segunda-feira, 21 de junho de 2021

Homilia de S.E.R. Dom Inácio Lucas, na Festa dos 25 anos da Ordenação sacerdotal do Padre Daniel Alexandre Raúl e Padre Francisco Cunlela

 

Rev.do P. Francisco Cunlela e Rev.do P. Daniel Alexande Raúl

Caros sacerdotes; Irmãs e irmãos missionários

Dig.mo presidente do Municipio de Gurúè

Excelentíssimas autoridades e membros do governo do distrito de Gurúè

Caros fiéis e amigos

 

A narração da tempestade acalmada por intervenção de Jesus domina a liturgia da Palavra deste XII domingo do tempo comum. Enquanto Jesus dorme à popa, os discípulos estão com medo da tempestade. «Mestre, não te importas que pereçamos»? Os discípulos clamam e estranham a atitude de Jesus; os discípulos estão com medo de morte. O sono de Jesus é consequência de um dia de fadiga, mas também exprime a sua serena confiança ou fé em Deus. Ter Jesus na barca não significa estar certos de que tudo andará melhor, sem tempestade (aliás receber o baptismo, o matrimónio e outros sacramentos não vacina), mas significa estar convencido que tudo está andando para o melhor no meio da tempestade. Não se chega ao bom porto sem tempestade. Trata-se de perder pouco a pouco as tentações de ensinar a Deus o seu mistério ou de impô-lo modos de intervenção com os nossos esquemas. É preciso ter fé não só porque Deus «vigia», mas confiar também em Deus que «dorme».

Jesus enfrenta a força da tempestade do mar consciente da sua divina autoridade. Diz: «cala-te e está quieto». O mar é considerado como o recipiente das forças do mal, o lugar onde vivem as forças do demónio. O gesto de Jesus indica que a força de Deus é que manda o mar e expulsa as forças do inferno.

Ás vezes, as forças do mal impedem de todas as maneiras o anúncio e a difusão do evangelho. Mas, a evangelização é transportadora de uma força que, embora pareça fraca (sono de Jesus) pode ultrapassar todas as forças hostis. No fim não seja o caso em os discípulos estejam a dormir, enquanto Jesus está a vigiar e a lutar vitoriosamente.

A barca que atravessa o mar na tempestade é uma linda imagem da Igreja. A Igreja goza sempre da presença de Jesus, ainda que pareça que Ele está a dormir e, às vezes, ausente. Os discípulos sabem que Ele está com eles na barca. A Igreja no mundo está e estará sempre investida de ventos contrários, e sempre corre o perigo que as ondas do mar a encham de confusão, que as mentalidades e os costumes do mundo entrem nela para correr o mesmo perigo das ondas quer para quem está dentro como para quem esta fora (lutas e indirectas, calunias internas e externas).

Tu estás convencido de que Jesus não vê e não sente os ventos contrários à sua igreja? Te parece que não se importa da sorte da barca na qual Jesus está repousando? Jesus continua a ter confiança no Pai, que sabe e vê tudo e prove as necessidades de seus filhos com a sua força. Quando se abate a tempestade da prova, dor, mal, crise da fé, medo pelo presente ou pelo futuro, lembra-te do sono de Jesus na barca. Por favor, não acordá-lo, mas mete-te a repousar a seu lado com fé e confiança.

Concluo dando graças a Deus pelos nossos primeiros sacerdotes diocesanos, P. Daniel Alexandre Raul e P. Francisco Cunlela que completaram vinte e cinco anos de fidelidade à Igreja. Em nome dos fiéis católicos da nossa diocese e em meu nome próprio agradeço-vos todo o bem que fizestes à Igreja de Gurúè. Que Deus vos recompense hoje e sempre. Uma festa jubilar é sempre ocasião para olhar o passado, viver o presente e perspectivar o futuro. Durante os vinte e cinco anos de sacerdócio combateram o bom combate e guardaram a fé. Que esta etapa seja vivida para a renovação (interna) da nossa fraternidade sacerdotal e caridade pastoral. Que Maria, Mãe da Igreja interceda por nós, S. José seja nosso exemplo de humildade e Santo António, padroeiro na diocese, nos proteja hoje e sempre. Amén.

 

Comunicações de S.E.R. Dom Inácio no fim da celebração eucarística

ü  IV ANP – é para reflectir sobre a Igreja Católica em Moçambique: ontem, hoje e amanhã. 1ª fase na Diocese (comunidade, centro, paróquia e diocese); 2ª fase na província eclesiástica (Nampula, Pemba, Lichinga, Nacala e Gurúè); 3ª fase nacional (Nampula, assembleia nacional);

ü  Seminário de S. José de Invinha não tem padre para acompanhamento espiritual dos seminaristas. Rezei e conversei longamente com o P. Gonçalves Niviremo, até agora pároco de S. José de Lioma, para a partir de hoje assumir o serviço de director espiritual residente no Seminário.

ü  Para a paróquia de S. José de Lioma pedi obediência ao P. Agostinho Martinho Vasconcelos que, estando em Lioma irá acumular a cura da paróquia e serviços de director do secretariado de pastoral.

ü  Aos restantes padres diocesanos desejo-vos bom trabalho e peço as vossas orações. Cada um de vós há-de receber a obediência para novas responsabilidades na diocese e nas paróquias. As indiferenças são maus sinais e obstáculos que ofuscam e sujam dentro e fora a nossa diocese.

 

De vosso,

+ Inácio Lucas

Bispo de Gurúè

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