segunda-feira, 3 de junho de 2013

EMIGRANTES, REFUGIADOS E TURISTAS

Estrada Nacional Nº !, em Napevo, atravessa a Diocese de Gurúè

A  Diocese de Gurúè, representada pelo Pe. Francisco Cunlela e pela Irmã Regina Alfredo Benjamim, está  a participar no Encontro da Comissão Episcopal para Emigrantes e Refugiados (CEMIRDE) que decorre no Centro de Formação de Nazaré, na Beira, de 3 a 6 de Junho de 2013.

Eis o teor do Relatório que a nossa Diocese preparou para o referido encontro nacional:

1. Emigrantes
A Diocese de Gurúè tem duas vias de entradas e saídas dos emigrantes. Pois ela, ao Norte, é atravessada pela Estrada Nacional Nº 1, desde o rio Ligonha, no limite com a Província de Nampula, passando pelos Distritos de Alto Molócue e de ILe, até ao Distrito de Mucuba, já na Província e Diocese de Quelimane. Esta via é potencialmente emigratória, é considerada corredor para o transportes de seres humanos para os Países limítrofes com Moçambique.
Estrada Nacional Nº 1, atravessando o território da Diocese de Gurúè, usada como "Corredor de emigrantes".

Foi precisamente durante a Visita Pastoral de 2011, e também posteriormente, que tivemos conhecimento de episódios tristes e trágicos de pessoas  de origem estrangeira encontradas nas matas no território acima referido. Algumas até chegaram a morrer nos contentores dos camiões em que viajavam. Na altura estes acontecimentos até foram noticiados pelos meios de comunicação social.

Uma outra via de entrada de emigrantes na nossa Diocese é a via de Milange a Molumbo. Trata-se de cidadãos Malawianos que entram e saem do País a procura de melhores condições de vida em Moçambique.

Ainda não temos estudos plausíveis sobre estes fenômenos e até à data não foram quantificados, pois nunca lhe prestamos a devida atenção, por considerá-los episódios esporádicos. Porém, a partir de este Encontro esperamos organizar este sector da nossa pastoral, colhendo a experiência das outras Dioceses de tal maneira que nos possa orientar e iluminar a nossa situação e actuação nesta área tão importante para a defesa dos Direitos Humanos e da Vida.

2. Turismo
A Diocese de Gurúè é potencialmente zona turística, por diversas razões geográficas, beleza natural e história.
Ele é banhada pelo Oceano Índico, nas belas praias de Naburi, Mualama e Pebane.
Confinando com esta área, encontra-se a Reserva de Gilé.

O palmar  à entrada da vila de Pebane
Outra realidade, única em Moçambique, são as vastas áreas das plantações de chá, que cobrem com um imenso tapete verde o território, planícies e montanhas à volta da cidade do Gurúè. Nas montanhas que circundam a cidade encontram-se lugares extraordinários pela sua beleza como são as inumeráveis cascatas de água, a gruta da "Santinha" e a famosa "Casa dos Noivos".

Cascatas das montanhas de Gurúè
Por falarmos das  montanhas, não gostaríamos de esquecer o Monte Namuli, mítico e histórico para os Povos da grande área cultural Lómwe-Makwa. Uma zona bela coberta por várias colinas e rios que dão um lindo espectáculo natural. Nestas montanhas nascem os rios Malema e Licungo. O Monte Namuli dista da cidade de Gurúè 45 Kms.
O mítico Monte Namuli

Apesar destas potencialidades turísticas -praias, reserva, montanhas e rios- ainda não há investimentos para a atracção turística. Existe, sim, turistas esporádicos que depois das suas visitas clamam: porque não se investe nestas zonas?
O verde tapete das plantações de chá do Gurúè

Nós, como Diocese, gostaríamos  investir neste sector, especialmente na zona do Monte Namuli, onde criamos recentemente a Capelania de S. Kizito, com seis Zonas Pastorais e 30 comunidades cristãs. Poderíamos acolher os turistas nacionais e estrangeiros que por aqui sempre aparecem sem nenhum apoio nem ponto de referimento. A nossa limitação sempre são a falta de um financiamento capaz de apoiar as iniciativas locais e enfrentarmos esta realidade humana e social

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