
Refrão: Fala Senhor, fala da vida, só tu tens palavras eternas
queremos ouvir. (Bis)
VI. Evangelho
Mateus 28, 16 -20
VII.
Silêncio e Meditação
(É importante proporcionar
um instante de silêncio para ajudar na interiorização da Palavra e na reflexão
pessoal de cada um).
VIII.
Reflexão e partilha
O Senhor, no início da sua vida
pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago
da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,
19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam
o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra
e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra
de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste
mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e
ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este
mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).
A proposta, que Jesus faz às
pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar
na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes
a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do
Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se
morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade
fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a
de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce
desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal
distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer
como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).
Também hoje, o seguimento de
Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo
intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa
aprender a conformar a própria vontade à d’Ele.
IX.
Canto
1 - Tu te abeiraste da praia,
não buscaste nem sábios nem ricos. Somente queres que eu te siga.
REF: Senhor, tu me olhaste nos olhos, a
sorrir, pronunciaste meu nome, lá na praia, eu larguei o meu barco, junto a Ti
buscarei outro mar.
2 - Tu sabes bem que em meu
barco eu não tenho nem ouro nem prata, somente redes e o meu trabalho.
3 - Tu, minhas mãos solicitas,
meu cansaço que a outros descanse, amor que almeja seguir amando.
4 - Tu, pescador de outros
lagos, ânsia eterna de almas que esperam, bondoso amigo que assim me chamas.
REF: Senhor, tu me olhaste
nos olhos, a sorrir, pronunciaste meu nome, lá na praia, eu larguei o meu
barco, junto a Ti buscarei outro mar.
X.
Preces
Animador: Supliquemos irmãos
e irmãs a Trindade Santa que acolha as nossas intenções, anseios e pedidos.
Todos: Ajudai-nos Senhor a viver a nossa vocação a serviço da
Igreja-missão.
1. Para que todas as pessoas
que hoje se encontram em nossas comunidades, possam estar abertas a acolher o
chamado da Trindade que convoca constantemente. Rezemos.
Todos: Ajudai-nos Senhor
a viver a nossa vocação a serviço da Igreja-missão.
2. Para que todas as
comunidades, paróquias e dioceses assumam com responsabilidade o serviço
vocacional, tendo em vista que o mesmo é um dever de toda a Igreja. Rezemos.
3. Peçamos a graça de
compreender que, de um modo geral tudo é Divina Vocação no mundo: vocação à
vida, vocação à fé e vocação à santidade. Rezemos.
4. Para que se multiplique em
nossas comunidades pessoas que queiram contribuir por meio da oração e do
Serviço de Animação Vocacional. Rezemos.
5. Aos sacerdotes para que
sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros
irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos
de vocações sacerdotais. Rezemos
6. A capacidade de cultivar as
vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Ajudai-nos
Senhor nesse serviço em tua Igreja. Rezemos
TODOS: Pai Nosso…
XII.
Oração Final
Animador: Concluindo esta nossa celebração do Dia Mundial de
Oração pelas Vocações, e sabendo que o Concílio Vaticano II recordou,
explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a
comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente
cristã»
Rezemos juntos: Senhor da Messe e Pastor do Rebanho, faz ressoar em
nossos ouvidos teu forte e suave convite: "Vem e segue-me". Derrama
sobre nós o teu Espírito, que ele nos dê sabedoria para ver o caminho e
generosidade para seguir tua voz.
Senhor, que a Messe não se
perca por falta de Operários e Operárias. Desperta nossas comunidades para a
Missão. Ensina nossa vida a ser serviço. Fortalece os que querem dedicar-se ao
Reino, como cristãos leigos e leigas, consagrados e ministros ordenados.
Senhor, que o Rebanho não
pereça por falta de Pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres,
diáconos, consagrados, cristãos leigos e leigas. Dá perseverança a nossos
seminaristas e aos nossos vocacionados e vocacionadas. Desperta o coração de
nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja. Senhor da Messe e
Pastor do Rebanho, chama-nos para o serviço de teu povo. Maria, Mãe da Igreja,
modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder SIM. Amém.
XIII. Canto Final
REF.: Vai,
vai missionário do Senhor!/ Vai trabalhar na messe com ardor. / Cristo também
chegou para anunciar, / não tenhas medo de evangelizar. 1. Chegou à hora de
mostrarmos quem é Deus, / á América Latina/ e aos sofridos povos seus/ que
passam fome, / labutam e se condoem, mas acreditam na libertação. 2. Se és
cristão, és também comprometido. / Chamado foste tu/ e também foste escolhido /
pra construção do Reino do Senhor. / Vai, meu irmão, / sem reserva e sem temor.
II.- MENSAGEM DO PAPA
MENSAGEM DO PAPA PARA O 49º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO
PELAS VOCAÇÕES. 29.04. 2012
O 49º Dia Mundial
de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV domingo de Páscoa convida-nos a reflectir sobre o tema «As vocações, dom do amor de Deus».
A fonte de todo o dom perfeito é Deus, e Deus é Amor ;«quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus
nele» (1 Jo 4, 16). A Sagrada Escritura narra a história deste vínculo
primordial de Deus com a humanidade, que antecede a própria criação. Ao
escrever aos cristãos da cidade de Éfeso, São Paulo eleva um hino de gratidão e
louvor ao Pai pela infinita benevolência com que predispõe, ao longo dos
séculos, o cumprimento do seu desígnio universal de salvação, que é um desígnio
de amor. No Filho Jesus, Ele «escolheu-nos – afirma o Apóstolo – antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em caridade na sua
presença» (Ef 1, 4). Fomos
amados por Deus, ainda «antes» de
começarmos a existir! Movido exclusivamente pelo seu amor incondicional,
«criou-nos do nada» (cf. 2 Mac 7, 28) para nos conduzir à plena comunhão
consigo.
À vista da obra
realizada por Deus na sua providência, o salmista exclama maravilhado: «Quando
contemplo os céus, obra das vossas mãos, a Lua e as estrelas que Vós criastes,
que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos
preocupardes?» (Sal 8, 4-5). Assim, a verdade profunda da nossa
existência está contida neste mistério admirável: cada criatura, e
particularmente cada pessoa humana, é
fruto de um pensamento e de um acto de amor de Deus, amor imenso, fiel e eterno
(cf. Jer 31, 3). É a descoberta deste facto que muda, verdadeira e
profundamente, a nossa vida. Numa conhecida página das Confissões, Santo
Agostinho exprime, com grande intensidade, a sua descoberta de Deus, beleza
suprema e supremo amor, um Deus que sempre estivera com ele e ao qual,
finalmente, abria a mente e o coração para ser transformado: «Tarde Vos amei, ó
beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas
eu estava fora, e fora de mim Vos procurava; com o meu espírito deformado,
precipitava-me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não
estava convosco. Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria, se não
existisse em Vós. Chamastes-me, clamastes e rompestes a minha surdez.
Brilhastes, resplandecestes e dissipastes a minha cegueira. Exalastes sobre mim
o vosso perfume: aspirei-o profundamente, e agora suspiro por Vós. Saboreei-Vos
e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e agora desejo ardentemente a
vossa paz» (Confissões, X, 27-38). O santo de Hipona procura,
através destas imagens, descrever o mistério inefável do encontro com Deus, com
o seu amor que transforma a existência inteira.
Trata-se de um amor sem reservas que nos precede,
sustenta e chama ao longo do caminho da vida e que tem a sua raiz na gratuidade absoluta de Deus. O meu antecessor,
o Beato João Paulo II, afirmava – referindo-se ao ministério sacerdotal – que
cada «gesto ministerial, enquanto leva a amar e a servir a Igreja, impele a
amadurecer cada vez mais no amor e no serviço a Jesus Cristo Cabeça, Pastor e
Esposo da Igreja, um amor que se configura sempre como resposta ao amor prévio,
livre e gratuito de Deus em Cristo» (Exort. ap. Pastores dabo vobis, 25). De
facto, cada vocação específica nasce da
iniciativa de Deus, é dom do amor de Deus! É Ele que realiza o «primeiro
passo», e não o faz por uma particular bondade que teria vislumbrado em
nós, mas em virtude da presença do seu próprio amor «derramado nos nossos
corações pelo Espírito Santo» (Rm 5, 5).
Em todo o tempo, na origem do chamamento divino está a
iniciativa do amor infinito de Deus,
que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. «Com efeito – como escrevi na
minha primeira Encíclica, Deus caritas est – existe uma múltipla
visibilidade de Deus. Na história de amor que a Bíblia nos narra, Ele vem ao nosso encontro, procura
conquistar-nos – até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até às
aparições do Ressuscitado e às grandes obras pelas quais Ele, através da acção
dos Apóstolos, guiou o caminho da Igreja nascente. Também na sucessiva história
da Igreja, o Senhor não esteve ausente: incessantemente vem ao nosso encontro, através de pessoas nas quais Ele Se revela;
através da sua Palavra, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia» (n.º
17).
O amor de Deus
permanece para sempre; é fiel a si mesmo, à «promessa que jurou manter por mil
gerações» (Sal 105, 8). Por isso é
preciso anunciar de novo, especialmente às novas gerações, a beleza persuasiva
deste amor divino, que precede e acompanha: este amor é a mola secreta, a
causa que não falha, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
Amados irmãos e
irmãs, é a este amor que devemos abrir a nossa vida; cada dia, Jesus Cristo
chama-nos à perfeição do amor do Pai (cf. Mt 5, 48). Na realidade, a
medida alta da vida cristã consiste em amar «como» Deus; trata-se de um amor
que, no dom total de si, se manifesta fiel e fecundo. À prioresa do mosteiro de
Segóvia, que fizera saber a São João da Cruz a pena que sentia pela dramática
situação de suspensão em que ele então se encontrava, este santo responde
convidando-a a agir como Deus: «A única coisa que deve pensar é que tudo é
predisposto por Deus; e onde não há amor, semeie amor e recolherá amor» (Epistolário,
26).
Neste terreno de um coração em oblação, na abertura ao
amor de Deus e como fruto deste amor, nascem e crescem todas as vocações. E é bebendo nesta fonte durante a oração, através
duma familiaridade assídua com a Palavra e os Sacramentos, nomeadamente a
Eucaristia, que é possível viver o amor ao próximo, em cujo rosto se aprende a
vislumbrar o de Cristo Senhor (cf. Mt 25, 31-46). Para exprimir a
ligação indivisível entre estes «dois amores» – o amor a Deus e o amor ao
próximo – que brotam da mesma fonte divina e para ela se orientam, o Papa São
Gregório Magno usa o exemplo da plantinha: «No terreno do nosso coração, [Deus] plantou primeiro a raiz do amor a
Ele e depois, como ramagem, desenvolveu-se o amor fraterno» (Moralia in
Job, VII, 24, 28: PL 75, 780D).
Estas duas expressões do único amor divino devem ser
vividas, com particular vigor e pureza de coração, por aqueles que decidiram
empreender um caminho de discernimento vocacional em ordem ao ministério
sacerdotal e à vida consagrada; aquelas
constituem o seu elemento qualificante. De facto, o amor a Deus, do qual os
presbíteros e os religiosos se tornam imagens visíveis – embora sempre
imperfeitas –, é a causa da resposta à vocação de especial consagração ao
Senhor através da ordenação presbiteral ou da profissão dos conselhos
evangélicos. O vigor da resposta de São Pedro ao divino Mestre – «Tu sabes que
Te amo» (Jo 21, 15) – é o segredo duma existência doada e vivida em
plenitude e, por isso, repleta de profunda alegria.
A outra expressão
concreta do amor – o amor ao próximo, sobretudo às pessoas mais necessitadas e
atribuladas – é o impulso decisivo que faz do sacerdote e da pessoa consagrada
um gerador de comunhão entre as pessoas e um semeador de esperança. A relação
dos consagrados, especialmente do sacerdote, com a comunidade cristã é vital e
torna-se parte fundamental também do seu horizonte afectivo. A este propósito,
o Santo Cura d’Ars gostava de repetir: «O
padre não é padre para si mesmo; é-o para vós» [Le curé d’Ars. Sa pensée
– Son cœur ( ed. Foi Vivante - 1966), p. 100].
Venerados Irmãos
no episcopado, amados presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas,
catequistas, agentes pastorais e todos
vós que estais empenhados no campo da educação das novas gerações, exorto-vos, com
viva solicitude, a uma escuta atenta de quantos, no âmbito das comunidades
paroquiais, associações e movimentos, sentem manifestar-se os sinais duma
vocação para o sacerdócio ou para uma especial consagração. É importante que se
criem, na Igreja, as condições favoráveis para poderem desabrochar muitos
«sins», respostas generosas ao amoroso chamamento de Deus.
É tarefa da pastoral vocacional oferecer os pontos de
orientação para um percurso frutuoso. Elemento central há-de ser o amor à
Palavra de Deus, cultivando uma
familiaridade crescente com a Sagrada Escritura e uma oração pessoal e comunitária devota e constante, para ser capaz
de escutar o chamamento divino no meio de tantas vozes que inundam a vida
diária. Mas o «centro vital» de todo o
caminho vocacional seja sobretudo a Eucaristia: é aqui no sacrifício de
Cristo, expressão perfeita de amor, que o amor de Deus nos toca; e é aqui que
aprendemos incessantemente a viver a «medida alta» do amor de Deus. Palavra,
oração e Eucaristia constituem o tesouro precioso para se compreender a beleza
duma vida totalmente gasta pelo Reino.
Desejo que as Igrejas locais, nas suas várias
componentes, se tornem «lugar» de vigilante discernimento e de verificação
vocacional profunda, oferecendo aos jovens e às jovens um acompanhamento
espiritual sábio e vigoroso. Deste
modo, a própria comunidade cristã torna-se manifestação do amor de Deus, que
guarda em si mesma cada vocação. Tal dinâmica, que corresponde às exigências do
mandamento novo de Jesus, pode encontrar uma expressiva e singular realização nas famílias cristãs, cujo amor é
expressão do amor de Cristo, que Se entregou a Si mesmo pela sua Igreja (cf. Ef
5, 25). Nas famílias, «comunidades de vida e de amor» (Gaudium
et spes, 48), as novas gerações podem fazer uma experiência maravilhosa
do amor de oblação. De facto, as
famílias são não apenas o lugar privilegiado da formação humana e cristã, mas
podem constituir também «o primeiro e o melhor seminário da vocação à vida
consagrada pelo Reino de Deus» (Exort. ap. Familiaris consortio, 53), fazendo descobrir, mesmo no âmbito da
família, a beleza e a importância do sacerdócio e da vida consagrada. Que os
Pastores e todos os fiéis leigos colaborem entre si para que, na Igreja, se
multipliquem estas «casas e escolas de comunhão» a exemplo da Sagrada Família
de Nazaré, reflexo harmonioso na terra da vida da Santíssima Trindade.
Com estes votos,
concedo de todo o coração a Bênção Apostólica a vós, veneráveis Irmãos no
episcopado, aos sacerdotes, aos diáconos, aos religiosos, às religiosas e a
todos os fiéis leigos, especialmente aos jovens e às jovens que, de coração
dócil, se põem à escuta da voz de Deus, prontos a acolhê-la com uma adesão
generosa e fiel.
PAPA BENTO XVI
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