SEGUNDA-FEIRA - 5ª SEMANA DA QUARESMA - 8 ABRIL 2019
Primeira leitura: Daniel 13, 41c-62
O
episódio da jovem e bela Susana, assediada por dois anciãos de Israel, no tempo
do exílio em Babilónia, é uma história edificante colocada em apêndice ao livro
de Daniel. Encontramos aí o próprio profeta, como vidente muito jovem, que faz
ver a todos a inocência de Susana - cujo nome em hebraico significa
"lírio" - desmascarando a corrupção dos dois anciãos (vv. 42-59).
Neles são também acusados os chefes saduceus do século I a. c., aparentemente
irrepreensíveis, mas, na realidade, guias cegos que desviam o povo do bom
caminho.
Para
se manter fiel a Deus e ao marido, Susana enfrenta o perigo da lapidação, quer
ceda ao adultério, quer resista às torpes propostas dos anciãos e seja
caluniada (v. 22). Susana prefere morrer inocente a consentir no mal (v. 23).
Tendo posta a sua confiança nas mãos de Deus (v. 43), pôde verificar que Ele
escuta a voz dos seus fiéis (v. 44) e vem em seu auxílio com prontidão e força
(vv. 45-62).
Evangelho: João 8, 1-11
Cristo-Luz
(cf. v. 12) que inevitavelmente faz um juízo (v. 15), não segundo as aparências,
mas segundo a verdade mais profunda do coração de cada um.
O
enredo é muito simples: de madrugada (v. 2), depois de ter passado toda a noite
em oração no Monte das Oliveiras, Jesus é abordado pelos escribas e fariseus
que lhe apresentam uma mulher apanhada em adultério para que a julgue. Faziam
isto para armar uma cilada a Jesus (v. 6), obrigando-o dissimuladamente a
pronunciar-se contra a lei de Moisés, que em tal caso prevê a lapidação, ou
contra o direito romano, que desde 30 d. c., retirou ao sinédrio o “jus gladii”, reservando para si o poder
de pronunciar condenações à morte.
Todo
o texto converge para a pergunta: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te
condenou?» ... «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a
pecar». No deserto criado pelo pecado, irrompe a novidade: um rio de
misericórdia, que purifica e cura tudo à sua volta (Ap 21, 5), tornando nova
toda a criatura.
O
episódio edificante de Susana revela-nos que o recto juízo de Deus descobre e
condena, mais tarde ou mais cedo, a injustiça humana. A Palavra de Deus é como
uma lâmpada que se acende numa sala escura: os seus raios alargam-se
instantaneamente até aos cantos mais afastados e esquecidos.
Assim
sucedeu quando Jesus, Luz do mundo, se tornou presente no meio de nós. Não se
pode resistir-lhe: quem não acolhe a Palavra de Deus, a Luz de Cristo, é por
elas julgado. Elas revelam o que estava oculto e fazem brilhar a justiça.
A
Palavra de Deus perscruta o mais íntimo dos corações, revela as intenções mais
secretas, desmarcara as tramas da mentira. Então, revela-se claramente quem
confia unicamente em Deus, e apenas teme não corresponder à grandeza do seu
amor misericordioso. E também se revela quem, tendo a mente e o coração
mesquinhos, vai procurar furtivas satisfações, como se a felicidade fosse
incompatível com a fidelidade à verdade e ao Evangelho.
É a
própria vida que, momento a momento, realiza este discernimento. Feliz quem se
deixa penetrar pela Palavra de Deus como por um raio de luz, que separa no seu coração
o ouro das escórias. À luz da verdade poderá saborear a liberdade do abandono
filial nas mãos paternas de Deus, e nada nem ninguém poderá meter-lhe medo ou
induzi-lo em engano.
O
evangelho apresenta-nos um caso em que a lei pode escravizar. Os fariseus, mais
do que cumprir a lei, queriam ficar bem com a sociedade e, por isso, iam
sacrificar o futuro de uma pessoa humana. Jesus tem uma atitude totalmente
diferente. Coloca-se do lado da pecadora, carrega sobre Si o castigo, a pena e
o sofrimento pelo pecado. Por isso pode ser indulgente e oferecer o perdão de
Deus. Não se trata, pois, de uma indulgência fácil. Perdoa à adúltera e
recomenda-lhe que não volte a pecar, porque, na sua paixão, expia o pecado e dá
força aos pecadores arrependidos para caminharem no amor do Pai.
O
texto que escutamos, mostra-nos também a mansidão com que Jesus se aproxima da
sua paixão. Ela é um acto de misericórdia que agrada mais a Deus do que todos
os sacrifícios rituais oferecidos no templo de Jerusalém. A narrativa da
adúltera (Jo 8) dá-nos a medida da profundidade da misericórdia divina, se tal
se pode dizer de uma misericórdia infinita. Deus amou-nos até ao fim, enviando
o seu Filho para tomar sobre Si os nossos pecados, nos perdoar e nos dar uma
vida nova cheia de caridade, de alegria e de paz.
Fonte: Adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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