Reflexão orientada por D. Francisco Lerma,Gurúè 20.07.2010
RENOVAR-SE NO PRÓPRIO MINISTÉRIO
ENCONTRO DOS SACERDOTES DIOCESANOS COM O BISPO
INTRODUÇÃO
João Paulo II, dirigindo-se aos sacerdotes, diz que “os retiros, os dias de recolecção e de espiritualidade constituem ocasião para um crescimento espiritual e pastoral, para uma oração mais prolongada e calma, para um regresso às raízes do seu ser sacerdote, para reencontar vigor de motivações para a fidelidade e o impulso pastoral (Pastores dabo vobis, 80).
Antes de mais nada, convidamos a Cristo para nos acompanhar no caminho do nosso crescimento espiritual. Ele é a fonte, a cabeça, o esposo, o modelo da nossa vida e da nossa missão pastoral.
Abramos o nosso coração para escutar a sua Palavra com a que nos chama:
“Vós sois meus amigos” (Jo 15,14);
, “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9).
“Deixai tudo e segui-me (Cf.Mt 19,23-30)
“Que todos sejam um só para que o mundo creia” (Jo 17,21);
“Ide, pois, e fazei meus discípulos de todos os povos” (Mt 28,19-20);
“Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Como pastores, somos importante para Deus, para a Igreja e para as nossas comunidades.
Da nossa renovação dependem tantos frutos para a evangelização do nosso povo.
Para este fim, é necessário ajudar-nos entre nós nesta renovação da nossa vida e ministério, e ajudar os outros irmãos no sacerdócio. É preciso convertermo-nos em verdadeiros irmãos, amigos, colaboradores dos Bispos, sacerdotes e diáconos, do nosso presbitério diocesano e de toda a igreja.
Tantos meios temos ao nosso dispor: encontros diários de oração nas comunidades onde nos encontramos, dias de retiro mensal, o retiro anual, encontros de formação permanente, etc. Neste sentido devemos reforçar e revitalizar a nossa vida sacerdotal e apostólica.
Como ajudar-nos mutuamente no seguimento evangélico do Bom Pastor no presbitério diocesano, a nossa comunhão fraterna, o nosso ministério como servidores do povo de Deus.
Devemos melhorar a nossa vida, a qualidade da nossa vida sacerdotal e do nosso serviço às comunidades que nos foram entregues pelo Senhor.
Devemos estar unidos em comunhão de vida e de serviços, para nos ajudarmos a superar a solidão, o individualismo, as dificuldades pessoais, as discriminações e injustiças; para partilharmos experiências a apoiarmo-nos no ministério; para percorrermo-nos juntos um caminho de crescimento espiritual, segundo a nossa própria espiritualidade diocesana; a ajudarmo-nos como irmãos no sacerdócio.
O Concílio Vaticano II insiste em que os sacerdotes diocesanos fomentem a comunhão fraterna e se ajudem na própria santificação como pastores (PO, 8).
Devemos, pois promover a união e comunhão entre nós; que esta união seja apostólica, isto é, vivermo-nos como os apóstolos, enraizada em Cristo e consagrada à evangelização. E que seja de todos os diocesanos, bispo, presbíteros e diáconos.
Devemo-nos comprometer a ajudarmo-nos mutuamente para atingir a plenitude de vida segundo o Espírito, mediante o exercício do nosso ministério. A nota característica deve ser privilegiar a fraternidade sacerdotal que tem origem no sacramento da Ordem que todos recebemos. Tal fraternidade deve ter como objectivo primordial uma vida de comunhão inspirada no modelo dos apóstolos com Cristo, fundamentada na Trindade e testemunhada no serviço pastoral.
Devemos ajudarmo-nos a viver em comunhão fraterna a nossa própria espiritualidade de clero diocesano e a crescermo-nos na dimensão humana, espiritual, intelectual e pastoral, para sermos pastores santos como Ele é santo.
Interroguemo-nos sobre a nossa realidade:
Que fazemos actualmente (que meios/instrumentos usamos) para resolvermo-nos os nossos problemas e dificuldades e crescer como sacerdotes bons segundo o coração de Cristo, bom pastor?
II.- SEGUIMENTO EVANGÉLICO DO BOM PASTOR
A gente se pergunta que somos os sacerdotes, o que nos propomos, qual é a nossa missão.
Até nós próprios nos esforçamo-nos por compreender melhor qual é a nossa identidade, qual é o nosso caminho, o nosso estilo de vida, quais são os serviços que devemos oferecer às comunidades. De facto, temos necessidade de ajudarmo-nos e de ajudar. Estando unidos poderemos ajudar-nos mutuamente a viver segundo a nossa identidade de sacerdotes e pastores do povo de Deus, dando-nos as mãos para vivermo-nos e crescermo-nos com Cristo, como Ele e por Ele.
1.Como os Apóstolos com Jesus
Como aos Apóstolos Cristo pede-nos amá-lo mais do que os demais e cumprir com alegria e fidelidade a missão de apascentar o seu rebanho com Ele, como Ele e por Ele:
“Jesus Perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes? Pedro respondeu-lhe: Sim, Senhor, Tu sabes que sou deveras teu amigo. Jesus disse-lhe:“Apascentas as minhas ovelhas”. (Jo 21,15-17).
Jesus continua pedindo-nos “deixá-lo tudo e segui-lo, ser um só e de dar a vida para darmo-nos fruto abundante que permaneça:
“Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas”(Jo 10,11; cfr vv. 7-18).
“Não fostes vós que me scolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça” (Jo 15,16).
“Que todos sejam um só. Como Tu, Pai, estás em m im e Eu em Ti; para que assim eles estejam em nón e o mundo creia que Tu me enviastes (Jo17,21).
O “seguimento de Cristo” é um caminho decisivo de crescimento para nós pastores da Igreja: imitar Jesus Cristo pobre, casto e humilde, assumir os seus sentimentos, encher-se da sua caridade pastoral, faz-nos crescer continuamente na união íntima com Deus, aperfeiçoa-nos na caridade e configura-nos com Cristo.
Além disso, torna-nos livres e eficazes como sinais, ministros e servidores do Senhor na comunidade. Ele, que se fez servo de todos, é a nossa fonte e o nosso modelo permanente. Santificar-nos no seguimento e na configuração pessoal com Cristo, Cabeça, Pastor, Servo e Esposo do seu povo é o fundamento da nossa espiritualidade de sacerdotes diocesanos.
Como os Apóstolos com Jesus, podemos ajudarmo-nos e ajudar, colaborando com a acção do Espírito Santo, no seguimento de Cristo, segundo a graça recebida no Sacramento da Ordem e na missão que nos foi confiada na Igreja.
Podemos ajudarmo-nos nas circunstâncias concretas em que vivemos e conforme a espiritualidade diocesana, com um seguimento radical, encarnado, inserido no meio do povo, humildes e servos, para sermos sinais do Bom Pastor no meio das comunidades desta Igreja local que nos foram confiadas.
2. Ajudar-nos e ajudar no seguimento de Cristo
Jesus pede-nos aos pastores:
· Viver dele, viver a sua vida; viver em profunda amizade e compromisso.
· Viver como Ele na caridade pastoral, na pobreza e simplicidade evangélica, a castidade pelo Reino e a obediência ao Pai.
· Viver configurados progressivamente com Cristo Pastor, guia e servo humilde do seu povo.
Todo o seguimento de Cristo deve ser feito com generosidade evangélica, segundo a nossa identidade e em conformidade com a realidade da nossa Igreja local.
Eis algumas aplicações práticas:
· Ajudar-nos a viver a radicalidade evangélica, como Jesus propõe no sermão da montanha.
· Esforçar-nos por viver o Evangelho, nós próprios em primeiro lugar, para, depois, podermos transmiti-lo adequadamente às nossas comunidades: Para este fim nos deixaremos modelar pela Palavra, celebrando cada dia a Liturgia das Horas (quando possível comunitariamente) e dedicando um tempo à meditação.
· Considerar a celebração da Eucaristia o centro da nossa vida. Na celebração diária encontraremos a raiz, a razão de ser, a força e o alimento da nossa vida pastoral.
· Fazer uma caminhada de conversão pessoal permanente, examinado frequentemente a própria consciência e celebrando o sacramento da reconciliação.
3. Interroguemo-nos para a meditação
É necessário ter coragem e lealdade para olharmo-nos interiormente.
Com quê espírito de ânimo começo este encontro?
Há em mi qualquer parede, muro interior… que me impede entrar com serenidade e alegria interior?
Como fazer para superar esta incomodidade, esta dificuldade inicial?
Ou tal vez há a desconfiança de sempre e penso que este encontro será como todos os outros que já fiz? Como fazer para sair deste nevoeiro que obscurece a visão do espírito e torna pesado o ambiente interior?
Ou tal vez temos o receio de empenharmo-nos demasiado?
É suficiente ficarmos como estamos agora mesmo?
Temos medo do esforço, da mudança, da novidade…?
Estamos cansados de pensar em coisas fundamentais? Ou talvez nos alegramos de esta oportunidade para podermos dar mais tempo ao dialogo interior, a estarmos a sós com nós mesmos e com Deus, e conversarmos de coração a coração com Ele?
Há qualquer coisa que me mantenha a distância dele?
Começamos desde já a dar-nos conta de que talvez vez tenhamos que rever algumas atitudes?
A nossa oração inicial está composta por una pergunta dupla, a pergunta do Mestre e a pergunta do discípulo: “38Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi - que quer dizer Mestre - onde moras?» (Jo 1,38); e a disposiçâo do jovem Samuel: “10Veio o SENHOR, pôs-se junto dele e chamou-o, como das outras vezes: «Samuel! Samuel!» E Samuel respondeu: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» (1 Sam 3,10).
Os sentimentos que nos devem acompanhar nestes momentos, são os seguintes: disponibilidade para deixarmo-nos conduzir e surpreender por Deus; coragem para continuar pelo caminho começado; e total liberalidade de coração e vontade.
Sem comentários:
Enviar um comentário